O general, o armamentista e o cientista. O trio de homens-fortes por detrás do programa de nuclear de Kim Jong-un
O líder norte-coreano, que tomou posse com pouca experiência política e militar, fez-se rodear não de membros da elite social, mas de homens comuns com "capacidades extraordinárias". E deles fez os seus maiores confidentes e responsáveis diretos pelo desenvolvimento do sonho nuclear da dinastia dos Kim.
As recentes conquistas do programa de desenvolvimento de mísseis nucleares da Coreia do Norte são um motivo de orgulho para o líder norte-coreano, Kim Jong-un. Frequentemente, o chefe de Estado do país mais isolado do mundo é visto a comemorar o sucesso dos testes de mísseis balísticos com a sua comitiva e, entre abraços e trocas de sorrisos, está sempre o mesmo trio de homens-fortes, que se acredita estarem por detrás da aceleração armamentística do país.
As agências de segurança e inteligência ocidentais avançam que os homens em questão se tratam Ri Pyong-chol, um ex-general da Força Aérea e antigo chefe-adjunto do Comité Central do Partido dos Trabalhadores, Kim Jong-sik, um cientista de foguetes veterano e Jang Chang-ha, o responsável pelo desenvolvimento e aquisição de armas numa organização de pesquisa e desenvolvimento norte-coreana. Em conjunto, eles possuem o apoio e respeito do maior partido no poder e as capacidades militares e científicas necessárias para dar asas ao sonho nuclear do líder norte-coreano.
“Ao invés de as escolhas de Kim Jong-un passarem por burocratas, o líder parece quer manter os tecnocratas do seu lado, para que possam ser contactados diretamente por ele e persuadidos a avançar com urgência no desenvolvimento de mísseis balísticos”, conta à agência
Reuters An Chan-il, um antigo oficial norte-coreano que desertou para a Coreia do Sul em 2005.
Uma nova geração de confidentesEnquanto o pai do jovem líder norte-coreano, Kim Jong-il, se fez rodear de membros da alta sociedade do país, Kim Jong-un parece não ter seguido as pisadas do antecessor. O atual chefe de Estado chamou para seus confidentes um grupo de pessoas que não sendo da elite norte-coreana subiram a cargos de alta chefia com a promessa de levarem ao topo o programa armamentístico do país.
Kim Jong-sik e Jang Chang-ha são o melhor exemplo disso mesmo. Kim Jong-sik começou a sua carreira como técnico na aeronáutica civil mas, após ter desempenhado um papel fundamental no primeiro lançamento bem conseguido de um míssil em 2012, o norte-coreano viu a sua carreira subir ao ritmo frenético dos engenhos militares.
Não tardou a mudar de uniforme e a ocupar um lugar cimeiro na Agência Nacional de Desenvolvimento Aeroespacial da Coreia do Norte, onde tem desenvolvido tecnologias de inovação de mísseis.
O mesmo aconteceu com Jang Chang-ha. Dos três homens do círculo de influência de Kim Jong-un, este é provavelmente o menos conhecido fora das fronteiras do país. Sabe-se que Jang Chang-ha foi o presidente da Academia da Ciência e da Defesa Nacional, responsável pela pesquisa e avanços dados no sistema de mísseis e armas nucleares. Graças aos progressos feitos nesta área, o norte-coreano conquistou a simpatia e a confiança do líder norte-coreano.
O braço direito de Kim Jong-un“A grande figura neste trio é Ri Pyong-chol”, afirma Michael Madden, investigador e especialista norte-americano em política da Coreia do Norte.
O ex-general da Forca Aérea foi nomeado vice-presidente do Departamento de Indústria e Munições do Partido dos Trabalhadores. Conjugando a experiência política com o conhecimento militar, a Ri Pyong-chol foi confiada a supervisão do desenvolvimento do programa de mísseis balísticos do regime.
Nascido em 1948, Ri Pyong-chol estudou na Rússia e foi promovido para as fileiras do maior partido nacional na viragem do milénio. Depois disso, viajou em trabalho para a China, o maior parceiro comercial e geoestratégico da fechada Coreia do Norte, e acompanhou Kim Jong-un em visita a fábricas russas de fabrico de caças e engenhos militares.
À semelhança dos outros dois confidentes do líder norte-coreano, também Ri Pyong-chol integra a lista negra dos Estados Unidos pela constante violação do Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares (TPN).
Com pouca experiência política e militar, foi nestes homens que Kim Jong-un depositou a sua maior confiança e foi nas suas mãos que depositou os futuros avanços nucleares norte-coreanos. “Estes são os homens que trazem o programa de mísseis da Coreia do Norte para o século XXI”, sublinha Michael Madden.
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