Primeiramente devo cumprimentá-lo pelo alto nível do diálogo.
Por acaso tenho uma, para o Vitor um Português de verdade é um que tenha nascido neste triângulo na Península Ibérica?
Com todo respeito, tenho em mente que isso depende da perspectiva. A questão de nacionalidade e de sentimento pátrio transcende o lugar geográfico de onde o indivíduo nasce.
Então vai ter que falar com pessoas como o meu Pai e o seu irmão que são Açorianos e que serviram nas Forças Armadas Portuguesas, tendo o senhor meu tio ido parar a um outro território nacional de seu nome Angola e retornado de lá com stress pós-traumático.
Deixo aqui a minha reverência e imenso respeito pelo o Senhor vosso pai e o Senhor vosso tio.
Ou então com outros senhores como o senhor Tenente-Coronel Marcelino da Mata e seus camaradas que apesar de não terem nascido em Portugal continental e nem sequer terem sangue Português são tanto ou mais Portugueses que eu um branquinho da silva, nascido e criado no "continente".
Volto a dizer que é uma questão de perspectiva. Vou dar outro exemplo que é a origem oficializada como o nascimento do Exército Brasileiro. Trata-se da Batalha dos Guararapes. De um lado, um exército organizado, com forte artilharia, munição e equipamentos para a guerra, liderados por uma superpotência (Holanda). Do outro, soldados improvisados, em número muito inferior, ou seja, menos de um terço da quantidade de combatentes dos inimigos. Lutavam descalços e sem camisa, munidos apenas de espadas e facões. Mas com uma vantagem: conheciam como ninguém a topografia do cenário de guerra. E acabaram impingindo uma derrota humilhante aos adversários.
A luta em questão ocorreu em meio à lama, um verdadeiro combate encarniçado. Foram duas batalhas, que estão entre as mais decisivas para o futuro da América no século XVII. A Holanda que chegou ocupar parte do Nordeste Brasileiro enfrentou um Exército formado por portugueses, descendentes de portugueses nascidos no Brasil (ou portugueses, dependendo da perspectiva), indígenas e negros.
As derrotas sofridas pelos holandeses na região obrigariam, seis anos mais tarde, que eles abrissem mão de suas conquistas no Nordeste brasileiro. Por isso mesmo, não é exagero afirmar que foi ali, em Guararapes, os que habitavam a América portuguesa em sua porção territorial ao Nordeste, ajudaram a moldar aquilo que se tornaria a identidade brasileira.

Ser ou não ser, eis a questão... Como indígenas, africanos e filhos de portugueses nascidos no Brasil deram o sangue em prol do interesse da Coroa Portuguesa, já que lutaram para expulsar uma potência (Holanda) para legitimar o poder de outra (Portugal)?
Seriam esses brasileiros filhos de portugueses, africanos e indígenas, portugueses de espírito e de alma?
É aquilo que afirmei: questão de perspectiva.