Portugal nas Vésperas de uma Crise Social

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Cabeça de Martelo

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« Responder #45 em: Maio 30, 2008, 03:15:10 pm »
Citação de: "Lancero"
Dentro de uma geração já não haverá essas diferenças entre Europa Ocidental e de Leste. Infelizmente, penso que a ocidentalização do antigo bloco comunista vai exterminar essas poucas coisas, como a educação e preparação técnica, que o sistema comunista tinha.
Ai é que vai ser o bom e o bonito... Tudo (ainda mais) para a China.


Mas Lancero, eu quando andava no Liceu não tinha a possibilidade de escolher a via profissionalizante, as escolas mais perto seriam em Lisboa. Hoje em dia já há essa possiblidade e pelo que vejo há cada vez mais escolas do género e já há até cursos de 9º ano profissionalizantes (desde Electricistas a Bombeiros).
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...

 

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legionario

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« Responder #46 em: Maio 30, 2008, 03:17:51 pm »
Citação de: "Lancero"
Dentro de uma geração já não haverá essas diferenças entre Europa Ocidental e de Leste. Infelizmente, penso que a ocidentalização do antigo bloco comunista vai exterminar essas poucas coisas, como a educação e preparação técnica, que o sistema comunista tinha.
Ai é que vai ser o bom e o bonito... Tudo (ainda mais) para a China.


Encontramos muito melhor educaçao e preparaçao técnica noutros paises europeus...nao chore o sistema educativo comunista amigo! :)
"De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens"
António Ferreira Gomes, bispo
 

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« Responder #47 em: Maio 30, 2008, 03:21:42 pm »
o Lancero está a dar em comuna enrustido :?
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Lancero

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« Responder #48 em: Maio 30, 2008, 03:24:44 pm »
Referia-me ao respeito pelo estudo como instrumento para o trabalho e para a vida. E ao facto de ser nato que os estudos teriam de ser concluídos e com a melhor nota possível. Eras essas as vantagens do ensino comunista. Não nego que são valores pelos quais me guio  :wink:
E não sou comuna  :evil:
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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« Responder #49 em: Maio 30, 2008, 03:34:27 pm »
Ah pois,...a educaçao e o ensino !

Ja reparei que nos têm faltado ideias para resolver este problema !
Se calhar a soluçao até é simples : basta copiar e fazer como fazem os melhores paises .
A soluçao que foi adoptada : multiplicaçao de escolas e de escolinhas privadas, atribuiçao de equivalencias à balda, etc  parece mais soluçoes de nivel conjunctural, e nos precisamos é de mudanças estruturais ...

se nao souberem por onde começar, deixo a minha dica : comece-se desde menino ! ;)
« Última modificação: Maio 30, 2008, 03:54:15 pm por legionario »
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« Responder #50 em: Maio 30, 2008, 03:46:07 pm »
A minha irmã está a estudar numa escola pública sob gestão privada e aquilo é mesmo tudo muito controlado. Ela farta-se de estudar e as notas não são por aí além. Não há facilitismos, não há indisciplina, há muita cobrança por melhores notas, etc. A escola está a fazer tal sucesso que as outras escolas públicas estão a implementar muitas das regras da escola dela.

Vi muito miúdo indisciplinado e de familias "dificeis" a entrar para a escola e a se transformarem radicalmente.
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...

 

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« Responder #51 em: Maio 30, 2008, 03:53:30 pm »
Não pá, essa mesma instituição já tem duas escolas no meu concelho.

O problema é que muitas vezes não há "tomates" para dizer o céu é azul e mais nada, enquanto que os meninos querem que o céu seja cor de rosa.
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« Responder #52 em: Maio 30, 2008, 04:05:04 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"
Não pá, essa mesma instituição já tem duas escolas no meu concelho.

O problema é que muitas vezes não há "tomates" para dizer o céu é azul e mais nada, enquanto que os meninos querem que o céu seja cor de rosa.


desculpa, tinha apagado a mensagem anterior ;)

eu sei que ha muitas escolas boas no pais ... o que eu queria dizer é que nem todos conseguem la chegar .

Ha muito menos alunos no secundario, ensino técnico e superior, que nos outros paises europeus.
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António Ferreira Gomes, bispo
 

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« Responder #53 em: Junho 11, 2008, 08:28:35 am »
Bloqueio seca bombas e esvazia hipers
01h17m
Virgínia Alves
O quadro da paralisação já não se limita a camiões parados nas estradas portuguesas e espanholas, nas prateleiras dos hipers começam a faltar produtos e nas bombas de gasolina surgem cartazes de "esgotado".
O impacto da paralisação dos transportadores de mercadorias está a afectar vários sectores. O Grupo Jerónimo Martins conseguiu que alguns dos seus camiões partissem dos armazéns em direcção às lojas com escolta policial, "mas são insuficientes para abastecer as lojas e os fornecedores também não o conseguem fazer", disse ao JN, Frederico Machado, um dos responsáveis desse grupo.
Ontem começavam a faltar o peixe, a carne e os vegetais, os "produtos menos perecíveis ainda existem em armazém, mas por alguns dias", admitiu.
O grupo Os Mosqueteiros também começa a ficar preocupado, dizendo que se "o bloqueio continuar por mais dois ou três dias, vai começar a notar-se".
Quem soma já prejuízos de milhares de euros são os produtores de leite. "Cerca de meia dúzia optaram por destruir 10 mil litros de leite, porque não conseguiram fazer o transporte", afirmou Fernando Cardoso, da Federação dos Produtores de Leite, acrescentando que no Norte do país a "recolha está a ser feita com toda a normalidade".
Normalidade a Norte que também se faz sentir nos postos de combustíveis. "Em Braga estão a ser abastecidos. Postos sem combustíveis só no Algarve, na zona de Lisboa e alguns casos no Centro", adiantou Augusto Cybron, da associação de revendedores.
Enquanto aguardam uma conclusão em Portugal, todos salientam a paralisação em Espanha, que representará dificuldades para Portugal, pelos muitos produtos importados diariamente. Em Barcelona foi activado o Plano Básico de Emergências Municipais, para garantir o abastecimento prioritário. Em várias cidades os bens começam a escassear.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economi ... _id=956579






Protesto dos camionistas continua firme
01h17m
pedro olavo simões
No meio de entendimentos e desentendimentos entre os líderes, a paralisação de transportadores rodoviários ficou, terça-feira, manchada pelo atropelamento mortal, em Alcanena, de um motorista envolvido no piquete.
O Dia de Portugal teria sido calmo, em relação à véspera, se não tivesse ocorrido esse incidente mortal, de algum modo similar a outro verificado junto ao mercado abastecedor de Granada (Espanha). Há já problemas decorrentes do protesto, como falta de bens alimentares perecíveis e de combustíveis, mas o bloqueio propriamente dito, mais intenso no Sul do que no Norte, foi algo indefinido, após um cancelamento cancelado.
Confuso, é certo, mas aproximado da realidade. Anteontem à noite, a comissão de transportadores que liderava o protesto esteve reunida com responsáveis da associação do sector (ANTRAM), decidindo voltar à normalidade. "Ao percebermos o que estava a ser negociado com o Governo, verificámos que havia coisas boas", diz Jorge Lemos, empresário de Mangualde, explicando que o processo negocial "merecia o voto de confiança da comissão".
Ora, o choque deu-se entre os que protestavam. Os que estavam no terreno não concordaram com a comissão informal que os representava, insistindo em continuar o protesto. Desautorizada, a comissão deu por finda a própria existência, pelo que tudo ficou na mesma. Há casos, até, em que a paralisação é incontornável: nos atulhados parques de pesados, basta um camião sem motorista (muitos foram para casa, por ser feriado) para travar os restantes.
Tudo indicava, à hora de fecho desta edição, que hoje, dia em que são retomadas as negociações entre a ANTRAM e o Executivo, o protesto volte a subir de tom. "Há empresas que não aderiram ontem (anteontem), mas estão a preparar-se para aderir amanhã", diz-nos Jorge Lemos, lembrando que a paralisação em Espanha, ainda mais firme, também contribui para impedir a normalização.
Esperava-se para a madrugada de hoje, por exemplo, um regresso aos bloqueios no Porto, interrompidos no feriado. Nuno Salgado, porta-voz do movimento que levou a cabo, na semana passada, a "marcha cívica" que entupiu a Via de Cintura Interna, na Invicta, "o bloqueio vai reiniciar-se (...) nos mesmos pontos de segunda-feira, ou seja, no porto de Leixões e terminal TIR, em Matosinhos [Freixieiro, Perafita], e nas pedreiras de Entre-os-Rios e Penafiel".
Vários operadores entendem que as negociações poderão levar ao fim do bloqueio. Embora pouco transpire das reuniões de trabalho, presume-se que o Governo não faça concessões directas, mas facilite soluções alternativas, como a que passa pelo envolvimento dos concessionários de auto-estradas e por uma provável redução de portagens. Se o processo for inconclusivo, então, prepara-se um grande protesto para a próxima segunda-feira. E há quem preveja que, se por acaso o diálogo falhar, a própria ANTRAM possa pôr-se ao lado dos associados em revolta.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economi ... _id=956578
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« Responder #54 em: Junho 11, 2008, 11:32:57 am »
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Quarta Feira, 11.06.2008
 Economia  
Paralisação dos transportes continua
País pode parar se o bloqueio se prolongar por mais um ou dois dias

2008-06-11 09:56:32  

Lisboa – Segundo dados fornecidos pela ANAREC (Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis), muitos postos de abastecimento já se encontram sem combustíveis e caso os camionistas mantenham a paralisação por um período de um a dois dias, Portugal corre sérios riscos de parar.
 
Nesta altura, os combustíveis já acabaram em muitos postos de abastecimento um pouco por todo o país, sobretudo no Algarve e na zona da Grande Lisboa avançou a ANAREC, em comunicado.

A associação de Revendedores admite que, mesmo depois de os camiões começarem a circular, não é apenas num dia que a situação vai normalizar. São já muitos os serviços que estão em risco de paralisar devido ao bloqueio.

Segundo fonte oficial dos Aeroportos de Portugal, ANA, o aeroporto da Portela, o mais importante do País, só tem combustível para mais um dia.

Relativamente ao abastecimento dos hipermercados, Frederico Machado, um dos responsáveis do grupo. Jerónimo Martins afirmou que ontem começavam a faltar o peixe, a carne e os vegetais, os «produtos menos perecíveis ainda existem em armazém, mas por alguns dias».

Fernando Cardoso, da federação dos produtores de Leite avançou que os produtores de leite já perderam milhares de euros «Cerca de meia dúzia optaram por destruir 10 mil litros de leite, porque não conseguiram fazer o transporte», afirmou.

Os camionistas afirmam-se dispostos a manter os bloqueios até que o Governo ceda nas suas reivindicações, designadamente: gasóleo profissional, diminuição do ISP e outros benefícios fiscais.

Por outro lado, o corpo de intervenção da Polícia de Segurança Pública (PSP) está a escoltar grupos de camiões-cisternas, no total cerca de 40, que se dirigem a Lisboa e Setúbal, disse à agência Lusa Hipólito Cunha, porta-voz daquela força de segurança: «São cerca de 40 camiões, que seguem em grupos de 10, escoltados pela PSP», adiantou a mesma fonte.
 
(c) PNN Portuguese News Network

http://www.jornaldigital.com/noticias.php?noticia=16010
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ricardonunes

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« Responder #55 em: Junho 11, 2008, 11:41:09 am »
Gosto da 1ª foto.

Aquilo é o quê? Um "agente" dos piquetes?
Potius mori quam foedari
 

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nelson38899

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« Responder #56 em: Junho 11, 2008, 11:57:41 am »
e a pedra que ele tem na mão, é um email á moda antiga
"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 

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« Responder #57 em: Junho 11, 2008, 01:28:27 pm »
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Protesto dos camionistas

Aeroporto de Lisboa está sem combustível

Já não há combustível no Aeroporto da Portela para abastecer aviões comerciais. A ANA, aeroportos de Portugal, confirmou, há pouco à SIC, que existe combustível, mas apenas para voos de emergência, de estado e militares.

Estes stocks foram ontem abastecidos através de cerca 20 camiões cisterna, que tiveram de ser escoltados pela GNR.

Até ao momento não há registo de qualquer cancelamento de voos devido a esta situação.

"Não estamos a ter capacidade para reabastecer qualquer avião à excepção dos de emergência, militares e de Estado", disse à agência Lusa o porta-voz da ANA, Rui Oliveira, sublinhando não haver até ao momento registo do cancelamento de qualquer voo.

O responsável da empresa lembrou que as companhias aéreas foram alertadas segunda-feira para esta situação, consequência da paralisação dos transportadores que está a impedir o abastecimento de combustível ao aeroporto da capital, e por isso estão a abastecer em outros aeroportos.

É o caso dos aviões da TAP que estão a abastecer nos pontos de origem, no caso do médio curso, e a fazer escalas técnicas em aeroportos como o do Porto ou Funchal no caso das ligações de longo curso, segundo disse à Lusa fonte da transportadora nacional.

"No médio curso a TAP opta por fazer abastecimentos no exterior, no longo curso a avaliação e a escolha dos locais de abastecimento é feita caso a caso", disse à Lusa, Isabel Palma do gabinete de comunicação da TAP.

A responsável apontou o caso de dois voos que partiram hoje de manhã para Brasília e Rio de Janeiro, Brasil, e abasteceram no Porto, apontando ainda o caso de outra ligação com S. Salvador, cujo abastecimento está previsto para o Funchal "por se localizar na sua rota".

Admitindo que esta situação esteja a causar atrasos nas ligações aéreas, a responsável da TAP afirmou, no entanto, que nenhuma ligação foi cancelada até ao momento.

O aeroporto de Lisboa, onde a TAP tem a sua base operacional, é abastecido diariamente por cerca de 60 camiões cisterna, a partir de Aveiras, e tem reservas para três dias.

Na noite de terça-feira, chegaram ao aeroporto apenas 12 camiões cisterna, o que segundo Rui Oliveira deu apenas para repor as reservas.

Segundo o porta-voz da ANA, não há quaisquer problemas de abastecimento nos aeroportos do Porto e Faro

A TAP, no caso de voos de médio curso, os aviões chegam a Portugal já abastecidos. Ou seja, colocam combustível no estrangeiro. Nos de longo curso, o abastecimento tem sido feito, sobretudo, no Porto.


http://sic.aeiou.pt/online/noticias/din ... stivel.htm
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LM

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« Responder #58 em: Junho 16, 2008, 04:23:35 pm »
Abrupto Blog:

No dia 13 de Fevereiro de 2008 escrevi no Abrupto:

"Isto está de cortar à faca. É um pouco inevitável com a conjugação de três coisas em sequência: um pano de fundo de crise económica e social grave, que gera uma peculiar sensibilidade a questões como a corrupção, e, como na política não há alternativas, tudo desagua num ambiente pastoso, irritado e sem esperança. Hoje, num supermercado, um homem disse-me: 'Vai haver uma explosão'. Sei lá, alguma coisa vai haver. Não menosprezem os sinais."

Recebi o habitual coro de protestos. Que exagerava, que não havia nenhuma crise especial, que era preciso era optimismo, que os "velhos do Restelo" só viam coisinhas más no horizonte, que a oposição quer é que haja "explosões", etc., etc. Não me cito porque entenda que é preciso qualquer espécie de perspicácia notável para perceber o que já estava então a acontecer, até porque estamos também no domínio da self-fulfilling prophecy, mas por causa dos "sinais". Os sinais já são evidentes há muito tempo e alguma coisa, por pequena que seja, já devia ter sido feita e alguma pensada para os tempos mais difíceis que ainda não vieram. Porém, o Governo negou a realidade, ignorou os sinais, nada fez, nada faz e nada fará. Vai a caminho de um lindo enterro, cujo custo vamos pagar com juros.

Saímos de uma semana em que a lei e a ordem desapareceram das nossas estradas, com o sentimento crescente dia a dia da impotência e da apatia do Governo, com um primeiro-ministro balbuciante, ele que é tão lesto a falar do que lhe convém, e a crescente sensação de insegurança a penetrar mesmo a couraça patriótica do Euro 2008. No meio da exibição obsessiva do circo futebolístico, alimentado a milhões de euros pelo Governo na televisão "pública" que devia ser "diferente" e é ainda mais "igual" , as pessoas aperceberam-se que o país estava nas mãos dos piquetes do Carregado e que era mesmo melhor começar a comprar mantimentos e a fazer reservas de combustíveis, como se estivéssemos em vésperas de uma guerra civil ou no PREC, que é a mesma coisa. Só em criança eu me lembro de ver a minha mãe a encher a dispensa em 1958, porque era o que se deveria fazer quando havia risco de "revoluções" e, na sua memória portuense, havia o precedente de 1927. "É que pode não se poder ir à rua por causa dos tiros..."

Quando José Sócrates disse que o Estado estava "vulnerável" para lidar com a paralisação das transportadoras, ele só disse metade da verdade. É verdade que o nosso Estado é "vulnerável" a muitas coisas, a começar pela corrupção, mas, acima de tudo, quem esteve "vulnerável" foi o seu Governo, que deu um espectáculo de incompetência e negligência praticamente em todas as áreas sensíveis que estavam em causa. E mais: foi perigoso para todos nós, para a nossa segurança. Foi e é, porque a "explosão" ainda não acabou.

No debate parlamentar, de que só vi fragmentos, Sócrates fez o seu exercício habitual daquilo que, há muito, chamo o "argumento hegeliano": tudo o que aconteceu tem muita força porque aconteceu e, se aconteceu, é porque deveria ter acontecido". A versão governamental é sempre a mesma, as coisas aconteceram como deviam ter acontecido e só uns mal-intencionados da oposição pensam que podia ser de outra maneira. De outra maneira seria sempre pior, haveria mais caos, mais perturbação, mais riscos, se não fosse a "firmeza" e o "diálogo" governamental. Como as coisas não ocorreram "de outra maneira", o argumento hegeliano que se baseia na força do "acontecido" é excelente para justificar o poder. É, aliás, para isso que ele existe, para dar ao poder uma blindagem face à realidade, parecendo alicerçar-se na própria "realidade".

A polícia não actuou? Fez bem, porque, se actuasse, tinha sido uma catástrofe e não haveria acordo. O Governo demorou tempo de mais para negociar? O Governo demorou o tempo que foi preciso para haver acordo. Os "transportadores" violaram a lei? É menos importante do que o facto que a paralisação acabou porque o Governo soube "dialogar". Houve desacatos e violências? Houve, mas foram poucos em relação ao que poderia ter havido, caso o Governo não fosse "dialogante". E não se sai disto, o que aconteceu tinha que acontecer, ou melhor ainda, devia acontecer como aconteceu porque só assim "houve acordo". Pelo caminho ficou um morto e vários feridos, mas isso é pouco importante face ao caminho inexorável dos acontecimentos conduzidos pela mão preclara do Governo do PS.

Aliás, a vantagem do "argumento hegeliano" é que dá para tudo e para o seu exacto contrário. Hoje, assenta no acordo obtido na noite tumultuosa da reunião da Batalha, mas, se não tivesse havido acordo, a linha de argumentação do Governo seria a mesma. Se o acordo tivesse falhado e o Governo viesse para a rua com as polícias e o Exército, prendendo e reprimindo à bastonada, podem ter a certeza que o primeiro-ministro chegaria ao Parlamento a dizer que isso só demonstrava a "firmeza" do Governo, que tinha seguido a via do "diálogo", mas que encontrara uns desordeiros pela frente, pelo que a ordem pública tinha sido garantida. E que o seu Governo fizera exactamente o que devia fazer, no tempo em que o devia fazer e na forma em que o devia fazer.

Claro que o Governo não quer ouvir as perguntas que acertam na sua incompetência e fraqueza como setas em alvo próximo. Por exemplo: que medidas tomou desde o início do conflito para garantir os abastecimentos estratégicos, como o combustível para o aeroporto? Nada. O que é que fez para evitar rupturas de fornecimentos que podiam paralisar quase toda a actividade económica? Nada. O que é que fez para acautelar o escoamento dos produtos perecíveis? Nada. Que garantias de liberdade de circulação deu aos muitos camionistas, às muitas empresas de transportes, que não queriam participar na paralisação? Nenhuma. Que garantias nos deu, a todos, que o Estado não negoceia com quem está a violar a lei, não negoceia com quem está a usar a força para o intimidar, enquanto não for reposta a legalidade, o que todos pensavam ser uma boa doutrina para evitar que haja benefício do infractor? Nenhuma. Não só não deu garantias como premiou quem o fez, sentando-se à mesa diante da televisão com os piquetes ad hoc, ajudando a descredibilizar quem tinha elegido como parceiro, a ANTRAM, e premiando os métodos usados.

É que a alternativa não era, como o Governo pretende para nos enganar e justificar a fraqueza, entre o laxismo e a bastonada. Só o seria se o Governo não tivesse um plano, se o Governo não fizesse aquilo para que foi eleito, governar. É que desde início podia ter um plano e não tinha nenhum. Podia ter fechado os olhos à ilegalidade dos piquetes, permitir que eles abordassem os motoristas que não queriam paralisar, mas não permitir mais nada que não fossem assobios e vaias aos que passassem. Mas não. Permitiu a ocupação da via pública, a intimidação com ameaça, as pedradas e os incêndios. E fez ainda pior, permitiu que esses comportamentos de flagrante ilegalidade se fizessem diante dos olhos e ouvidos da GNR, cuja autoridade minou diante dos camionistas e diante de todos os que viam na televisão um guarda passivo enquanto os membros dos piquetes abriam à força as portas das cabinas para ameaçar os motoristas de que, alguns metros a seguir, haveria pedradas, pelo menos. Apesar de todas as violências e de crimes públicos estarem a ser cometidos diante das autoridades, ninguém foi preso, como no caso dos Verdeufémios e da destruição do milho transgénico, apenas foram "identificados". Como é que podia ser de outra maneira, se aqueles homens estavam sentados à mesa com o ministro, se naqueles dias eram eles que impunham a lei da força?

Aquilo a que assistimos esta semana foi um bem triste retrato da impotência, da negligência e da fraqueza. Mas foi só um início. Esta caixa é como a de Pandora, abre-se e depois não se fecha, e nem mil anões da propaganda, nem o poderoso Hegel, a conseguem fechar.

(Versão do Público de 13 de Junho de 2008.)
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

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« Responder #59 em: Junho 16, 2008, 05:26:51 pm »
Onde pára a Ferreira Leite?

Estes silêncios são muito, muito estranhos.
Ou talvez não.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...