Para o forista que questionou se em Sintra existe realmente um Museu do Ar
Raphael:
Não questionei se em Sintra havia um Museu do Ar? Nem é questionável, porque aí não há mesmo, é liminar, não há e pronto. Eu questionei é se em Portugal há algum museu do ar, da aeronáutica, da aviação, do espaço, da Força Aérea ou lá o nome que lhe quiser chamar, seja em Alverca ou onde se quiser.
Para mim, não há. Ponto final, parágrafo.
E porquê? adiante lhe direi o que penso, mas você já adianta:
pois a maior parte do espólio de Alverca irá transitar para Sintra. Além de que as instalações em Sintra estão a sofrer uma remodelação profunda que permitirá que venhamos a ter um Museu do Ar mais digno e apresentável.
É aqui que está a questão.
Portugal têm um espólio aeronáutico extraordinário. Aliás o espólio nacional em quase todas as áreas é excepcional e há quem aponte para a razão de tal o facto de não termos sofrido directamente com as duas guerras mundiais, logo isentos de pilhagens, bombardeamentos, etç.
Quase no final dos anos 30 ( sem entrar no campo dos bens confiscados ) o património alemão era fenomenal. Em 1945 não existia.
A humanidade ficou mais pobre, certamente.
De qualquer modo na altura das Comemorações do Aniversário da Força Aérea e do Festival Aéreo em Sintra, penso que o que irá ser exposto será do agrado do público em geral.
Não discordo, mas o público come o que lhe dão. O público é muito capaz de esmiuçar um AlloueteIII e, em vez de ver o que o helicóptero representou ao longo de 40 anos de actividade operacional, a sua acção em áfrica, a sua invulgar longevidade, etç, etç, ter como único comentário o apontar de um pequeno defeito na pintura e aí começar a descascar nas OGMA, trazendo à tona o tal bota-abaixo já que o pintaram mal.
Agora voltando à questão de príncipio.
Um museu, seja do ar, do automóvel ou lá do que fôr, não é um depósito de latas ferrugentas, carregadas de pó e com cheiro a bolor.
É um testemunho vivo do passado, que mostra as latas mas também os feitos que os heróis fizeram nessas latas e procura mostrar um fio condutor para que quem não sabe se orgulhe.
Todo este património que Portugal têm - e que uma vez mais digo que é riquissimo - está disperso, entregue às mais variadas entidades e que umas cuidam dele melhor que outras, e quando algum se agrupa não constitui mais que um conjunto de velharias.
Relativamente à aviação, aeronáutica, ar, espaço ou seja lá o que fôr nesta área não há, nem acredito que vá haver, um museu que tenha a dignidade que se espera. O tal
digno e apresentável.
Você sabia que este avião está ao Deus-dará ( mas pelo menos está resguardado das intempéries, ao menos isso... ) num hangar da TAP, na portela:
http://www.douglasdc3.com/portugal/port4.jpgIsto é o património aeronáutico nacional.
A Força Aérea não têm que ter museu.
Os museus são nacionais, são o espólio de gerações, repositório de memórias e não pedaços da TAP, da FA, da Marinha, do Porto de Lisboa, etç.
Le Bourget, museu do ar e do espaço francês, é o exemplo e aí sim, é um museu.
Na questão dos Fiat's, que se estende um pouco a todas as frotas que a FAP já operou, é impossível ter espaço para albergar toda a frota que foi abatida, algumas unidades foram preservada, outras recuperadas e outras a sua recuperação está planeada.
Eu diria que muito poucas unidades foram preservadas, nenhuma foi recuperada porque caso contrário
Ver um Fiat a voar novamente é que era.
e outras com recuperação planeada, isto é, o plano é deixar o tempo dar cabo do que resta e no final vai tudo para o lixo, tal como os JU52 e Nord que estão em Alverca.
Oxalá eu estivesse enganado.
Cumprimentos,