Obrigado pelo post, Paisano. Depois de ter lido a notícia do Washington Post a que este artigo se refere (
http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/articles/A40469-2005Feb20_2.html), reparei que o artigo da Tribuna da Imprensa tinha alguns erros. Por exemplo, naquele artigo lê-se o seguinte:
Para fazer frente à redução do número de soldados na ativa, o exército cortou praticamente pela metade o período de treinamento entre o dia em que o novo recruta assina seu contrato e o que é considerado preparado para entrar em ação.
Na verdade, o artigo do Post indica que o exército cortou pela metade o número de dias entre o dia em que o novo recruta assina o seu contrato e o dia em que começa o treinamento básico (boot camp), o que é uma coisa completamente diferente do dia “em que é considerado preparado para entrar em acção.” Nada indica que o treinamento em si foi reduzido. Leiam o original em Inglês:
Meanwhile, the Army is rushing incoming recruits into training as quickly as it can. Compared with last year, it has cut by 50 percent the average number of days between the time a recruit signs up and enters boot camp. It is adding more than 800 active-duty recruiters to the 5,201 who were on the job last year, as attracting each enlistee requires more effort and monetary incentives.
O artigo da Tribuna também diz que:
Diante da escassez de soldados na ativa, quase 48% das forças do exército que operam no Iraque e Afeganistão estão compostas por efetivos da Guarda Nacional e da Reserva.
Não é bem assim. Em primeiro lugar, o número “48%” não aparece no artigo do Post. E o Post não indica que há uma “escassez” de soldados na ativa; o que diz é o seguinte:
Because the Army is the main U.S. military ground force, its ability to draw recruits is critical to the nation's preparedness to fight current and future wars. The Army can sustain its ranks through retaining more experienced soldiers -- and indeed retention in 2004 was 107 percent -- but if too few young recruits sign up, the force will begin to age. Moreover, higher retention in the active-duty Army translates into a dwindling stream of recruits for the already troubled Army Guard and Reserve.
Isto quer dizer que o exército tem conseguido reter praticamente todos os seus soldados; a preocupação é em recrutar soldados novos (o que é uma preocupação maior para a reserva do que para a ativa). Mas mesmo aí o problema está a ser exagerado. O artigo do Post indica que desde Outubro 2004 (o começo do ano fiscal 2005), o exército recrutou mais de 22 mil soldados, excedendo a sua meta por mais de 100:
Army officials say the challenge is not yet a crisis. As of Jan. 31, the Army tallied 22,246 active-duty recruits for fiscal 2005, exceeding the year-to-date mission by more than 100.
Isto indica que na realidade, desde o princípio do ano, o recrutamento tem acelerado; o problema que o artigo do Post aponta no seu segundo parágrafo é que pela primeira vez desde 2001, o recrutamento na sua média para o ano fiscal de 2005 (Outubro 2004 até o presente) está a 18.4%, quando a meta é de 25%.
For the first time since 2001, the Army began the fiscal year in October with only 18.4 percent of the year's target of 80,000 active-duty recruits already in the pipeline. That amounts to less than half of last year's figure and falls well below the Army's goal of 25 percent.
É verdade que o exército americano de hoje em dia tem 300 mil menos soldados do que em 1991, mas isto não é por falta de voluntários, mas sim é consequência de um limite imposto pelo congresso americano.
O artigo do Post não indica que menos pessoas estão interessadas em entrar em contacto com as centrais de recrutamento, mas sim que estão a demorar um pouco mais que nos últimos quatro anos a concretizarem a sua decisão de assinarem o contracto: querem falar pessoalmente com os “recrutadores,” e esperam e reflectem um pouco mais antes de se decidirem. Vejam:
"The youngsters that are joining us are spending more time with the recruiters before they raise their right hand," [Lt. Gen. Hagenbeck] said. Today, most prospective enlistees contact the Army via the Internet, he said, asking numerous questions that require more recruiters to answer online and follow up with phone calls.
But few candidates will join up before meeting a recruiter in person and spending significant amounts of time with one, he said. "They ultimately want to see a soldier, a recruiter, and talk to them eyeball to eyeball," he said. As a result, "the recruiter who could go out and recruit two people this week might be consumed with recruiting that one."
Não me parece que mais jovens americanos estejam a “fugir” do serviço militar hoje do que anteriormente, mas sim que estão a reflectir mais seriamente antes de decidirem vestir a farda. No fim, estes recrutas talvez serão ainda mais dedicados à sua nova profissão do que aqueles que tomam uma decisão impulsiva. Mas também é verdade que se o exército continuar a recrutar pessoal com menos rapidez que nos últimos quatro anos, eventualmente não conseguirão subsituir imediatamente, um por um, os soldados que se aposentam ou deixam a ativa.