De um grupo de WhatsApp
Para o 🤡, 🐷, e para a 🐄
Excelente texto de QUEM SABE O QUE DIZ:
Ontem morreu um camarada. Amanhã, gritaremos nas paradas: Presente!
Hoje o dia segue sereno e frio e amanhã já não se fala do assunto.
Toda a gente falou. Bombeiros, PR, comentadores, PM, MDN, jornalistas. Todos menos os militares.
Dos que são mandados e dos que mandam. Dos que chefiam. Dos que tem responsabilidades.
Estavam ainda a sentar-se e azar, ó pá, então estes gajos vão morrer logo hoje, que burros!
Deixa-me estar caladinho a ver se ninguém me vê… manda aí um comunicado para os jornalistas a dizer coisas que já toda a gente sabe e os bombeiros e os gajos do INEM e os velhos que falem!
E se alguém os chamou à atenção para mais um erro de comunicação, se se chamou, porque isto agora, a malta já nem chama a atenção para nada, que eles é que sabem sempre tudo…:
” Os bombeiros?" Sim pá, daqueles que foram medalhados por salvarem um cão na Turquia… Depois a senhora ministra logo fala e explica.
Amanhã não se fala mais nisto porque o camarada não recebeu meio milhão de euros nem tinha sido medalhado pelo PR. Era um simples sargento que morreu em missão, a trabalhar. E nada há a explicar.
Soldados morrem.
Ser militar tem riscos.
Ser militar é obedecer.
É fazer trabalhos e ter vidas que poucos querem.
E por vezes, ama-se o que se faz.
Na minha vida, nunca me senti tão pequeno como quando íamos filmar a malta da inactivação de engenhos explosivos.
Ver aquela malta a trabalhar, com tomates de aço e um gosto inexplicável por estar sentada em cima de bombas de 500 quilos que não tinham explodido depois de serem largadas por aviões. Sentados. Uma perna para cada lado, como se montassem um golfinho.
A mexer nela. A escutá-la, a tirar-lhes o nariz e a desativá-las. Caraças!
Estávamos lá e muitas vezes pensava, inevitavelmente pensas: E se isto corre mal? "Se isto corre mal, nem sentes nada!" disse-me uma vez um desses homens de aço.
Quem quer que seja que trabalhe com explosivos, sabe sempre que algo pode correr mal.
Chama-se risco e com explosivos nunca se pode ter 100 por cento de segurança que tudo correrá bem.
Quando corre mal, como ontem, há estragos, vítimas.
Ontem ouvi logo muitos disparates.
Os senhores generais e coronéis que falam da guerra da Ucrânia sem nunca terem estado ao lado de uma explosão, vieram logo tecer considerandos.
Caraças que os homens são especialistas em tudo...
Bombeiros falaram. Jornalistas que nunca foram à tropa vieram botar faladura.
Há que apurar responsabilidades foi a tónica dominante. Não se preocupem.
Os militares, são dos poucos, neste País que apuram responsabilidades.
São dos poucos, neste País a quem se pede sempre para apurar responsabilidades.
Sobretudo no que toca a quem trabalha dia a dia para fazer a roda girar.
No meio de tanta merda que ouvi, destaco as palavras simples de um jornalista do Expresso que nitidamente não percebia nada do assunto, mas percebia muito do País e do que temos….
Disse ele a determinada altura: Os militares Portugueses não ganham o suficiente para os riscos que correm.
Pois não. Mas ainda há quem pense que são uns senhores privilegiados.
E se fosse só não ganhar bem, não ter carreira definida e valorizada… Se fosse só isso…
Eu dou outro exemplo do estado, do grau zero a que tudo isto chegou ( e não, não estou a falar dos coitados dos nossos generais que tem de ir às Tvs falar para amealhar uns cobres pra comprar rebuçados para os netos...):
Só registo e não comento nem digo mais nada para não me chatearem:
Repararam bem numa coisa? Os socorros foram do INEM, da GNR, de todo o lado… o meio aéreo que os levou foi do INEM e para que Hospital é que foram? Para os das Forças Armadas?
Deixa-me rir para não chorar a morte de um camarada.
Ai Portugal, Portugal.
Num ano em que se vai começar a comemorar o 50º aniversário do 25 de Abril, já que ninguém o diz, eu digo, apesar de nada ter a ver com isso:
Desculpem lá e de uma vez os pobres dos militares que vos devolveram a liberdade e que saíram de cena para dar o poder aos políticos, Desculpem lá, malta. Já chega!