Caro mafets,
Já me tinha apercebido que você era muito enciclopédico e que gosta de postar muitas fotos. No entanto, neste caso, parece-me desnecessário dada a natureza provocatória da minha questão. (E como pequeno parêntesis, na minha modesta opinião, por vezes esse tipo de prática pode parecer um pouco arrogante, por que parte do princípio que os outros membros desconhecem por completo o assunto em questão).
Neste caso, por culpa minha, a natureza provocatória da pergunta pode não ter sido imediatamente evidente -- a forma correcta teria sido: quantos AAW na fase terminal podem essas classes de navio controlar? A resposta, como o mafets deve certamente saber, são 2 para a classe espanhola e 3 para a classe americana. Ou seja, ao mesmo nível das nossas pobres fragatas e, sem dúvida, um argumento pobre para defender o não upgrade para ESSM. Outras marinhas fizeram esse upgrade sem mudar a tecnologia de iluminação. Para controlar mais AAW na sua fase terminal seria necessário mudar para tecnologia CWI, como estão a fazer aliás os australianos.
Na minha modesta opinião, não fazer o upgrade para ESSM e' criminoso e relega as nossas fragatas para tarefas de NPO musculado (exceptuando a luta ASW) que, no futuro, vão ser relegadas para missões de anti pirataria na África subsariana -- certamente que não as vamos ver no Báltico numa qualquer missão NATO. Quanto ao argumento de que em caso de guerra vamos sempre estar incluídos em forças tarefa aliadas, quanto a mim não pega, pois passamos a ser simplesmente um fardo, como já fomos nos anos 80 na STANAVFORLANT.
Cumprimentos.
Meu caro NVF
É com surpresa, mas confesso até com alguma tristeza que eu leio o seu post. Não que o mesmo até não seja pedagógico (não tanto para mim, embora eu seja aquele tipo de pessoa que acha que qualquer um de nós não sabe tudo e tem sempre a aprender com os outros), sobretudo para outros foristas que repetem incesantemente que não precisamos do equipamento A, B ou C pois estamos inseridos na NATO e que os outros países da aliança têm, mas sobretudo porque seja por palavras ou com as tais apresentações enciclopédicas com muitas fotos, nem os leigos nem os entendidos e com muitos anos de forum, percebem qual a MARINHA PORTUGUESA que defendo, ou porque não se deram ao trabalho de ler e ver com atenção, ou porque concluem erradamente o propósito das imagens. Mas estou cá para esclarecer, pelo que vamos a isto:
1- Este é um forum de debate, onde cada um debate à sua maneira e usando o que acha justo, lógico e objectivo relativamente aos outros foristas que podem perceber muito, alguma coisa do assunto ou mesmo nada (se à fotos, vídeos, se isso desagrada a outros foristas queixem-se a administração para os limitar). Quem não gosta paciência, passe à frente, quem gosta e julga como um meio de ajuda para ver, ler e assim debater sem incorrer em erros de julgamento e opinião infundados tecnicamente, seja relativamente a este ou outro caso, optimo, pois é para isto mesmo que os foruns de debate servem e os difere de academias de tecnologia ou até de determinados preâmbulos sectoriais das F.A. em questão. Neste caso, também pode ser arrogância achar que num forum de defesa todos os foristas percebem muito destas questões, bastando ir a temas como "O conflito da Ucrânia" para perceber que não é assim. Além disso entendo que a defesa é para todos (entendidos e não entendidos) e que deve ser algo extensivo a qualquer português, pois só assim se pode combater as palermices de jornais como o CM ou as asneiradas sobre defesa que são ditas a cada Telejornal e repetidas pela população por esse pais fora (já nem falo das fragatas e dos blindados, pois agora está em voga os submarinos, deixando casos como o NH-90 e o A-400 em que se gastou dinheiro e equipamento nada)e onde os tratados dos especialistas não se fazem ouvir, talvez porque a defesa ainda é considerada por muitos uma questão para as elites e não para os leigos (esquecendo que todos votam).
2 - Se havia natureza provocatória ou não por parte da sua questão, é me indiferente. A principal razão tem a ver com o facto de relativamente a esta temática já por diversas vezes ter escrito (a ultima penso ter sido naquele tal caso clamado pelos russos de um Su-24 de EW ter "cegado" um contra-torpedeiro da classe A.B. no Mar Negro, onde falei bastante do controle de fogo dos vasos de guerra americanos), tendo em conta as diversas vertentes, tanto as que refere como apenas as que eu referi no ponto atrás. É questão de dar-se ao trabalho de as ler em vez de num mero forum de defesa fazer questões provocatórias (se reparou farto-me de as fazer a propósito das Perry e poucos chegam lá, pelo que acho contra-producente) e que nada tem a ver com a temática aqui tratada, ou seja a idade das Fragatas Portuguesas. Se quisesse justificar com esta questão algo para as fragatas portuguesas que não fosse um dia enveredar por este caminho de um Upgrade mais "musculado" e que as dotasse de uma capacidade de combate acrescida para alvos aéreos e não só, certamente não me dava ao trabalho de colocar uma imagem com o Radar Spy-1 e as suas diversas vertentes, sendo que a ultima face às dimensões da antena e equipamento até cabe numa corveta ou patrulha, mas certamente que esta parte também "passou-lhe ao lado".
3- O que aqui se debate é face à idade das Vasco da Gama e das Bartolomeu Dias é se vale a pena o Upgrade em questão. Na minha perspectiva que você certamente não percebeu, vale, esta que está prevista agora e outras futuras, porque considero que os navios em questão ainda tem condições de navegar pelo menos mais duas décadas. Agora face à falta de dinheiro defendo outras prioridades não sendo esta da Defesa Aérea uma delas, porque à outras mais prementes.
4- A justificação para achar que para já não se justifica que Portugal tenha fragatas de defesa aérea, tem a ver com o facto de existir 5 fragatas, 1 abastecedor e 2 submarinos. Portugal não tem um NAVPOL e portanto em qualquer situação independente em que seja preciso por exemplo retirar cidadãos nacionais de um pais (como foi o caso da Guiné à anos atrás em que devido às condições foi possível Portugal avançar sozinho), se for mais complicada, em situação de guerra civil, dificilmente o poderá fazer com os meios existentes. E mesmo tendo Fragatas de Defesa Aérea, não pode colocar um conjunto de veículos em terra com um pelotão de fuzileiros ou usar helicópteros médios como o Merlin para retirar de forma mais rápida a população. Portanto actualmente existem outras prioridades mesmo face aos navios em questão do que estar a fazer um outro tipo de Upgrade. Portanto aqui nem tão pouco vejo apenas Portugal inserido em missões NATO, estou claramente a ver uma perspectiva de independência que face à natureza da Aliança Atlântica e ao seu passado (face a Portugal, Grécia, Etc), é a meu ver necessária.
5 - Criminoso na minha opinião é um pais nem sequer ter meios para ajudar num caso de uma catástrofe em que o porto, aeroporto e outras estruturas fiquem afectadas, a sua própria população. Pode ser que continue a ser possível auxiliar a Madeira e os Açores com fragatas, mas se não for que remédio perder tempo e pedir aos outros, exactamente como as Fragatas de Defesa Aérea. Novamente são prioridades e não discordância face a uma ou outra temática.
6 - Existindo um NAVPOL, justifica-se na minha modesta opinião então a existência de Fragatas de Defesa Aérea pois a capacidade de conduzir operações de combate de de projecção de força em A ou B, de forma independente está minimamente assegurada. Se actualmente isso não é possível, não se justifica gastos numa área, quando forçosamente teríamos de pedir a outro pais um simples LST, ou mesmo um navio de desembarque pesado pois não o temos. E novamente quem pede um pede o outro e primeiro à que assegurar a prioridade do pais e da sua população, seja a onde for, face às missões NATO.
7 - A minha opinião, se se der ao trabalho de ler muito do que eu escrevi por esse forum fora, algo que não o fez embora seja célere na questão enciclopédica, está mais que fundamentada. Aliás, quando defendo que o pais deve ter um NAVPOL, capacidade de desminagem, patrulha da sua ZEE, um abastecedor, balizador e até de combate à poluição, e que portanto não perca apesar de estar inserido na NATO a sua autonomia de conduzir um nível razoável de missões independentes, é no mínimo ridículo achar que não se deve evoluir relativamente À defesa aérea ou qualquer outro ponto, quando defendo uma Marinha com uma capacidade bastante razoável ao nível da independência nato.
8 - Por ultimo, deixe-me lhe referir que quando defendo a aquisição de submarinos (algo repetidamente feito neste forum) e refuto a sua não existência (defendida por tantos, sem muitas das tais intervenções pedagógicas que só aparecem de quando em vez e às vezes pelos motivos errados para mostrarem razão ou seja lá o que for), até pelo facto de o ter explicando até com aquelas curiosas fotos dos S-80 e Scorpene (defendidos até para serem feitos nos nvc) "encalhados" (também devem ter passado a quem era entendido na materia já que foi visto como presunção) como justificação de que pelo menos a classe Tridente, independentemente de tudo o resto, foi entregue e funciona. É a prova cabal do tipo de marinha portuguesa que eu defendo. Mas se tiver alguma duvida, pergunte, seja no forum ou por mp. Não vale a pena se dar ao trabalho de ser irónico, numa questão que nem por aí passa. Passa sim, por não haver dinheiro para tudo e existir prioridades, aceitando assim que da mesma forma que me dizem que a prioridade é assegurar a ZEE ou qualquer outra situação, que mesmo que não concordoe totalmente, reconheço, entendentro que neste debate praticamente tudo aquilo que tem sido dito, mais ou menos, tem a sua lógica e contribui para uma marinha bem mais funcional e de todos, do que a existente actulamente, onde as capelinhas dos experts e dá defesa de terminados setores face a outros mais necessários é o "pão nosso de cada dia".
Cumprimentos