« Responder #1 em: Maio 31, 2007, 09:40:18 pm »
Rússia: Testes de novos mísseis são resposta aos EUA - Putin
Moscovo, 31 Mai (Lusa) - O Presidente russo disse hoje que os testes dos novos mísseis russos foram uma resposta à planeada instalação de mísseis de defesa norte-americanos e outras forças na Europa, sugerindo que Washington desencadeou uma nova corrida aos armamentos.
Numa clara referência aos Estados Unidos, Vladimir Putin criticou duramente "o diktat e imperialismo" nos assuntos globais e avisou que a Rússia vai reforçar o seu potencial militar para manter um equilíbrio estratégico global.
"Não fomos nós que iniciámos uma nova corrida aos armamentos", disse Putin quando interrogado sobre os testes com mísseis realizados pela Rússia no início desta semana durante uma conferência de imprensa depois de conversações no Kremlin com o Presidente grego, Karolos Papoulias.
Putin descreveu os testes de novos mísseis balísticos capazes de transportar múltiplas ogivas nucleares como parte da resposta russa à planeada instalação de novas bases militares norte-americanas e de sistemas de defesa antimíssil em países do Leste e centro da Europa, ex-satélites da desmantelada URSS.
"Não há que temer estas acções da Rússia, porque não têm carácter agressivo, são só uma resposta às acções unilaterais, injustificadas e suficientemente duras dos nossos sócios", indicou Putin.
Vladimir Putin recordou que os EUA abandonaram em 2002 o tratado bilateral de Defesa Antimísseis (ABM) para ter as mãos livres, e planeiam agora criar um escudo antimíssil próprio com elementos estratégicos perto da fronteira russa, na Polónia e República Checa.
"Nós advertimo-los de imediato que adoptaremos passos de resposta para conservar o equilíbrio estratégico no mundo", disse Putin, citado pela Agência Interfax.
A Rússia ensaiou com êxito na passada terça-feira um nono míssil balístico intercontinental RS-24 com ogivas múltiplas que, segundo militares russos, é capaz de baralhar o futuro escudo antimísseis norte-americano, assim como um novo míssil de cruzeiro táctico-operativo Iskander-M.
O chefe de Estado russo responsabilizou os Estados Unidos e outros membros da NATO pelo falhanço em ratificar uma versão emendada do tratado das Forças Convencionais na Europa (CFE, 1990), que limita a instalação de armas pesadas não nucleares à volta do continente.
"Assinámos e ratificámos o CFE e estamos a implementá-lo na íntegra. Retirámos todas as nossas armas pesadas da parte europeia da Rússia para (lugares) para lá dos Urais e reduzimos em 300.000 homens as nossas Forças Armadas.
"E que fazem os nossos parceiros", interrogou-se o Presidente russo antes de responder: "chegam com novos armamentos à Europa oriental, abrem uma nova base na Bulgária, outra na Roménia, uma zona de posicionamento na Polónia, um radar na República Checa".
O mês passado, a Rússia ameaçou denunciar o CFE se a NATO não reduzir as suas forças no continente, e deu aos países aliados um ano de prazo para decidir o futuro desse tratado, que limita a instalação de forças e armas convencionais na Europa.
A NATO exige para ratificar o tratado que a Rússia retire as suas tropas de Geórgia e Moldávia. O seu porta-voz, James Sppathurai, expressou a "preocupação" da Aliança sobre o "nível crescente de retórica à volta de temas chave como o CFE, a defesa antimíssil ou a ampliação da NATO" com a Rússia.
As novas críticas do chefe do Kremlin aos Estados Unidos ocorrem a poucos dias de uma reunião com o Presidente norte-americano, George W. Bush, durante a Cimeira do Grupo dos Sete países mais industrializados e a Rússia (G8) na Alemanha, na próxima semana.
O escudo antimíssil perfila-se como o tema mais controverso dessas conversações, que continuarão durante a visita de Putin aos Estados Unidos a 01 e 02 de Julho.