
Elogios à Coreia do Norte dividem militantes do PC
Pedro Correia
No espaço de uma semana, o PCP assumiu três atitudes públicas em defesa da Coreia do Norte - num voto parlamentar, num comunicado do Comité Central e no jornal oficial comunista. Uma posição de que se demarcam militantes e ex-filiados no partido que continuam a reclamar-se do ideário marxista-leninista.
Um deles, o sindicalista Mário Nogueira, contesta sem rodeios o regime de Pyongyang. "Merece-me bastantes reservas", disse ao DN este dirigente da Fenprof e ex-cabeça-de-lista do PCP pelo distrito de Coimbra. As críticas que faz à Coreia do Norte - alegando, no entanto, desconhecer as posições assumidas pelo grupo parlamentar e pelo Comité Central - são extensivas à política externa norte-americana, que também merece reservas a este dirigente sindical.
Igualmente crítico em relação ao regime de Pyongyang é Fernando Vicente, um militante que participou na rede clandestina do PCP antes do 25 de Abril e foi preso pela PIDE. Este antigo membro do Comité Central, hoje sem cargos directivos no partido, considera que "a classe dirigente da Coreia do Norte não merece confiança" da comunidade internacional pela sua "obstrução das liberdades e da democracia". Fernando Vicente, dirigente do movimento cívico Não Apaguem a Memoria, também critica a política expansionista dos Estados Unidos, sublinhando os riscos da escalada nuclear na Ásia-Pacífico.
Solidariedade do Comité Central
Na segunda-feira, o Comité Central exprimiu "solidariedade" ao líder comunista Kim Jong-il, "perante a escalada imperialista na Península da Coreia". Dois dias depois, a bancada parlamentar comunista foi a única a alinhar com Pyongyang, recusando apoiar um voto de protesto contra o teste nuclear efectuado na Coreia do Norte. E a edição desta semana do Avante! dedica uma página às teses oficiais daquele país, sob o título "Pyongyang quer a paz mas não teme a guerra" (ver caixa).
"Acho grotesto", reage o sindicalista José Tavares, ex-membro do Comité Central comunista. Há três anos, uma entrevista do líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, ao DN admitindo que a Coreia do Norte era "uma democracia", deu origem a um coro de protestos no partido.
http://dn.sapo.pt/2006/10/23/nacional/elogios_a_coreia_norte_dividem_milit.html Nunca tomes o todo pela parte.
Eu também condeno o teste nuclear da Coreia do Norte, assim como condeno qualquer uso que se dê à tecnologia nuclear que não seja para fins energéticos. Acho no entanto irónico que sejam os EUA ( um país que não tem armas nucleares :lol: ) a liderar as sanções, mas como disse, os erros dos outros não justificam os nossos.
As sanções não me parece que resolvam o problema, parece-me que apenas o agravam. Então como é que resolvemos o problema??? ( perguntam vocês ). Os EUA se estão tão preocupados com o bem-estar global, então não devem ter qualquer problema em reduzir o seu armamento nuclear e retirar algum contingente da zona em troca do fim dos ensaios nucleares de Kim Jong-il. Portanto a solução é sempre, diplomacia e mais diplomacia.
Em relação ao regime de Pyongyang, que é uma questão diferente das sanções, eu também tenho as minhas reservas porque conheço pouco do funcionamento do regime e o facto de não ouvir quaisquer movimentos dissidentes da ideologia juche na Coreia do Norte, e não ver esses movimentos com representatividade popular e espaço democrático para mudar alguma coisa, duvido que seja pelo facto de não existirem.
PS: e como vem sendo habitual, o dn costuma brindar-nos com imprecisões como a de que o Bernardino Soares disse ao DN que a Coreia do Norte era uma democracia, o que é falso.
PS2: Vou só deixar aqui um cartoon que explica um pouco melhor a situação.
