Bispos muito zangados

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Bispos muito zangados
« em: Julho 10, 2007, 12:31:23 pm »
Conferência Episcopal reúne amanhã
Bispos muito zangados com Governo
09.07.2007 - 08h49 António Marujo, PÚBLICO


O conselho permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reúne amanhã, terça-feira, em Fátima, com uma agenda carregada de zangas com o Governo: solidariedade, comunicação social, educação, segurança social, capelanias hospitalares e prisionais e aplicação da Concordata - vários são os temas que os bispos consideram que não estão a correr bem no diálogo com o executivo, para dizer o mínimo.

Da CEP, ninguém quer, para já, abrir mão dos argumentos e das alternativas que estão em jogo. Mas vários responsáveis católicos garantem ao PÚBLICO que o conselho permanente pode decidir convocar uma assembleia extraordinária da CEP para discutir estes temas - coisa rara na história do episcopado português. Em alternativa, podem escolher publicar uma nota pastoral, que daria expressão pública ao seu "mal-estar" no diálogo com o Governo. Em qualquer dos casos, já foi pedida uma audiência dos bispos ao primeiro-ministro, para tentar aplanar terreno. O pedido estará até agora sem resposta.

Entre os vários responsáveis ouvidos pelo PÚBLICO, não se poupa nas palavras: perversão, exigências exorbitantes, ataque à Igreja Católica, falta de diálogo. O padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), diz que este organismo tem "muitas preocupações". A CNIS congrega cerca de 2500 instituições, pouco mais de metade estão ligadas à Igreja.

Lino Maia diz que, em primeiro lugar, a divergência tem a ver com os ATL. "Corremos o risco de ter que encerrar." Esta consequência pode ter um custo social: 20 mil desempregados em 870 instituições, ligadas à Igreja e não só. Em causa está "o direito dos pais a escolher entre a resposta pública do prolongamento do horário escolar ou a resposta dos ATL".

O responsável da CNIS acredita que pode chegar a acordo com o Governo, mas de um princípio não arreda pé: "Não prescindimos deste direito de escolha e espero que o Governo o contemple". "O prolongamento do horário escolar é bom", afirma, "mas a resposta do ATL é uma escolha normal para muitos pais".

Lino Maia cita como exemplo uma reunião realizada a 30 de Junho. Apesar de convocada em cima da hora, compareceram 400 responsáveis de instituições particulares de solidariedade social (IPSS) com ATL. "Só um estava de acordo com a proposta do Governo." Maia compreende que a preocupação maior dos responsáveis da Igreja seja com os centros sociais paroquiais. Em relação às direcções destes organismos, diz, "há exigências exorbitantes do Estado que não podem ser asseguradas por voluntários", situação em que está a maior parte dos seus dirigentes.

Desagrado católico

"As IPSS são instituições que prestam um serviço de qualidade. Mas exige-se muito mais às IPSS que aos equipamentos públicos. E o Estado só comparticipa 42 por cento dos custos reais das valências. O resto é obtido com comparticipação dos utentes, dádivas e ofertas dos dirigentes."

A comissão dos bispos para a Pastoral Social irá entretanto fazer um levantamento dos principais problemas que as medidas do Governo podem provocar, quer em termos de emprego quer de custos para as instituições.

Na comunicação social, o desagrado católico não é menor. "Quem se quer atingir com a nova lei?", pergunta um responsável ligado à estrutura da Conferência Episcopal. Referindo-se à proposta de lei do Governo sobre o pluralismo e a não concentração dos media, o mesmo responsável afirma: "Parece que não se pode ter sucesso. O Estado pode, mas um outro proprietário já não. A lei parece que está feita para atingir a SIC e a Igreja, nomeadamente a Rádio Renascença". Entre os responsáveis católicos do sector, conta a mesma fonte, já houve quem apontasse uma alternativa para contornar, por exemplo, a limitação dos 30 por cento de capital que um mesmo proprietário pode deter: vender a RFM à Conferência Episcopal Espanhola. "É óbvio que isto não é solução, mas o que o Governo quer fazer também não nos agrada", diz este responsável.


fonte
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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ricardonunes

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« Responder #1 em: Julho 11, 2007, 11:30:32 pm »
Um "doce", mesmo oportuno :roll:

Mil milhões por ano para acção social


Citar
O Governo prepara-se para transferir cerca de mil milhões de euros para instituições de solidariedade social - na esmagadora maioria relacionadas com a Igreja Católica - no âmbito das actividades que estas desempenham no apoio aos cidadãos mais carentes e mais desfavorecidos.

Segundo apurou o DN, está a ser ultimado um protocolo entre o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e aquelas entidades - Misericórdias, mutualidades e instituições particulares de solidariedade social - que fixa o montante anual a transferir dos cofres estatais no apoio à acção social privada. Segundo revelou fonte governamental ao DN, este protocolo serve também de "homenagem ao esforço desenvolvido, há já largos anos, pelas instituições ligadas à Igreja Católica no apoio aos mais desfavorecidos da sociedade portuguesa".

O montante estatal justifica-se, de acordo com a mesma fonte, "para evitar que as famílias desfavorecidas paguem assistência social a preços de mercado, o que constituiria uma manifesta injustiça".

Outra fonte governamental assegurou ao DN que o Executivo de José Sócrates "em caso algum" abrirá um conflito com a Igreja Católica, sublinhando que "existem as melhores relações", até no plano pessoal, entre diversos membros do Executivo e os mais altos representantes da hierarquia católica, incluindo o cardeal-patriarca de Lisboa.

O Governo prepara-se para alterar o código contributivo, no âmbito da reforma da segurança social. Os sacerdotes católicos têm um regime de excepção - tal como vários outros segmentos profissionais -que poderão sofrer modificações. A intenção é simplificar os procedimentos e atenuar as mais de 60 excepções contempladas na legislação ainda em vigor. Incluindo as que contemplam os padres católicos.

"Tudo será feito em permanente diálogo com a Igreja, que merece o mais profundo respeito do Governo", assegurou ao DN uma fonte próxima do ministro do Trabalho Vieira da Silva - por sinal um dos membros do Executivo que mantém relações mais estreitas com a hierarquia católica. Recusando também a existência de um clima de confrontação entre o Governo e a Igreja Católica.

O jornal Público noticiava ontem que o conselho permanente da Conferência Episcopal Portuguesa reúne-se hoje em Fátima "com uma agenda carregada de zangas com o Governo" - do campo da solidariedade à comunicação social, passando pela educação.

Fontes eclesiásticas citadas pelo Público admitiram que a hierarquia católica possa vir a publicar uma nota pastoral em que torne público o seu "mal-estar", suscitado por problemas que vão da falta de apoio à Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, pertencente à Igreja, até à proposta de lei do Governo sobre titularidade dos órgãos de comunicação social, que tem merecido críticas da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã.

DN
Potius mori quam foedari
 

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SSK

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« Responder #2 em: Julho 11, 2007, 11:36:04 pm »
Pois é sempre que se abana o mealheiro caiem umas moeditas :evil:
"Ele é invisível, livre de movimentos, de construção simples e barato. poderoso elemento de defesa, perigosíssimo para o adversário e seguro para quem dele se servir"
1º Ten Fontes Pereira de Melo
 

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P44

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« Responder #3 em: Julho 12, 2007, 11:15:17 am »
já vi que ninguém reparou nesta frase :mrgreen:

Citar
Entre os responsáveis católicos do sector, conta a mesma fonte, já houve quem apontasse uma alternativa para contornar, por exemplo, a limitação dos 30 por cento de capital que um mesmo proprietário pode deter: vender a RFM à Conferência Episcopal Espanhola.
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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PereiraMarques

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« Responder #4 em: Julho 12, 2007, 11:22:34 am »
Citação de: "P44"
já vi que ninguém reparou nesta frase :rir:
 

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Upham

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« Responder #5 em: Julho 12, 2007, 09:27:15 pm »
Boa Noite! :)

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Agora é que é o fim de Portugal, depois da Maçonaria é agora a "Santa Madre Igreja" que "conspira" contra Portugal...


Eu não iria por aí, mas que de uma certa prespectiva, a "Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana" é um Estado Plurinacional isso penso que é. E bem poderoso..................

Cumprimentos!
"Nos confins da Ibéria, vive um povo que não se governa, nem se deixa governar."

Frase atribuida a Caio Julio César.