Comandos já não treinam a sedeTropa especial celebra 60 anos no dia 29.
Faltam 146 homens para o número de efetivos previsto pelo ExércitoVÍTOR MATOS
Os comandos não reduziram a dureza dos cursos, mas deixaram de treinar a sede dos instruendos, que levada ao limite e conjugada com o calor na chamada “prova de choque” ou “prova zero”, levou à morte de dois militares em 2016. O treino da desidratação, que era uma das tradições nos comandos, acabou: “A sede não se treina”, disse ao Expresso o tenente-coronel Ricardo Camilo, comandante do Batalhão de Formação do Regimento de Comandos, no âmbito de uma reportagem que será publicada na revista E, na próxima semana, sobre os 60 anos desta tropa especial — comemorados no Regimento da Carregueira na quarta-feira, dia 29.
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“Não podemos repetir os mesmos erros”, admite, e refere a experiência que o tenente-coronel Camilo teve nos Estados Unidos, quando fez um curso de Rangers, em que a hidratação era essencial. “Preparamos guerreiros”, diz o coronel, para justificar a dureza física e psicológica da instrução, “mas somos os maiores defensores dos nossos guerreiros. Só não o posso mostrar durante o curso”, que é uma “encenação” para criar uma habituação nos instruendos ao esforço e ao stresse, para que não hesitem mais tarde nas situações de combate real.
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Desde a reativação do regimento, em 2002, foram formados 1304 comandos, dos 3028 que iniciaram os 39 cursos que decorreram desde então. Neste momento, o regimento da Carregueira tem 431 efetivos, dos quais 253 são tropas comandos: 180 regressaram em maio da missão na República Centro-Africana. O número não é elevado, até porque os problemas de recrutamento são transversais às Forças Armadas: os efetivos desta tropa estão a 58% das necessidades e faltariam 146 homens para o número total de 400 comandos previstos pelo Exército.

Expresso