De que se ri Berardo? A história de 7 negócios de JoeDa OPA ao Benfica, passando pela PT, pela venda de palmeiras raras com Pik Botha, até ao Museu Berardo e ao "assalto ao BCP". Sete negócios que mostram a verdadeira cara de Joe.Empresário madeirense, emigrante na África do Sul, prospetor de ouro, colecionador de arte, acionista de bancos, benfiquista dos quatro costados, entre muitos outras designações que foi ganhando ao longo dos seus 74 anos, José Manuel Rodrigues Berardo tem um passado repleto de distinções. Portugal já lhe atribuiu o grau de Comendador, bem como a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, e França já lhe concedeu a sua mais alta condecoração, o grau de Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra. Tudo isso ficou para trás na passada sexta-feira.
E bastaram apenas cinco horas de audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos. O banco público, que em 2016 foi recapitalizado com 4 mil milhões de euros dos portugueses, registou perdas de muitas centenas de milhões devido a inúmeros negócios arriscados (ou simplesmente azarados) entre 2000 e 2015, e os deputados queriam ouvir as explicações de um dos maiores devedores da Caixa, Joe Berardo, responsável por créditos não pagos de quase 400 milhões de euros. Joe escolheu uma via diferente de muitos dos anteriores depoentes na comissão — escudou-se menos vezes no “não me recordo”, no “não me lembro” e “não fui eu”. Aconselhado, ou não, pelo advogado que o acompanhou, Berardo virou a mesa: “pessoalmente não tenho dívidas”, “não sou dono de nada” (logo não posso ser executado) ou “perguntem aos bancos” porque eles é que aceitaram o crédito. A opinião pública reagiu com fúria, a começar pela classe política.
Self-made man para uns, polémico e controverso para outros, o facto é que Joe Berardo é um velho conhecido dos portugueses, com negócios ao longo de mais de duas décadas: dos vinhos ao desporto, da banca às telecomunicações; dos media aos acordos com o Estado para expor a sua coleção. O Observador recorda alguns dos mais emblemáticos negócios de Joe, à luz também daquilo em que resultaram anos mais tarde.
1 O “assalto ao BCP”… com dinheiro emprestado pela Caixa Geral de Depósitos
A audição de Joe Berardo no parlamento, na passada sexta-feira (quando disse que, pessoalmente, não tem dívidas e também que não tem património), só acontece porque o empresário madeirense é um dos maiores devedores da Caixa Geral de Depósitos, identificado numa auditoria da EY aos atos de gestão do banco público entre 2000 e 2015. Berardo contraiu — através da sua Fundação José Berardo e a empresa Metalgest — quase 400 milhões de euros à Caixa, em várias operações entre 2006 e 2007. Destino do dinheiro? Financiar a compra de ações no BCP, no decorrer de uma guerra de poder que, por essa altura, se verificava no banco fundado por Jardim Gonçalves. O episódio viria a ser conhecido na imprensa como “o assalto ao BCP”.
Ao mesmo tempo tornou-se numa das operações de crédito mais polémicas da Caixa Geral de Depósitos. Quando a poeira assentou, três bancos (BES, BCP e Caixa) haveriam de registar enormes perdas. Agora, em conjunto, exigem 962 milhões de euros ao comendador.
Tal como o Observador também já contou, o BCP entrou numa guerra interna em 2007, pouco depois de ter falhado uma OPA sobre o BPI. A fação do fundador e ex-presidente da instituição, Jorge Jardim Gonçalves — que se mantinha como presidente do Conselho Geral e de Supervisão —, tentou limitar a ação do presidente executivo da época, Paulo Teixeira Pinto, o “delfim” que tinha escolhido para lhe suceder, em 2005.
O confronto entre os aliados de Jardim Gonçalves, alguns dos quais se sentavam na maioria da comissão executiva do banco de Paulo Teixeira Pinto, e então presidente executivo do BCP deu-se numa célebre assembleia geral em maio de 2007 onde a proposta de mudança dos estatutos proposta pelo fundador do banco é chumbada. É desta reunião no Porto que fica a imagem de Joe Berardo a fazer o V de vitória. O comendador era um grande cliente do crédito do BCP e decidiu entrar na guerra ao lado de Teixeira Pinto.
Foi por esta altura que Berardo reforçou de forma significativa a sua participação no então maior banco privado português (chegou a ter 6,2% do banco, sendo o quarto maior acionista). O financiamento para esse reforço na estrutura acionista do BCP foi concedido precisamente pela Caixa Geral de Depósitos, ainda que contornando regras de prudência na concessão do crédito (ausência de pareceres da Direção de Risco ou pareceres condicionados). E a reestruturação do maior crédito de Joe Berardo foi mesmo feito com um parecer negativo. O banco público ajudou, em manobras semelhantes, o empresário Manuel Fino.
Apesar de ter ganho a batalha, Teixeira Pinto perdeu a guerra e demite-se do BCP no “verão quente” de 2007. Filipe Pinhal sobe à presidência no que foi visto como uma vitória do fundador do banco. Mas durou pouco tempo. Por esta altura, já Berardo e o advogado André Luiz Gomes estavam a preparar um dossiê explosivo sobre as offshores que terão sido criadas pelo próprio banco e usadas para comprar ações do BCP. Quando a denúncia chega ao Banco de Portugal, Vítor Constâncio chama alguns acionistas do BCP para os avisar das investigações e da necessidade de mudarem os membros da equipa de gestão que poderiam vir a ser processados e inibidos de funções na banca.
Consuma-se o chamado “assalto ao BCP”, uma expressão criada pelos administradores fiéis a Jardim Gonçalves quando o fundador se demite e a sua equipa é afastada dos órgãos do banco. Joe Berardo aparece como um protagonista incontornável neste “assalto”, ainda que visto como instrumento de outros interesses menos evidentes. O comendador é um dos nomes que apoia Santos Ferreira na célebre reunião na sede da EDP no final do ano da qual sai o nome do novo presidente do BCP. Carlos Santos Ferreira, o presidente da instituição que tinha financiado generosamente os acionistas apoiantes de Teixeira Pinto, tendo como única garantia as ações do banco privado.
Com a “paz” no BCP e Berardo aclamado como herói da mudança no banco, a Caixa ficou com várias “bombas por explodir” nas suas contas, sob a forma dos empréstimos ao comendador e a outros. A explosão, ou melhor implosão do valor das ações que eram a garantia do empréstimo, acontece com a crise financeira de 2008, mas a verdade é que o BCP já estava a desvalorizar antes disso.
Os números já eram conhecidos: no total, Berardo terá reunido cerca de 1.000 milhões de euros junto da banca portuguesa. Menos de dois anos depois, as ações que tinha comprado no BCP valiam menos de 190 milhões. A Caixa terá emprestado inicialmente cerca de 400 milhões de euros (tal como o BCP). O BES terá emprestado menos de 200 milhões).
O comendador ainda reforçou as garantias à Caixa algumas vezes, mas entrou em incumprimento em novembro de 2008. A história desta operação e do que o banco público fez para recuperar o dinheiro que emprestou tem sido um dos temas centrais na comissão de inquérito à Caixa.
2 Benfica. Uma OPA lançada para “ajudar o Benfica”3 A casa (Madeira) e a casa longe de casa (África do Sul)4 Um dos últimos empresários que ganharam dinheiro com os media5 Portugal Telecom. Ao lado do Grupo Espírito Santo contra a OPA da Sonae6 Sogrape. Quando Joe tentou ser o “DDT” no vinho português7 Um museu à Berardo. Mau negócio para toda a gente?Continua:
https://observador.pt/especiais/de-que-se-se-ri-berardo-a-historia-de-7-negocios-de-joe/PS: Este vai à Assembleia da República, goza com os políticos e com todos nós, e o Ministério Público está a ponderar fazer alguma coisa nas próximas décadas? Ou só interessam as reivindicações salariais?
Quem nos colocou a pão e água continuam a andar por aí impunemente?
Filipe Vieira? Berardo? Manuel Fino? Espiritos Santos? Roques? Sócrates? Ex-accionistas do BPN?………
Os Administradores que permitiram estes empréstimos são inimputáveis?
Governadores do Banco de Portugal não se recordam de nada?
Têem as fortunas a salvo? O estado português até tem um hacker preso especialista na pesquisa dessas contas bancárias manhosas!?!?!!?
Ou se quiserem saber como se investiga, podem analisar o que se passou com o Madoff nos EUA, gerou um buraco de 65 mil milhões de dólares e em 6 meses foi preso a 150 anos, e perdeu todos os bens e contas bancárias em nome dele e da família!