A conversa dos 5% provavelmente é apenas mais um devaneio da administração Trump. É atirar um número ao ar a ver se cola.
Mesmo que no papel o interesse pudesse ser os europeus gastarem tanto dinheiro em material americano, a mesma administração certificou-se que isso não acontecia em grande parte, devido à toxicidade da nova política externa que trata aliados quase como adversários.
Dos produtos americanos, apenas o F-35 e respectivo armamento é incontornável. Em praticamente tudo o resto, os europeus comseguem produzir, ainda para mais se fossem todos gastar 5% do PIB em Defesa, e tanto dinheiro permitia desenvolver do zero projectos que hoje não são considerados financeiramente viáveis.
Em termos estratégicos pode até fazer sentido a ideia de gastar tanto em Defesa, que permitiria ao Ocidente atingir uma clara supremacia militar, ao ponto de ser possível enfrentar diversas ameaças em simultâneo sem ter receio da "mantar destapar de um lado para tapar do outro". No entanto não é realista.
Em Portugal nem aos reais 1.5% chegamos, estando muitos difícil chegar aos 2. Chegar aos 2.5-3% já seria uma verba considerável que, se bem gastos, nos colocava num patamar muito interessante.
Relativamente aos estaleiros na Ásia a produzir navios para os EUA, é completamente diferente de os produzir na Europa. Se a ideia for construir mais Burkes, os estaleiros sul coreanos e japoneses já têm experiência com navios daqueles.
Na Europa, há mais potencial para produzir componentes de F-35, reforçando a cadeia logística, do que produzir navios para a USN. Tal como há mais potencial para produzir munições (nomeadamente mísseis) - algo parecido com a possível produção de AMRAAM no Japão.
Em termos de navios, se fosse um estaleiro europeu a produzir alguma coisa, provavelmente seriam umas Constellation mais parecidas com o design original. Mas com tanta invenção, o projecto já pouco tem em comum com as FREMM. Os americanos agora devem olhar para as T26 do Canadá, e babar-se, que têm muito mais espaço para expansão futura, e já vêm de raiz pensadas com equipmento americano.
Uma nota interessante, é que se os Sejong the Great já são baratos para os navios que são, então com a economia de escala associasa à produção em massa de Burkes, o custo unitário poderá ficar "perigosamente" próximo de certas fragatas europeias.
