Viva a todos
Não concordo com o forista Instrutor, no que respeita à possível utilização dos HUMMWE na BMI; misturar meios mecanizados (lagarta) com meios blindados (rodas), penso que seríamos pioneiros nesse aspecto. Existiram sem dúvida os M151A2 na 1ªBMI (até 1994). 1ª BMI significava Brigada Mista Independente, isto é, a estrutura principal era formada por 1 Batalhão Mecanizado e 2 Batalhões Motorizados, além do Grupo de Carros de Combate e de uma Bateria de Artilharia com M109 (até 2002, salvo erro, as restantes baterias eram rebocadas com peças d artilharia de 10,5 cm).
As unidades mecanizadas têm características próprias, que se baseia na mecanização do sistema de tracção (mecanismo por lagartas); as unidades motorizadas blindadas (ou sem o serem), geralmente possuem equipamentos com tracção motriz de 4x4, 6x6, 8x8, etc.
Penso que os HUMMWE servirão melhor como meios de reserva, do que para equipar CAC, ou Erec de unidades mecanizadas... simplesmente e do ponto de vista táctico não tem nexo... para isso existem unidades blindadas motorizadas (Brigada de Intervenção).
Relativamente à viatura VBR, acho que seria uma óptima escolha, por ser recente e por termos experiência com material idêntico de origem francesa. Aliás os francesses só agora estão a começar a utilizar operacionalmente as VBR, e em certas unidades, estas viaturas actuam em conjunto com as VBL, pois complementam-se. Entenda-se o seguinte: a título exemplificativo, se tivermos 1 mecânica idêntica em dois veículos distintos, será mais fácil (menos custos) mantê-los operacionais do que se forem veículos completamente diferentes. Se numa Secção de Exploração de Combate, de um Esquadrão de Reconhecimento, existirem uma viatura a diesel e outra a gasolina, que fiquem "empanadas" (sem combustível) acreditem que a secção de reabastecimento tem que ter dois veículos de logística, um que transporte diesel e outro de gasolina para os poder reabastecer.
Outro factor a ter em conta, é a manutenção/custos. As VBL/VBR são equipadas com motor diesel, as HUMMWE com motor a gasolina cujos consumos astronómicos, e ao preço que ela está... até ao Ministério da Defesa custa. Aliás e como referi num post anterior aconteceu em Santa Guida, nos finais dos anos 90, as verbas destinadas para combustível (para as M113A1, se a memória não me falha) terminar a meio do ano, o que comprometia a realização de exercícios a partir dos meses de Julho/Agosto; pode não parecer importante, mas ao invés de se treinar uma incorporação, em infantaria mecanizada... a solução era treiná-la em infantaria apeada.
Mudam-se os tempos... mudam-se as vontades, como diz o provérbio. Pelo menos, vejo hoje em dia as altas chefias a optar por material práctico e útil tendo em conta as nossas limitações político e económicas, em vez de aceitar a baixo preço, aquilo que os outros já não querem. Os alemães deram M113A1, os holandeses deram M113A2, os américas pagavam a base das Lajes com material que estava ultrapassado para eles. É certo que mais vale aceitar a recusar, mas aceitar para não usar... é mau.
Esquecia-me, outra das vantagens das VBR, é a sua oferta a nível de opções de fábrica. Ele é versão Anticarro (MILAN, TOW/ITAS e Spike), a versão de Reconhecimento (torre PL127/40, metrelhadoras de disparo remoto - RWS), a versão de comando (Comando e Controlo, Vigilância do Campo de Batalha, Ponto de Acesso Rápido, Controlo de Tiro de Artilharia, etc), até ao transporte de pessoal (8 soldados na versão alongada).
Se comprarem um carro de fábrica sem tecto de abrir e depois quiserem instalar um, garanto-vos que mais cedo ou mais tarde a água vai entrar no hábitáculo, e a garantia de fábrica perde-se; com os HUMMWE, foi quase a mesma coisa, quando precisámos deles, constatámos que não possuiam blindagem suficiente, e tratámos de a colocar (Plasan Israelita); logo mais vale optar por sistemas que nos possiblitem uma ampla opção de escolha de raiz (na construção) e que servim só para isso. Acho que as Panhard (VBL e VBR) actualmente oferecem um leque amplo de escolhas bastante satisfatório a nível de preço qualidade (se bem que a utilização práctica do VBR ainda não se tenha verificado) logo desde a sua construção / montagem. E depois é produto europeu. Os americas que arrastem e vendam os seus ao lamaçal que é o Iraque...
Cumprimentos.