Vitor, como é que você vê uma possível participação da FAB em Moçambique. Teria o Brasil orçamento e sobretudo capacidade política para se meter uma missão de guerra ao terrorismo num pais tão distante de África?
Não creio que vá acontecer. Equipamentos (A-29 Super Tucano, UH-60L Black hawks, EC-725 Caracal, Mi-35M, C-295, KC-390, KC-130, EMB145 R-99) e tropa treinada nós temos. O problema é a questão financeira. Os prognósticos em relação às consequências da quarentena, por conta da pandemia da COVID-19, na área econômica no Brasil, são desanimadores e alarmantes. Isso poderá impactar duramente os cofres das FFAAs.
Além disso, há a questão política. É pouco provável que um governo de direita do presidente Jair Bolsonaro (um nacionalista com ideias isolacionistas) queira se meter em questões africanas, mesmo que haja (ou havia) um interesse geopolítico brasileiro naquela porção do continente Africano.
Bolsonaro e seu gabinete ministerial, repleto de generais e almirantes, estão mais preocupados em questões domésticas. No campo das relações internacionais os esforços são no estreitamento dos laços com os Estados Unidos, resolução do conflito interno na Venezuela e contenção da influência chinesa (política e militar) na América do Sul.