Morreu, como qualquer ser ao cimo desta Terra. Agora, um belo pijama de pinho, uma manta de 7 palmos e os bichos tratam do resto.
Apesar de não concordar com a solução que ele apresentava para os problemas da nossa Nação, não se pode negar que era extremamente arguto a apontá-los. Aliás, apesar do seu pendor iberista, defendeu sempre a lingua portuguesa, que considerava como a verdadeira pátria (estou a lembrar quando durante um simpósio qualquer no Brasil, após o seu discurso um escritor brasileiro comentou-lhe que o seu sotaque era dificil de entender ao que Saramago ripostou "Meu caro, o sotaque é seu, a Lingua é minha").
Porque na opinião que formei sobre ele, sempre me pareceu o fatalista, que perdeu a fé, não em Portugal como entidade num plano que transcende o fisico, a lingua, a cultura e o seu marco indelével na História da Humanidade, mas sim na falta de força e vontade que o nosso povo aparenta demonstrar nestes ultimos anos e na total falta de capacidade e visão das nossas elites, que nos têm arrastado para um abismo que nos pode destruir com Nação fisica. Como tal, apontava uma solução, abominavel para mim, mas que ele entendia ser a saída.
Apesar de concordar que as homenagens devem ser ligeiras e penso que ele não as quereria de outro modo pois nas suas convicções sempre foi recto, para o bem e para o mal, morreu um português que, apesar das suas convicções a razar a traição, fez mais pela nossa Pátria e pela Lingua Portuguesa, que a míriade de "ferverosos nacionalistas" que pululam na nossa Nação.