Sim, e isso é suposto acontecer.
A questão é que para conseguirmos um Agrupamento Mecanizado, precisamos de 2 Brigadas a fornecer os meios, e dessas Brigadas, 1 apenas consegue fornecer um tipo de meio (Leopard) e mais nada. Uma Brigada "inteira" só para isto é um desperdício. Porquê? Porque se perde tempo a formar condutores e comandantes de viaturas para M-113 (obsoletas), quando dava muito mais jeito tê-los para reforçar as tripulações de Leopards e/ou de um IFV moderno.
O facto de se insistir num modelo de 3 Brigadas leva a um desperdício de recursos, para se conseguir "manter escola" numa brigada que nunca sofrerá uma modernização digna, e que terá militares que nunca serão empregues num Agrupamento Mecanizado, pela obsolescência dos meios que usam.
Ouviu-se muitas vezes a desculpa "para quê adquirir mais Leopard, se não temos tripulações para o número actual".
-Teríamos tripulações, se não tivéssemos que guarnecer uma frota de M-113 (e não só) para tentar justificar a existência desta Brigada.
Para se ter noção, uma componente de lagartas com 42 Leopard e 42 Bradley, necessitaria de 294 militares. Com o mesmo número de militares (ignorando postos e especialidades, apenas para o argumento), dava para operar 34 Leopard e 79 M-113 APC (menos, se incluirmos alguns com TOW, algo que muitos dos Bradley possuem de origem).
Uma destas duas opções é claramente superior à outra, e muito mais útil para integrar Agrupamentos Mecanizados. O número 42 não é acidental. É o necessário para que houvessem Leopard e Bradley suficientes, para integrar um total de 3 agrupamentos distintos (14 Bradley e 14 Leopard para cada um).
Se em vez de ter uma Brigada Mecanizada, tivéssemos sim uma Componente de Lagartas sediada no CMSM, e que as necessidades desta componente se centrassem na sua participação no Agrupamento Mecanizado, era muito mais fácil uma renovação dos meios, dado que o nº de veículos a adquirir seria muito mais reduzido quando comparado com uma renovação da BrigMec.
Havendo toda a questão dos restantes veículos, M577 (comando e ambulância), PM, recuperação, lança-pontes, os M548 e os M-109, é debatível a necessidade de adquirir um meio de lagartas para substituir alguns destes, sabendo que num Agrupamento Mecanizado, certas funções estariam a cargo de Pandur dedicadas.
Daria prioridade era à substituição dos veículos de recuperação e lança-pontes, por WiSENT 2 nas 4 variantes, todas elas com representação em cada Agrupamento Mecanizado.
Também optava por substituir os M109 e M548, por um MLRS + veículo municiador. É mais um caso em que, enquanto o M109A5 precisa de 6 militares para operar, e o M548 outros 4, cada HIMARS/M270, precisa de 3 e outros tantos para o municiador. Um melhor aproveitamento do pessoal existente, permite muito mais capacidades. No papel de sistema AP de 155mm, teríamos um veículo de rodas, como o CAESAR.
Concluindo:
O Agrupamento Mecanizado não deveria ser visto como "aquela coisa que tentas aprontar para a NATO", mas sim o plano central da organização da componente operacional para forças médias/pesadas. Tanto a nível da orientação do pessoal, como das necessidades de meios e capacidades a adquirir.
-É mais fácil ter este esqueleto do AgrMec, e começar a construir por aí, a pensar logo no número de Leopards, de Bradleys, e de Pandur nas várias versões, que seriam necessários por cada AgrMec, e consequentemente para formar 3 AgrMec.
-Teríamos uma Brigada Mista, capaz de edificar 3 AgrMec.
-Estes AgrMec teriam capacidade de expansão e modificações caso o TO assim exija. Qualquer expansão do EP (fruto de mobilização), veria a criação de mais agrupamentos com a mesma ideia em mente.
-O actual AgrMec é algo limitado ainda, faltando acrescentar algumas coisas, mas a ideia mantém-se.
Ou então, não se faz nada, e fica tudo na mesma, e continuam com o sonho de uma mega BrigMec.