Dubai vai construir uma cidade marciana em pleno desertoO projeto apresentado por uma empresa sediada em Copenhaga e Nova Iorque é uma parte de um ambicioso plano dos Emirados Árabes Unidos em colonizar Marte nos próximos 100 anos.
Dubai está a preparar um projeto de grandes dimensões e bastante arrojado que passa por construir uma cidade marciana.
A ideia nasceu da ambição anunciada, em 2017, pelos Emirados Árabes Unidos em colonizar Marte nos próximos 100 anos. Quem não perdeu tempo foram os arquitetos que, na impossibilidade de irem para o Planeta Vermelho, resolveram recriar a ideia de uma cidade marciana em pleno deserto, nos arredores do Dubai.
O projeto da Mars Science City (Cidade Ciência de Marte) foi projetado para cobrir 176 mil metros quadrados de deserto, o equivalente a mais de 30 campos de futebol, e terá um custo aproximado de 120 milhões de euros (135 milhões de dólares).
Este novo projeto dos Emirados Árabes Unidos contempla a criação do Centro Espacial Mohammed Bin Rashid do Dubai (MBRSC) que visa precisamente desenvolver a tecnologia necessária para colonizar Marte nos próximos 100 anos. E foi nesse sentido que os arquitetos da Bjarke Ingels Group (BIG), empresa sediada em Copenhaga e Nova Iorque, apresentaram uma proposta para projetar no deserto um protótipo de uma cidade que pudesse sustentar a vida em Marte.
Na sua busca para criar um design para tornar o ambiente marciano habitável, os arquitetos tiveram de ter em consideração o facto daquele planeta ter uma atmosfera fina, ou seja há pouca pressão de ar, pelo que os líquidos evaporam-se rapidamente. Além disso, não existe campo magnético e, como consequência, há pouca proteção à radiação solar.
Os desafios de Marte à ciênciaEm declarações à
CNN, Jonathan Eastwood, diretor do Laboratório Espacial do Imperial College London, que não está ligado ao projeto em curso nos Emirados, considera que a possibilidade de se poder viver em Marte vai muito além dos aspetos técnicos. "O maior desafio não é de engenharia ou científico, mas humano. Ou seja, não é só saber como é possível sobreviver, mas também saber como é possível prosperar", frisou Eastwood.
Independentemente destas questões complicadas de resolver, Jakob Lange, um dos sócios do Bjarke Ingels Group, disse à
CNN que a sua equipa de arquitetos planearam superar os desafios colocados em Marte. Assim, para manter uma temperatura confortável e uma pressão de ar habitável, a cidade seria composta por cúpulas pressurizadas, cobertas por uma membrana de polietileno transparente. Cada uma dessas cúpulas receberia oxigénio produzido por uma instalação de eletricidade no gelo subterrâneo.
Nesse sentido, à medida que a população crescesse em Marte, as cúpulas iriam ficar juntas para formar aldeias e até cidades, em forma de anéis. As cidades poderiam ser alimentadas e aquecidas usando energia solar e a atmosfera fina poderia ajudar as cúpulas a manter a temperatura. "Como há muito pouca atmosfera em Marte, a transferência de calor será muito baixa, pelo que o ar dentro das cúpulas não arrefece tão depressa como na Terra", argumentou Lange.
Os edifícios teriam uma sala debaixo do solo marciano, a uma profundidade até seis metros para que as pessoas se pudessem proteger da radiação ou de meteoros perigosos. Nessas salas poder-se-iam, de acordo com este projeto, construir "claraboias que poderiam ter aquários", referiu Lange, lembrando que as janelas de água protegeriam os habitantes da radiação e permitiriam a entrada de luz nessas salas subterrâneas.
"Existe aproximadamente um terço da gravidade, em comparação com a Terra, o que significa em Marte há um conjunto de regras completamente novas que é necessário cumprir ao projetar a arquitetura no espaço", reforçou Lange.
Jonathan Eastwood admite que o design defendido pelos arquitetos contratados pelos Emirados "são parte essencial das infraestruturas essenciais para uma presença a longo prazo de humanos em Marte". "A ideia de proteger gradualmente da radiação é sensata e a ideia das janelas de água é bastante elegante", sublinhou.
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