Deus, auribus nostris audivimus, Patres nostri annuntiaverunt nobis, opus, quod operatus es in diebus eorum, et in diebus antiquis. Ouvimos (começa o profeta) a nossos pais, lemos nas nossas histórias e ainda os mais velhos viram, em parte, com seus olhos as obras maravilhosas, as proezas, as vitórias, as conquistas, que por meio dos portugueses obrou em tempos passados vossa onipotência, Senhor. Manus tua gentes disperdit, et plantasti eos; afflixisti populos et expulisti eos. Vossa mão foi a que venceu e sujeitou tantas nações bárbaras, belicosas e indômitas, e as despojou do domínio de suas próprias terras para nelas os plantar, como plantou com tão bem fundadas raízes; e para nelas os dilatar, como dilatou e estendeu em todas as partes do Mundo, na África, na Ásia, na América. Nec enim in gladio suo possederunt terram, et brachium eorum non salvavit eos, sed dextera tua et brachium tuum et illuminatio vultus tui, quoniam complacuisti in eis. Porque não foi a força do seu braço, nem a da sua espada a que lhes sujeitou as terras que possuíram e as gentes e reis que avassalaram, senão a virtude de vossa destra onipotente e a luz e o prêmio supremo de vosso beneplácito, com que neles vos agradastes e deles vos servistes. ...
Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras.
Não basta que as coisas que se dizem sejam grandes, se quem as diz não é grande. Por isso os ditos que alegamos se chamam autoridade, por que o autor é o que lhe dá o crédito e lhe concilia o respeito.
O fruto, quando está maduro, se se não colhe, cai e apodrece. Não está a felicidade em viver muito, senão em viver bem.
Quem quer mais que lhe convém, perde o que quer e o que tem.
Muitos cuidam da reputação, mas não da consciência.
Que coisa é a conversão da alma, senão um homem dentro em si e ver-se a si mesmo?
O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive.
Há homens que são como as velas; sacrificam-se, queimando-se para dar luz aos outros.
Nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos nos dias em que fazemos. Nos dias em que não fazemos apenas duramos.
A admiração é filha da ignorância, porque ninguém se admira senão das coisas que ignora, principalmente se são grandes; e mãe da ciência, porque admirados os homens das coisas que ignoram, inquirem e investigam as causas delas até as alcançar, e isto é o que se chama ciência .
Mais afronta a mesura de um adulador, que uma bofetada de um inimigo.
Não há alegria neste mundo tão privilegiada, que não pague pensão à tristeza.
Palavras sem obras são tiros sem bala; atroam, mas não ferem.
Para nascer, pouca terra, para morrer, toda a terra; para nascer Portugal, para morrer o mundo.
Parto para a minha província do Brasil.
Não quero ter mais pátria do que o mundo, e não acabo de acabar comigo não ser português.
António Vieira - todas.