Esperem lá, agora a retórica é que "a Marinha já sabia que o orçamento não dava"? Então se sabia, porque não pediu para adiar o concurso, de forma a realizar alterações ao mesmo, e depois sim lançá-lo? É preferível lançar concurso que já se sabe que não terá propostas, para depois ter de alterar as coisas e atrasar cerca de 1 ano? Mas isto faz sentido na cabeça de quem?
"Ah o PNM foi assim."
O PNM tinha orçamento fixo por parte da UE, para um navio hidrográfico. O orçamento não chegou, porque na Marinha reinventaram o navio de tal forma, que se tornou impossível encaixar no orçamento (quando um navio hidrográfico normal encaixava sem problema). Tiveram sorte que a UE financiava em quase 100M, e se não se fizesse nada, o financiamento UE ficava sem efeito, e aí lá arranjaram 30 milhões adicionais.
No caso do AOR, não há financiamento. Se a verba não chegar, o Governo em posse simplesmente cancela o programa e segue em frente. Em alternativa, o Governo mantém o orçamento, e pede à Marinha que mude os critérios/quantidade para conseguir encaixar no orçamento, tal como aconteceu nos programas SHORAD e do ST5. Aliás, o fenómeno recorrente até tem sido reduzir ainda mais o orçamento!
Agora, eu acredito que pelo menos algumas pessoas na Marinha, acreditavam piamente que cada "mini AOR" daqueles, custaria 50M. Porquê?
-Porque é desta mesma Marinha, que ouvimos ideias pioneiras, de que um PNM de combate, capaz de fazer tudo o que uma fragata moderna faz, é "muito mais barato" que uma fragata.
-É desta mesma Marinha que ouvimos a afirmação de que com OPVs de 100M é possível fazer as missões de uma fragata.
Para termos noção, cada NPO tem um custo unitário de 50M, sem GFE. Um AOR, assumindo que seria construído com padrão idêntico, com "chapa" de qualidade idêntica, e sendo um navio muito maior, como é que custaria o mesmo que um pequeno e simples NPO?
Não esquecer que os ditos AORs, estavam concebidos para ter "capacidade logística acrescida", isto implica um navio com mais exigências que típico reabastecedor.
Se a Marinha realmente ambiciona 2 AORs, o que fazia sentido, era pegar no orçamento do AOR e no orçamento do LPD, e juntá-los num só, para adquirir 2 navios iguais. Com estes 2 AOR com "capacidade logística acrescida", mais o PNM, não há qualquer razão para um LPD. Ainda menos se esta mesma Marinha pretende Crossovers no futuro.
Para mim a escolha ideal seria o MPV 120, que será mais caro que um AOR como o CEMA idealizou, mas oferece muito mais capacidades. Caso contrário, limitem-se a 2 AORs + 1 PNM, e a frota logística fica composta, podendo a Marinha passar de imediato a substituição das fragatas por navios combatentes a sério.