O GALE - Missões, Organização, Aeronaves

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JNSA

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O GALE - Missões, Organização, Aeronaves
« em: Maio 13, 2004, 10:05:01 pm »
Tendo em conta a actual indeterminação quanto à constituição do GALE, sobretudo ao nível de aeronaves a utilizar/adquirir, acho que já era altura de termos aqui um tópico à parte para cada um expôr as suas opiniões em relação a esta unidade do exército.

Que missões acham que o GALE deveria ser capaz de executar :?:  E que aeronaves deveria ter (não esquecendo nunca que os fundos são limitados e que deve haver idealmente alguma logística em comum com as aeronaves da FAP e Marinha) :?:

Abraços
JNSA
 

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Spectral

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« Responder #1 em: Maio 14, 2004, 08:18:49 pm »
Aqui há pano para mangas  :wink: ), organizado em esquadrões de 6/8 helis ( um destes esquadrões faria o reconhecimento para uma brigada, o outro faria MEDEVAC, etc)

Os helis médios de transporte seriam os Nh-90, mas 10 é realmente pouco. 20 seria um número mais adequado. Como cada NH-90 pode transportar até 20 homens, uns 8 seriam perfeitamente capazes de transportar uma companhia. Assim 2 ou 3 esquadrões de 8 seria uma organização razoável (um regimento de helis médios)

Helis de ataque: para mim os concorrentes mais fortes seriam o Super Cobra, o A129 International (deve ser o mais barato, portanto apostaria neste) ou o Tiger. Em vez de a FAP adquirir os helis de ataque, eles viriam para aqui para o Exército. A guerra no Iraque provou claramente que o papel dos helis de ataque é a fazer CAS junto às tropas amigas. Lembro-me que o número proposto andava pelos 15-16 ( alguém confirma? )

Não faria sentido a aquisição de Chinooks com uma quantidade total tão pequena de helis, além de que haverá sempre alguns Merlin da FAP para transporte de tropas.

Bem, seria um aumento de capacidades bastante grande. Todos os pontos que mencionei parecem ter sido previstos numa altura ou outra. Talvez ficasse um pouco fora do orçamento, mas aí seria uma questão de cortar no números ( por exemplo, o esquadrão base passar de 8 para 6 helis).

E agora, venham os vossos comentários  :wink:

Cumptos
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R.P. Feynman
 

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Ricardo Nunes

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(sem assunto)
« Responder #2 em: Maio 14, 2004, 10:04:05 pm »
Baseando-me um pouco na análise aqui feita pelo Spectral considero, tal como ele, que o GALE deverá possuir uma estrutura independente nem que seja pelo facto de ser uma arma inovadora no exército e com uma função bastante divergente de qualquer outra unidade.

Tal como o Spectral, penso que todo o treino elementar e báscio de pilotagem deverá ser efectuado na Força Aérea ( TB-30 - curso PIL ) tal como a adaptação incial a aeronaves de rotores - a ser dada nos "futuros" EC-120. Sendo assim restaria ao GALE a necessidade de se equipar apenas com o equipamento necessário de uma certa missão operacional.
Primeiro que tudo é preciso esclarecer quais são as necessidades e requesitos do exército. É sabido que o exército pretende possuir a capacidade de transporte de uma companhia ( +-125 homens ). Para esta função 10 NH-90 são  suficientes. Obviamente não nos podemos basear neste permissa visto que, se mais fundos houvessem disponíveis, estou certo que os requesitos do exército também seriam bastante mais "gananciosos".
Vou-me singir então a uma análise hipotética, sem contudo esquecer aquilo que seria mais plausível e lógico num país como Portugal - escasso em recursos.

Parece-me óbvio, e todos os sabem, que existem 3 tipos de requesitos essenciais. Estes são:
- Capacidade de reconhecimento e de apoio ligeiro.
- Transporte aéreo táctico ou de apoio a operações especiais.
- Capacidade de luta anti-tanque e de ataque.

A minha visão, extremamente pessoal devo confessar, baseia-se na aquisição de 1 tipo de aeronave de rotores para a função de reconhecimento e apoio ligeiro ( já prevista na LPM, os cancelados EC-635 ). O meu favoritismo vai para o A-109 em configuração semelhante à usada no exército belga. De fácil manutenção, baixo custo e com uma boa capacidade de apoio a tropas ( incluindo mísseis anti-tanque ) o A-109 tem outra vantagem face a outros concorrentes mais óbvios ( como sejam o EC-635 ou mesmo o OH-58 Kiowa ) - uma capacidade de transporte de tropas razoável que, num exército que não tem dinheiro para grandes e diferentes frotas, é uma mais valia pois permitiria a insercção de elementos considerados especiais ou de ellite. As 9  aeronaves consideradas são suficientes.

Para a capacidade de transporte táctico considero o NH-90 ideal. Talvez não tão boa plataforma para SAR e CSAR, mas isso é algo de irrevelante visto que a FAP cobre essa área de operação com os novíssimos EH-101. O número de 10 pode ser contestado, contudo, e como já referi, cumpre os requesitos que o exército propôs. Mesmo assim e considerando eu o número de aeronaves arriscadamente curto, pois poderão ocorrer uma série de acontecimentos que impossibilitarão o uso das aeronaves em simultâneo, apostaria numa frota de 14 aeronaves. Estou ciente que tal, com os fundos previstos, não é possível.

Em relação aos helis de ataque. É algo referido em inúmeros livros brancos da defesa e embora não seja vísivel no horizonte a sua compra é claro o interesse das forças armadas em tal capacidade. Prevejo que eventualmente seja adquiridos para colmatar a lacuna existente entre a utilização do heli de apoio ligeiro e dos F-16 para CAS. Deixando de parte as rivalidades entre Força Aérea e Exército nesta questão face a quem deveria utilizar tal plataforma ( devo confessar que mesmo sendo um "homem do ar" ferrenho, defendo o uso de tal plataforma no GALE ) , penso que a escolha ideal deveria ser ou o AH-1Z ou o Tiger, versão de apoio geral. Confesso que me encontro um pouco divido. O AH-1Z tem provas dadas, e o update para a versão Z parece-me muito apelador. A juntar a isto é bem mais barato do que o Tiger. O Tiger por seu lado é mesmo assim mais moderno do que o AH-1Z e parece-me uma plataforma bastante "estável". Irei optar, sem clarezas, pelo Tiger. 12 aeronaves seriam as suficientes, ou melhor dizendo, as possíveis para o GALE.

Acabando esta breve "análise" sobre a operação de helis pelo GALE venho aqui defender a operação de aeronaves de asa fixa também. Mais concretamente de UAV´s.  Um misto de UAV´s ligeiros com uma vertente bastante táctica reduzida, e UAV´s, também num âmbito táctico mas mais alargado.
Isto é, os primeiros seriam aeronaves mais pequenas, transportáveis por pequenas unidades independentes de apoio e relativamente fáceis de operar. Em termos de modelos defendo o SkyGuardian. Os projectos nacionais deverão ser defendidos.
Em relação ao segundo requesito seria necessário uma maior aeronave, com maior alcance e melhores desempenhos. Inclinaria-me para o Predator não só porque é única alternativa no mercado vivável mas porque também é o único que pode eventualmente ser armado, o que traduz um enorme acréscimo de capacidade.
Embora incapaz de adiantar o número realista de SkyGuardians que deveriam ser utilizados devo dizer que penso que, nume primeira fase, 6  predators seria o suficiente para o exército.  Estes teriam de vir obrigatoriamente, na minha opinião, com a capacidade e software de lançamento do missil hellfire.

Não vos chateio mais, já escrevi demasiado.   :wink:

Cumprimentos,
Ricardo Nunes
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Lynx

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Lynx
« Responder #3 em: Junho 02, 2004, 07:06:37 pm »
Esta é a minha participação por isso desculpem lá algum erro que eu cometa  :D  :D  :D
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #4 em: Junho 02, 2004, 07:17:30 pm »
Seja bem vindo ao fórum defesa Lynx.

De facto, na altura, falou-se de tal coisa. O objectivo seria operar os 40 F-16s MLU, uma frota de helis de ataque ( que substituiria o Alpha-Jet na função de ataque ao solo e complementaria o F-16 ), deixando assim todos os Alpha-Jet disponíveis para instrução na esquadra 103 Caracois.
Pelo que sei, por agora, não passa disso. Planos.

Quanto à questão dos Lynx, como já tive oportunidade de aqui referir em diversos topic´s, não concordo consigo. ;)
Considero o Lynx um heli demasiado antigo, plataforma antiquada e muito mais despendioso do que os concorrentes mais próximos. Penso que, para os requesitos do GALE, existem plataformas mais eficientes.
Ricardo Nunes
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JNSA

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« Responder #5 em: Junho 02, 2004, 07:49:41 pm »
Antes do mais, bem vindo Linx.  :oops: ). Assim, se em vez de ter o NH-90 como héli de transporte, o escolhido fosse o EH101, faria todo o sentido ter um héli mais ligeiro, para comando e controlo das forças empenhadas, MEDEVAC, apoio de fogo e reconhecimento (visto que os hélis ligeiros que estão na calha - os Colibri - são tudo menos adequados para esta missão...).

Aí sim, o Linx poderia ser uma escolha muito boa, de forma semelhante à estrutura das forças inglesas.

Quanto ao facto do Linx ser antiquado e desactualizado, discordo contigo (em parte, porque como é lógico, reconheço que é um héli muito mais velho do que o NH-90...). Basta ver as versões mais recentes do Super Linx 3000 para ver que continua a ser extremamente capaz...
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #6 em: Junho 02, 2004, 08:47:13 pm »
Citar
Quanto ao facto do Linx ser antiquado e desactualizado, discordo contigo (em parte, porque como é lógico, reconheço que é um héli muito mais velho do que o NH-90...). Basta ver as versões mais recentes do Super Linx 3000 para ver que continua a ser extremamente capaz...


João, ninguém está a discutir as capacidades do Lynx. Concordo contigo quando dizes que é um heli muito capaz. Sem dúvida. Mas face à estrutura presente do GALE existem escolhas muito melhores e lógicas face ao requerimento de heli ligeiro.  :wink:
Ricardo Nunes
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JNSA

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« Responder #7 em: Junho 02, 2004, 09:08:07 pm »
Citar
Mas face à estrutura presente do GALE existem escolhas muito melhores e lógicas face ao requerimento de heli ligeiro.


Foi exactamente o que eu disse na primeira parte do meu post  :wink:
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #8 em: Junho 02, 2004, 09:10:07 pm »
Isto é da cachaça.  :twisted:
Ricardo Nunes
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JNSA

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« Responder #9 em: Junho 02, 2004, 09:14:02 pm »
Citar
Isto é da cachaça.  


Troca isso por uma boa aguardente velha... O produto nacional é que é bom  :lol:

(bem, vamos lá ver se não levamos este tópico para maus caminhos  :wink: )
 

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Fábio G.

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« Responder #10 em: Junho 02, 2004, 10:12:59 pm »
Primeiro seja bem-vindo Lynx.

Eu estou de acordo com o JNSA, também discordo da opção dos Lynx , por achar desnecessária a sua compra para o GALE seria um gasto desnecessário para o curto orçamento do GALE, penso que o GALE deveria apenas ter hélis ligeiros (o EC-635 teria sido uma boa opção na sua versão militar), médios (NH-90TTH) e de ataque (um destes AH-1, AH-64, Tiger, A-129). Tenho duvidas que o EC-120 seja escolhido depois do que aconteceu com a Eurocopter por causa dos EC-635.
 

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Rui Elias

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« Responder #11 em: Junho 07, 2004, 03:24:05 pm »
Já noutros locais escrevi sobre o dispositivo que preconizo.

Mas em resumo, acho que o GALE deveria ter um mínimo de 12 nh-90 ou equiparados para rotação rápida de tropas no terreno, e transporte táctico, e Chinook's  em quantidade de 5 para transporte de viaturas táticas e peças de artilharia, para além da sua capacidade de transportar mais homens.

Para ataque, uma força de 15 a 20 linyx, beneficiando da manutenção conjunta com os que estão afectos à Marinha.

Os recursos humanos deveriam, ser de pelo menos 5 companhias, assistidas por camiões de transporte, viaturas blindadas de transporte (15) com lagartas e em articulação com o Exército regular, o apoio de peças de artilharia auto-motorizada.
 

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JLRC

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« Responder #12 em: Junho 23, 2004, 02:12:53 am »
Citação de: "Fábio G."
Primeiro seja bem-vindo Lynx.

Eu estou de acordo com o JNSA, também discordo da opção dos Lynx , por achar desnecessária a sua compra para o GALE seria um gasto desnecessário para o curto orçamento do GALE, penso que o GALE deveria apenas ter hélis ligeiros (o EC-635 teria sido uma boa opção na sua versão militar), médios (NH-90TTH) e de ataque (um destes AH-1, AH-64, Tiger, A-129). Tenho duvidas que o EC-120 seja escolhido depois do que aconteceu com a Eurocopter por causa dos EC-635.


Eu estou de acordo consigo, no entanto penso que deveriamos reflectir quanto à utilização dos helis. Já todos sabemos que os helis vão ser também usados no LPD ou NPL, pelo que deverão ser navalizados. Quanto aos NH-90 e EH-101 esse problema não se põe, mas se optássemos por um LHA ou porta-helicópteros de assalto, então os helis de assalto teriam de ser também navalizados e aqui só vejo duas opções, o Apache inglês (com os mesmos motores do EH-101 e a minha escolha) ou o Cobra, o AH-1Z.
Cumprimentos
JLRC
 

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Spectral

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« Responder #13 em: Junho 23, 2004, 09:13:49 am »
Acho que os Tiger australianos também são navalizados. Além que vão usar o míssil Hellfire, enquanto que as outras versões do Tiger parecem condenadas a usar o já antiquado HOT-3.

Seria uma opção a ter em conta, tal como o A-129 International ( que acho que também pode ser navalizado).
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R.P. Feynman
 

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NVF

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« Responder #14 em: Junho 23, 2004, 09:56:41 am »
Quanto a mim é um erro adquirir os NH90, a partir do momento em que a FAP adquiriu os EH101. Isto porque não me parecem aeronaves muito diferentes: enquanto o NH90 é obviamente o sucessor do Puma, na mesma classe, o EH101 é maior e mais capaz (daí a escolha da FAP), mas não está na classe dos Chinook ou dos Stallion.

Assim, penso que faz mais sentido a FAP adquirir exemplares extra de EH101, ou o Exército adquirir os seus próprios exemplares (10/12) e ambos os ramos manterem-nos e operarem-nos em conjunto.

A única situação em que faria sentido adquirir NH90 para o GALE seria se a Marinha fizesse o mesmo, para equipar as suas fragatas. Mas como este ramo parece continuar a apostar nos Lynx...

Quanto ao treino das tripulações, penso que deve continuar como está. Mas se por qualquer milagre evoluíssemos para um GALE a sério (em termos de dimensões, claro), penso que fazia sentido o Exército adoptar um esquema de treino análogo ao dos outros exércitos modernos.
Talent de ne rien faire