Crise Financeira Mundial

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Jorge Pereira

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Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #196 em: Dezembro 20, 2011, 03:09:56 pm »
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psi

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #197 em: Dezembro 20, 2011, 08:21:34 pm »
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #198 em: Dezembro 28, 2011, 01:52:13 pm »
Reino Unido e França: A guerra (dos números) continua

Há muito tempo que a rivalidade entre os dois países não andava com os dentes tão afiados. Com Cameron e Sarkozy de candeias às avessas, a imprensa, sobretudo a britânica, não perde um pretexto para medir forças, mesmo quando estas escasseiam. As mudanças no "ranking" das maiores economias do mundo, ontem divulgado, foi o mais recente.
O estudo foi realizado pelo Centre for Economics and Business Research (CEBR), um instituto britânico de análise económica, e confirma uma previsão já antes avançada pelo Fundo Monetário Internacional: feitas as contas, no fim deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil irá ultrapassar o do Reino Unido que perde, assim, uma posição, passando a sétima maior potência do mundo.

Inalteradas para já, permanecem as posições da França, que, com o seu 5º lugar, se mantém à frente do Reino Unido, mas atrás da Alemanha, Japão, China e Estados Unidos.

Contudo, as projecções do CEBR para 2020 sugerem que Rússia e Índia vão saltar para os lugares cimeiros. O Reino Unido descerá então para a 8ª posição, perdendo dois lugares, e França descerá ainda mais, passando para o 9º lugar do ranking mundial.

Qual é a “notícia” aqui? A BBC titulou, ainda ontem, “Economia brasileira ultrapassa a do Reino Unido”. A mesma linha seguiu o “The Guardian”, que destacava porém o cenário de 2020 para servir de “consolo” aos britânicos. “A única compensação para os membros do Governo envolvidos com a queda relativa do Reino Unido é que a França vai cair a um ritmo ainda mais acelerado”. O jornal concluía, assim, que o presidente francês “Nicolas Sarkozy ainda se pode gabar da quinta posição da economia francesa (…), mas, até 2020, ela deverá cair para a nona posição, atrás do Reino Unido”.

O “Financial Times”, jornal de referência do mundo dos negócios, optou por não se comprometer e noticiou os resultados do estudo do CEBR com um título tão inócuo quanto pouco esclarecedor: “Brasil sobe um lugar no ranking do PIB”.

Já o site de informação económica, “This is Money”, conseguiu mesmo titular “Economia britânica deve superar a francesa em cinco anos”. “Em 2020, o Reino Unido terá deslizado de sétima para oitava maior economia do mundo, mas a França vai sofrer uma derrocada (“crash”), da quinta para a nona posição”.

Crise do euro renova velhas rivalidades

A rivalidade entre os dois países é ancestral, mas a tensão entre os dois dirigentes voltou a escalar à medida que se agrava a crise do euro e se deterioram os dados económicos, que sugerem o regresso provável da recessão dos dois lados da Mancha, com Cameron a responsabilizar sucessivamente o euro pelo mau desempenho da sua economia.

A ferida latente ficou abertamente exposta depois de na última cimeira europeia, de 9 de Dezembro, David Cameron ter permanecido insensível à pressão de Nicolas Sarkozy vetando, isolado, a reabertura do Tratado de Lisboa para que fossem inscritas regras mais apertadas de disciplina orçamental.

A partir da daí, têm-se sucedido trocas sucessivas de palavras azedas.

Um dos mais recentes episódios foi protagonizado pelo ministro britânico das Finanças, que comparou as contas públicas da França às de Portugal, Itália e Grécia. Os parceiros europeus estão "aterrorizados" com a situação das finanças públicas francesas, disse George Osborne, aconselhando o seu colega francês "a tomar decisões difíceis" para controlar a dívida pública.

Sem demora, François Baroin respondeu que a França “não recebe lições de ninguém” e a “verdade é que a situação da economia britânica é muito preocupante e, neste momento, em termos económicos, preferimos ser a França a ser o Reino Unido". O ministro francês questionou ainda os critérios das agências de rating, que ameaçam retirar à França a notação máxima e não ao Reino Unido – situação, que pouco tempo depois, se equiparou, com Londres a culpar, de novo, o euro.

"Não se pode confiar em quem cozinha tão mal"

O actual clima de animosidade faz lembrar o que se viveu em 2005 entre Tony Blair e o então presidente francês Jacques Chirac. Inconformado com o veto britânico ao planeamento orçamental da União Europeia, que previa a abolição do controverso “cheque britânico” arrancado a ferros por Margaret Thatcher, Chirac terá chegado a dizer numa cimeira com a Rússia que “não se podia confiar em gente que cozinha tão mal” e que a principal contribuição britânica para a culinária tinha sido a doença das vacas loucas. O Eliseu tentou por água na fervura, mas as relações bilaterais ficaram, então, seriamente beliscadas.

À época, o jornal britânico “The Independent” chegou a publicar um suplemento sobre os mil anos de rivalidade franco-britânica, descrevendo como o percurso da História, desde a Batalha de Hastings, à batalha entre Londres e Paris para acolher os Jogos Olímpicos de 2012, passando pela Guerra dos 100 anos, havia tecido uma "inimizade profunda" entre os dois países. Que (menos dito, mas não menos verdade) têm também sido muitas vezes na História – como no presente – aliados quase perfeitos. A sintonia em torno da intervenção militar na Líbia foi apenas o episódio mais recente.

 :arrow: http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=527849
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #199 em: Janeiro 03, 2012, 06:18:52 pm »
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Grécia admite saída do euro se não receber nova tranche de ajuda

O governo grego admitiu hoje que o país terá que abandonar o euro se não receber uma nova tranche da ajuda internacional no valor de 130 mil milhões de euros.

16:20 Terça feira, 3 de janeiro de 2012

"Se o resgate acordado no final de outubro não for concretizado, estaremos fora do euro", disse um porta-voz do Governo grego, à Skai TV, citado pela Associated Press.

De acordo com Pantelis Kapsis, as negociações que vão decorrer nos próximos meses com os responsáveis pela monitorização da ajuda financeira externa - da União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - vão "determinar tudo", reconhecendo que pode ser necessário reforçar as medidas de austeridade para cumprir as metas exigidas pela 'troika'.

Uma missão da 'troika' internacional é esperada novamente em Atenas, em janeiro, para avaliar os progressos do país para ultrapassar a crise da dívida soberana.

A Grécia recebeu uma primeira tranche de 110 mil milhões de euros, em maio de 2010, tendo o governo imposto medidas de austeridade para estancar a crise da dívida soberana.

"Não há plano para o abandono de países da zona euro"

Já a Comissão Europeia reiterou hoje, na primeira conferência de imprensa do ano, que não existe nenhum plano em cima da mesa para o abandono de países da zona euro.

Questionado sobre uma eventual saída da Grécia em caso de incumprimento dos programas de assistência financeira acordados, um porta-voz do executivo comunitário, Olivier Bailly, sublinhou que "não há nenhum plano para a saída de membros da zona euro em 2012 e adiante".

Na sua mensagem de ano novo, o primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, alertou a população do país para as dificuldades que 2012 trará, avisando que é necessário um grande esforço coletivo para evitar o colapso económico e a saída da zona euro.

"Um ano muito difícil, marcado por medidas duras, mas necessárias, está a terminar, e vai começar mais um ano muito complicado", avisou o responsável na mensagem de novo ano, acrescentando que os gregos têm que "continuar os seus esforços com determinação, de forma a que a crise não gere um colapso catastrófico".

Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/grecia-admite- ... z1iQ6Y3RwW
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #200 em: Janeiro 05, 2012, 07:57:55 pm »
Hungria, o próximo na mira do FMI ?


A Hungria está a perfilar-se para ser o próxima país europeu a dar as boas-vindas à ajuda externa do FMI. Mesmo sem ser algo inédito na nação magiar – foi a primeira economia europeia a recorrer à instituição, em 2008 -, a nova visita do FMI solta ecos mais audíveis face à crise financeira que tem alastrado pela Europa. Estima-se que, no total, a Hungria necessite de uma verba entre os 15 e os 20 mil milhões de euros para pagar a sua dívida soberana nos mercados. O alerta húngaro voltou a soar quando este semana a sua moeda atingiu um mínimo histórico de desvalorização em relação ao euro, quando quase 324 florins passaram a ser necessários para alcançar o equivalente a uma unidade da moeda única europeia.

A agravar a desvalorização da sua moeda surgiu um novo máximo dos juros de dívida do Estado, a 12 meses, exigidos à Hungria pelos seus investidores no último leilão no mercado primário.

Esta quinta-feira, um novo máximo foi atingido nos 9,96%, valor bem superior aos 7%, uma fasquia que, quando foi ultrapassada pela Itália, fez voltar as atenções dos mercados e das instituições europeias para a economia do país então ainda liderado por Silvio Berlusconi.

Os dois factos acima mencionados seguiram o caminho que parecia já ser traçado em Dezembro, quando, como lembra a BBC, duas das principais agências de notação financeira norte-americanas baixaram o 'rating' húngaro para a categoria de 'lixo', uma palavra que, já antes, as economias de Portugal e Grécia também tiveram que suportar.

Assim, o conjugar de factores desfavoráveis poderá estar prestes a obrigar a Hungria a protagonizar o segundo capítulo da sua relação com o IMF. Em 2008, o país foi o primeiro no território europeia a pedir um resgate à instituição monetária, na altura a rondar os 220 milhões de euros.

UE de "pé atrás" com política húngara

Perante o agravamento do cenário económico do país, o seu negociador oficial para a ajuda externa, Thomas Fellengi, deu já a conhecer a vontade húngara em «alcançar um rápido entendimento» com a UE e o FMI e, segundo a Associated Press, indicou igualmente que as negociações devem começar «sem condições prévias», leia-se, sem exigências por parte das instituições europeias.

Mas tanto a UE como o BCE também já demonstraram a sua insatisfação. No centro das queixas, escreve o El País, estão as novas leis aprovadas pelas recentes alterações à constituição húngara, promovida pelo executivo conservador, e de direita, liderado pelo primeiro-ministro Viktor Orban.

As instituições europeias consideram que as novas leis reduziram a independência do Banco Central do país, e que contrariam a legislação comunitária. A insatisfação exterior acresceu assim a contestação à alteração constitucional, que esta semana tem atirado dezenas de milhares de pessoas, em protesto, para as ruas da capital, Budapeste.

Mas, e face à cada vez mais apertada necessidade em recorrer à ajuda externa, Fellengi soltou que o executivo «está preparado para discutir assuntos constitucionais», ao garantir que «qualquer assunto pode ser discutido à mesa das negociações».

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #201 em: Janeiro 06, 2012, 09:31:24 am »
Nao só está na mira do FMI, como também está na pole position para ser a primeira ditadura europeia do século XXI.

As políticas deste governo desde que chegou ao poder há quase 2 anos sao um atentado á democracia:
1- As radios e TVs estao proibidas de passar musica ou programas que contenham linguagem obscena;
2- Retirou poderes ao Tribunal constitucional;
3- O banco central húngaro já nao é um organismo independente.
4- A partir do dia 1 é proibido fumar em qualquer lado a menos que o lugar esteja identificado  (Isto é aplicável na rua).

Junta-se a isto o facto da aprovada lei que qualquer pessoa que tenha tido antepassados hungaros e fale hungaro, pode pedir nacionalidade hungara, mesmo que nunca tenha visitado a hungria. Lei esta que, na minha opiniao, se nao pertencesse á NATO e se o alargamento da Uniao Europeia aos 25 nao tivesse acontecido, poderia ter dado em guerra com a Eslovaquia e eventualmente Roménia.

Ah, e se pensam que o nosso presidente Cavaco Silva é pouco interventivo, entao deviam ver o presidente hungaro, que nao é eleito pelo povo. É recomendado pelo governo  :lol:  Neste momento é um antigo campeao olimpico de esgrima (isto é a unica coisa pela qual é conhecido).
 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #202 em: Janeiro 06, 2012, 12:46:29 pm »
Anarquia/Democracia/Ordem/Ditadura...
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https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #203 em: Janeiro 07, 2012, 05:32:37 pm »
Grécia investiga alegada fraude de 250 milhões de €€€


As autoridades gregas vão investigar todas as pessoas beneficiadas por subsídios públicos destinados a pessoas com graves deficiências, após vir à tona um anómalo número de casos em diversas regiões que fazem suspeitar de uma fraude generalizada que custaria ao Estado cerca de 250 milhões de euros. Segundo uma reportagem deste sábado do jornal Kathimerini, esta investigação será realizada após o Ministério da Saúde  grego detectar incidências desproporcionais de certos problemas médicos em algumas regiões do país, que enfrenta sérias dificuldades para sanar as suas finanças públicas.

Na ilha de Zante, de apenas 30 mil habitantes, 600 pessoas recebem subsídios por problemas de visão. Outras regiões, como Viotia e a ilha de Kalymnos, apresentam números surpreendentemente elevados de pacientes com asma e com atrasos mentais, respectivamente.

Em Salónica, segunda maior cidade do país, há mil pessoas com supostas deficiências graves, algo que motivou a ironia do vice-ministro da Saúde, Markos Bolaris, que disse que esse número só seria possível se o país tivesse participado na Guerra do Vietname.

Entre os 11 milhões de gregos, há cerca de 200 mil que recebem esses subsídios por incapacidades graves diversas, tanto físicas como mentais.

Em Novembro, a emissora Mega revelou que um médico tinha assinado atestados de incapacidade para cerca de 60 pessoas num município nos arredores de Atenas. Essa reportagem referia-se também ao suposto envolvimento de directores de hospitais na concessão de subsídios por incapacidade.

Segundo declarações de Bolaris à Kathimerini, entre Fevereiro e Março deste ano, será elaborado um novo censo de receptores de subsídios. O governo, com isso, espera economizar cerca de 250 milhões dos 6,2 mil milhões de euros que destina actualmente para essas ajudas.

Lusa
 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #204 em: Janeiro 08, 2012, 06:23:09 pm »
O que reserva 2012 à economia mundial ?


Haverá boas razões para esperar uma retoma saudável? Não propriamente. Um eventual desastre na zona euro poderá alastrar a todo o mundo. Mas não só. É provável que a retoma nos EUA seja frágil. A sombra projectada pelos acontecimentos anteriores a 2007 passa, pois, lentamente.

As previsões de Dezembro da Consensus Economics são sombrias: o crescimento potencial para 2012 situa-se em níveis muito inferiores aos estimados há um ano. Isto aplica-se, em particular, à zona euro, que deverá entrar em recessão. As economias de Itália e Espanha deverão contrair, e o crescimento esperado para França e Alemanha será em tudo marginal. As previsões para o Reino Unido são semelhantes às avançadas para os dois maiores membros da zona euro. Apenas o Japão e os EUA deverão registar algum crescimento económico este ano. No caso dos EUA, o crescimento previsto foi de 2,1% em Dezembro, ligeiramente acima das previsões de Novembro, de 1,9%.

Importa, contudo, contextualizar este desempenho. No terceiro trimestre de 2011, o Canadá era o único dos sete países mais industrializados (G7) cujo PIB se situava muito acima dos máximos anteriores à crise. As economias dos EUA e da Alemanha mantinham-se ligeiramente acima dos respectivos máximos anteriores à crise, enquanto a França se encontrava num patamar ligeiramente abaixo. Reino Unido, Japão e Itália mantinham-se em níveis muito inferiores aos máximos atingidos antes da crise. Retoma? Quem falou em retoma?

A taxa de juro mais alta aplicada actualmente pelos quatro principais bancos centrais é precisamente a do Banco Central Europeu (BCE), de apenas 1%. Os balanços destes bancos centrais também cresceram para níveis dramáticos. Mais: prevê-se que entre 2006 e 2013, o rácio entre a dívida pública bruta e o PIB aumente para 56 pontos percentuais no Reino Unido, 55 pontos no Japão, 48 pontos nos EUA e 33 pontos em França. Por que razão políticas tão drásticas tiveram resultados tão modestos?

Não faltam debates profundamente ideológicos. Eis o paradigma teórico dominante: não pode haver crise financeira e, se isso acontecer, não se lhe pode dar importância - na condição de o dinheiro em circulação não ser afectado, claro. Nesta perspectiva, a rigidez estrutural e a incerteza induzida pelas políticas adoptadas são os dois únicos factores que impedem as economias de progredir. Em minha opinião, não passa de um conto de fadas assente em teorias que reduzem o capitalismo a uma economia de troca directa sob um discreto véu monetário.

Pessoalmente, considero mais persuasiva a perspectiva que aceita que as pessoas cometem erros importantes. A divisão é profunda entre, por um lado, os que defendem que os erros são cometidos pelos governos e a solução reside em deixar o edifício financeiro distorcido ruir - os austríacos -, e os que alegam - mais concretamente os pós-Keynesianos - que a economia moderna é instável por inerência e, como tal, o seu colapso faria com que regredíssemos para a década de 1930 do século passado. Pelo que me toca, subscrevo a segunda perspectiva.

O falecido Hyman Minsky explanou na sua obra premonitória, "Estabilizando uma economia instável", as hipóteses por si formuladas de instabilidade financeira. Em 2009, Janet Yellen, vice-presidente da Reserva Federal americana, afirmou que, "dada a turbulência no mundo financeiro, a obra de Minsky passara a ser de leitura obrigatória".

O que torna a sua obra fascinante é o facto de ligar as decisões de investimento orientadas para um futuro inerentemente incerto aos balanços que os financiam e, consequentemente, ao sistema financeiro. Na perspectiva de Minsky, a alavancagem - e, por conseguinte, a fragilidade - são determinadas pelo ciclo económico. Um período prolongado de tranquilidade vai gerar fragilidade: as pessoas tenderão a subestimar os perigos e a sobrevalorizar as oportunidades. Minsky sublinhou que a "grande moderação" contém em si as sementes da sua própria destruição.

Os anos anteriores a 2007 testemunharam um ciclo de crédito privado extraordinário, nomeadamente nos EUA, Reino Unido e Espanha, sustentados pela subida dos preços da habitação. Quando estas bolhas rebentaram, os défices orçamentais explodiram automaticamente, tal como Minsky previra. Este foi um dos três mecanismos políticos que evitou que o colapso degenerasse numa grande depressão, sendo os restantes a intervenção financeira e monetária. As economias continuam a lutar com o ajustamento pós-colapso. Com as taxas de juro próximas de zero, os défices orçamentais de soberanos solventes oferecem três tipos de ajuda: procura, desalavancagem e melhoria da qualidade dos activos privados.

Até onde se avançou com o processo de desalavancagem? Nos EUA, os avanços foram consideráveis. No terceiro trimestre de 2011, o rácio entre a dívida bruta do sector financeiro e o PIB estava no mesmo nível que em 2001, enquanto o rácio entre a dívida das famílias e o PIB era semelhante ao de 2003. Na opinião da Goldman Sachs, "é provável que o sector imobiliário já tenha atingido o ponto mais baixo, mas cremos que os preços nominais da habitação só atinjam esse patamar no decorrer de 2012". Os EUA estão prontos para a retoma, apesar de limitada pelo aperto orçamental prematuro, pelo processo de desalavancagem ainda em curso, pelos riscos na zona euro e, talvez, pelo aumento dos preços do petróleo. A retoma terá por base uma economia desequilibrada.

A fragilidade da zona euro é, contudo, muito maior. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico prevê uma redução no défice orçamental subjacente da zona euro de 1,4% do PIB entre 2011 e 2012, comparando com os 0,2% do PIB previstos para os EUA. No entanto, o maior perigo para as economias mais frágeis da zona euro é que os sectores público e privado contraiam simultaneamente - a receita ideal para uma crise profunda e prolongada. Os estados soberanos insolventes estarão, talvez, condenados a contrair a sua posição orçamental na ausência de contrapontos adequados, quer externos quer da parte do sector privado. Para estes países, uma recessão na zona euro é sinónimo de calamidade, uma vez que vai atrasar o necessário ajustamento externo. Neste contexto, a proposta do BCE para financiar os bancos através de empréstimos a três anos com taxas baixas, que aqueles poderão emprestar numa segunda fase aos países em maiores dificuldades, é pouco mais do que um paliativo - inteligente, mas desadequado.

Os países de rendimento elevado têm levado a cabo uma série de experiências fascinantes. Uma delas, a desregulação do sistema financeiro e o crescimento impulsionado pelo imobiliário, fracassou. Outra, que obrigou a uma resposta fortemente intervencionista à crise financeira de 2008, funcionou - mais ou menos. Outra ainda está em curso: desalavancagem no pós-crise e regresso a padrões orçamentais e monetários ditos "mais normais". Neste caso, o júri foi dispensado. Na zona euro, contudo, a austeridade orçamental tem sido acompanhada de uma experiência ainda mais drástica: a construção de uma união monetária em torno de um núcleo estruturalmente mercantilista entre países com parca solidariedade orçamental, sistemas bancários frágeis, economias inflexíveis e níveis de competitividade divergentes. Boa sorte para 2012. Vamos todos precisar.


Diário Económico / Financial Times
 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #205 em: Janeiro 12, 2012, 12:30:54 pm »
Deputado de Merkel diz que Grécia vai sair do euro


A Grécia vai ter que sair da zona euro, o país está a lutar com uma montanha de dívida e será incapaz de recuperar sem ter a sua própria moeda, defendeu Michael Fuchs, deputado do partido de Angela Merkel, à Bloomberg.

Para a Grécia "o problema não é se é capaz de pagar a sua dívida - eles não vão, não de todo, nunca", acrescentou ontem em conversa telefónica com a agência noticiosa norte-americana.

As declarações de Michael Fuchs contrariam a posição que tem sido defendida pela líder do seu partido. Há apenas três dias Angela Merkel garantiu numa conferência de imprensa conjunta com Nicolas Sarkozy que não iria deixar nenhum país sair do euro e apelou ao governo grego para terminar as negociações com os credores para o perdão da dívida o mais rapidamente possível para poder receber a próxima tranche de ajuda financeira.

Na mesma conversa com a Bloomberg, Fuchs sublinha porém que a Grécia é um"caso especial" e defende que os outros 16 membros do euro vão resolver os problemas da dívida e mais nenhum país deverá abandonar a moeda única.

O deputado alemão rejeitou ainda a teoria de que a saída da Grécia do euro irá fragilizar países endividados, como Espanha ou Itália. A Itália é um país "rico" e é capaz de resistir a qualquer efeito de contágio, concluiu.

Diário Económico
 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #206 em: Janeiro 12, 2012, 01:40:01 pm »
Vai haver um "haircut" de 75% da dívida grega, no minimo, mas eles são para ficar no €.
 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #207 em: Janeiro 27, 2012, 03:49:40 pm »
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Troika diz que Grécia deve cortar custos na defesa e na saúde

Um documento preliminar da troika – Comissão Europeia, BCE e Fundo Monetário Internacional – insta a Grécia a focalizar-se exclusivamente na redução dos gastos, de modo a cumprir as condições de corte do défice necessárias para obter um segundo pacote de ajuda financeira externa, refere a Bloomberg.

O relatório, datado de 23 de Janeiro, coloca as empresas públicas, de saúde e da área militar no centro de uma vaga de medidas de austeridade correspondente a cerca de 1% do PIB, estimado no ano passado em 217 mil milhões de euros.

Os representantes da troika prepararam estas recomendações no âmbito dos receios de que o governo interino de Lucas Papademos não corresponda às expectativas de controlo do orçamento.

“Não estamos plenamente positivos em relação ao que tem sido feito, mas queremos, em conjunto, delinear um programa para o país”, comentou hoje em Davos, à Bloomberg, directora-geral do FMI, Christine Lagarde.

Recorde-se que Papademos assumiu funções em Novembro, com a missão de assegurar um segundo pacote de financiamento internacional, no valor de 130 mil milhões de euros, delineado na cimeira europeia de 26 e 27 de Outubro.

A Grécia tem de implementar as reformas acordadas e introduzir reformas económicas estruturais, incluindo no mercado laboral e na administração tributária, refere o relatório da troika.

O documento sugere também que a Grécia recapitalize os seus bancos, recorrendo a instrumentos sem direitos de voto. Por outro lado, os cortes nos gastos da saúde devem focalizar-se na redução dos custos farmacêuticos.

Além disso, a Grécia deve dar início a um programa destinado a reduzir em 150.000 o número de funcionários públicos, até 2015, diz o relatório.

A troika diz ainda que o governo grego deve colocar duas ou três grandes empresas na linha da privatização durante o segundo trimestre, de modo a ser consistente com as suas metas de vendas de activos.
 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #208 em: Janeiro 29, 2012, 11:18:05 pm »
Ministro das Finanças grego pede respeito pela 'identidade nacional'


O ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos, apelou hoje à Europa para respeitar «a identidade nacional» da Grécia e o princípio da igualdade entre Estados da União Europeia, após a proposta alemã de colocar Atenas sob tutela orçamental. «Alguém que coloca a um povo o dilema entre a ajuda financeira e a dignidade nacional ignora as lições históricas fundamentais», afirmou Venizelos, antes de partir para Bruxelas, onde participará numa reunião da União Europeia (UE).

«Os nossos parceiros sabem que a União Europeia se baseia na igualdade institucional de Estados-membros e no respeito pela identidade nacional», acrescentou, citado em comunicado.

Venizelos disse ainda que «os dirigentes dos países europeus, em particular dos que têm responsabilidades acrescidas na Europa devido à sua dimensão, sabem como tratar as questões entre parceiros».

Atenas já tinha rejeitado no sábado qualquer perda da sua soberania, depois de ter sido divulgada uma proposta da Alemanha, apoiada por outros países, para colocar a Grécia sob controlo orçamental da UE.

A referida proposta defendia que a Grécia ficasse sob tutela de «um comissário europeu para questões orçamentais» como condição prévia para a obtenção de um segundo programa de empréstimo de 130 mil milhões de euros.

Caso este segundo pacote não seja aprovado, a Grécia poderá entrar em incumprimento a partir de 20 de Março.

«A Grécia tem de melhorar de forma significativa o cumprimento dos compromissos assumidos com os credores» em matéria de redução de défice público, de reformas e de privatizações, diz o documento citado pela France Presse, «caso contrário a zona euro não está em condições de aprovar as garantias» para um segundo programa de empréstimo.

Para cumprir esta condição prévia, o país «deve aceitar uma transferência de soberania orçamental a nível europeu durante um determinado período».

O comissário sugerido seria nomeado pelos ministros das Finanças da zona euro com a missão de garantir o controlo orçamental do governo grego e com o direito de vetar decisões que não respeitassem os compromissos assumidos em relação aos credores.

Segundo o documento, o abandono de soberania da Grécia deveria ser inscrito na legislação nacional «de preferência através de uma emenda constitucional».

A Grécia já está de facto sob tutela parcial dos credores, que têm negociado sucessivos pacotes e programas, avaliados de forma regular, antes da concessão de novas 'tranches' do empréstimo já concedido, mas a proposta alemã marcaria uma perda de soberania sem precedentes.

Lusa
 

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Lusitano89

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #209 em: Fevereiro 05, 2012, 01:47:41 pm »
Juncker ameaça Atenas e não descarta insolvência da Grécia


O presidente do Eurogrupo e primeiro-ministro do Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, ameaçou hoje Atenas com o fim das ajudas da União Europeia e não descartou que a Grécia se veja confrontada com a capitulação e a insolvência. Se a Grécia não aplicar as reformas necessárias não poderá esperar que se produzam «os contributos solidários dos demais», afirmou Juncker em declarações à revista semanal alemã Der Spiegel, citadas pela EFE, nas quais augura a bancarrota do país num prazo de dois meses.

«No caso de chegarmos à conclusão que as culpas são todas da Grécia, não haverá um novo programa [de ajudas], o que significa que em Março se produzirá a declaração de quebra», afirma Juncker.

A simples possibilidade da insolvência do país poder acontecer deveria «dar aos gregos músculos, ao passo que neste momento apenas dão sinais de paralisia», acrescentou à revista o presidente do Eurogrupo, lamentando o atraso no processo de privatizações.

«A Grécia deveria saber que não vamos ceder no tema das privatizações», advertiu o chefe de governo luxemburguês, que sublinhou como elemento prejudicial para a imagem do país a «existência de elementos corruptos em todos os níveis da administração».

Jean-Claude Juncker destacou finalmente que antes de uma decisão sobre um novo programa de ajudas, os credores privados terão que ter decidido as respectivas contribuições para o resgate da Grécia e deverá haver conversações com as autoridades helénicas sobre medidas suplementares de poupança.

Lusa