Obviamente que essas pessoas não só desvalorizam totalmente a experiência e proficiência internacionalmente reconhecida das Forças Armadas portugueses - e, em especial, do Exército - nas missões no exterior, como ignoram as limitações da GNR para conduzir operações militares convencionais.
É claro que temos que «dar o desconto» a essas afirmações, são afirmações em defesa da corporação, que não são de estranhar.
Mas veja, que as afirmações que eu referi não desvalorizam em nada a experiência das Forças Armadas. O que eles dizem, é que têm mais capacidade operacional que o exército, dentro do país.
Francamente, acho pouco lógico que se advogue aqui a reestruturação e reequipamento (...) da GNR(...) sem antes advogar que um esforço financeiro idêntico ocorra nas Forças Armadas.
Mas não creio que alguém advogue uma coisa dessas.
A GNR não serve para substituir o exército, ela só serve para o complementar.
Ocorre que a modernização do exército é muito cara, e a reestruturação implica provavelmente encolhe-lo bastante mais que o que existe hoje.
É impossível passar por cima de contas simples.
Mesmo que tenhamos três brigadas com 6.000 homens cada (considerando elementos de apoio logística transportes e administração) e que desses 6.000 só 2.000 possam ser utilizados operacionalmente e que desses, 25% ou seja 500 militares possam ser colocados em operações no estrangeiro, mesmo assim teriamos uma capacidade expedicionária de aproximadamente 1500 militares, podendo ser aumentada. Ou seja, mais que o que temos hoje.
Isso implicaria uma força com um máximo de 18.000 militares no exército.
Com um exército destinado ou vocacionado para operações expedicionarias, a defesa do território que não é tão exigente porque não temos de momento nenhum tipo de inimigo que justifique forças territoriais poderosas poderia ser da responsabilidade da GNR.
Na prática, trata-se de transformar as forças da GNR numa espécie de pau para toda a obra. Uma força militar com especializações em combate de emergência a incêndios, ordem pública em situações de maior necessidade de intervenção violenta em apoio da PSP e a defesa do território em caso de necessidade, em apoio do exército.
Não é nada que a GNR não esteja vocacionada para fazer, que a própria Lei não lhe atribua.
O que acontece é que hoje, a GNR pouca capacidade teria para agir como força secundária adequada à defesa territorial, porque pura e simplesmente não tem formação e as armas adequadas para o fazer.
Os custos de tal formação são absolutamente irrisórios quando comparados com os custos de reequipamento do exército, por isso a questão do dinheiro não se coloca.
A GNR pode ser equipada ou adaptada ou ligeiramente melhorada com equipamentos relativamente baratos. Com o preço de um pelotão de tanques Leopard-2 novos, você equipa a GNR com mísseis anti-tanque, Jipes todo o terreno e um sistema de comunicações moderno e dificil de quebrar.
A utilização da GNR como força de defesa territorial não tem nada, absolutamente nada de duplicação nem de aumento de custos. É sim, uma forma de gastar menos dinheiro.