Mergulhadores da Armada executam 50 missões de inactivação de engenhos explosivos por ano
O destacamento de mergulhadores sapadores n.º 1 da Armada, responsável por inactivar engenhos explosivos no mar e em terra, leva a cabo cerca de 50 missões por ano para garantir a segurança em toda a linha da costa portuguesa. 
O comandante do agrupamento de mergulhadores, Duarte da Conceição, explicou que «a missão destes mergulhadores é tornar seguros para a população engenhos explosivos convencionais terrestres, submarinos e improvisados que surjam na área de jurisdição da Marinha». 
Na prática, resumiu, «o engenho explosivo aparece numa praia, num canal, num porto ou num navio e é identificado, inactivado e transportado para uma área onde possa ser destruído em segurança». 
Uma operação deste tipo, acrescentou o comandante, pode ser activada por um cidadão comum: «Sempre que alguém encontre um engenho destes deve alertar quem está perto para que não mexa no objecto e telefonar de imediato para o posto da polícia marítima ou para a capitania de porto que estiver mais próxima». 
A partir daqui as autoridades tomam conta da ocorrência e o comando naval activa os meios. Neste caso, entra em acção o destacamento n.º1 dos mergulhadores da Armada. 
Anualmente, este destacamento leva a cabo cerca de 50 missões de inactivação de engenhos explosivos em toda a costa portuguesa. 
Oitenta por cento são no âmbito da pirotecnia e de suspeitas de engenhos explosivos improvisados, e as restantes são originadas pelo aparecimento de engenhos provenientes de exercícios navais, do Exército ou da Força Aérea. 
O comandante Duarte da Conceição sublinhou que, «apesar destes números, até hoje não aconteceu nenhum acidente». 
O sucesso das missões depende muito do treino. É regular a criação de cenários em que os mergulhadores simulam situações de perigo real. 
«São missões quase todas reais, o treino é real, manuseia-se sempre com explosivos, faz-se sempre mergulho e não há mergulho simulado nem há brincadeiras com explosivos», assegurou. 
«Estas equipas têm que actuar em todas as áreas para as quais estão qualificadas. Por isso, o plano de treino contempla, entre outras valências, a área de guerra de minas, inactivação de engenhos explosivos, operações de defesa dos portos e de assalto e limpeza das praias», acrescentou. 
Entre os meios utilizados nestas missões, o comandante garantiu que a tecnologia é de ponta mas reconheceu que «em algumas ocasiões o quantitativo de material e equipamento pode não ser suficiente». 
«O investimento de que sentimos necessidade prende-se essencialmente com a quantidade, mas, de qualquer das maneiras, posso afirmar que com o que temos actualmente podemos responder aos desafios levantados pelas missões», afirmou. 
Por ano participam em vários exercícios NATO no âmbito da guerra de minas, entre eles o DEEP DIVER – exercício de mergulho profundo (81 metros) -, o ALCUNDRA/SPIMMEX – exercício realizado em Espanha e o OLIVE NOIR, que se realiza em França. 
Os mergulhadores da Armada foram criados em 1899 pelo rei D.Carlos I para actuarem na área do socorro e salvamento. 
Foi durante a Guerra Colonial, nos anos 60, que esta unidade adquiriu potencialidades e valências militares na área da inactivação de engenhos explosivos. 
Lusa