Algo que no entanto não concordo totalmente é o facto de considerar a Russia um potencial inimigo. Eventualmente até pode ser, mas nesse eventualmente, dado a ordem mundial hoje existente, existem muito possiveis candidatos, alguns dos quais nem fazemos ideia, um mundo já não é o capitalismo vs comunismo que havia na guerra fria, está se a gerar actualmente uma grande transição e muitas coisas estão a mudar, do meu ponto de vista prevesse um mundo com varias grandes potencias, e nessa prespectiva interessa, apesar de todas as alianças que possamos ter e limitações, ter o maximo de autonomia estrategica que a meu ver não condiz com uma marinha virada para complementar apenas a frota da NATO. A nossa marinha tal como a maior parte das marinhas da NATO são constituidas por escoltadores oceanicos cuja função principal é proteger os grupos de porta-aviões sejam eles americanos ou não (mas principalmente os porta-aviões americanos), uma frota qualquer da NATO sem um porta aviões não tem qualquer hipotese contra navios da ex-união sovietica e actual russia, pois não existem misseis anti-navio de longo alcançe nas marinhas da NATO tal como existem na marinha russa que podem afundar um navio inimigo a mais de 700 km.
Qualquer país se se quer afirmar no mar tem de ter um marinha com verdadeira capacidade de combate naval, e Portugal não tem essa capacidade, dai a minha opinião de que Portugal não se deve apenas basear em ter os meios que dão jeito á NATO, e olhar como unico inimigo a russia, Portugal deve ter uma marinha que de facto de capacidade maritima a Portugal, e com capacidade anti-area Portugal passa a ter capacidade efectiva de operar dentro de uma zona onde haja dominio aereo por parte de uma força não amigavel, pois essa força saberia que perante a precença de navios com capacidade anti-aerea corria sérios risco de perder parte da sua força aerea, dando assim maior relevancia á presença da marinha Portuguesa seja onde for.
Verdade que o mundo já não é capitalismo vs comunismo e que outras potencias vão surgir nas próximas decadas.
No entanto não é previsível que tal aconteça na nossa parte do mundo, isto é, na Europa Ocidental e nas zonas que com ela confinam e onde temos interesses, Mediterraneo, Africa Ocidental e Atlantico Norte.
As potências emergentes (Brasil à parte), situam-se em zonas do globo onde Portugal não tem interesses directos e onde, por certo, não participaremos em acções militares fora do âmbito de uma aliança ou Task Force. O post do Lighthning, excelente por sinal, colocou esta questão nos termos correctos.
A única excepção à falta de ameaças militares nas nossas águas e de um modo mais geral no Atlantico, só poderá vir da Rússia. Não quer dizer que isso tenha fatalmemte de acontecer, mas acontecerá se as divergências políticas e geoestratégicas entre os EUA/Europa e a Rússia se acentuarem. A meu ver e tanto quanto posso imaginar a Rússia é o único estado que poderá representar alguma ameaça militar para as marinhas da NATO no Atlantico. E essa ameaça é submarina.
Não estão em causa outras ameaças não militares, tráfico de droga, de pessoas, contrabando, etc, que não fazem sentido tratar aqui, dado que estamos a falar de submarinos e fragatas de defesa aérea ou luta antisubmarina, e não de NPO ou Patrulhas Costeiros.
Há contudo um aspecto em que concordo com o Edu. A Marinha não deve ser unicamente desenhada para cumprir as tarefas NATO e deve ter alguma capacidade de intervenção autónoma, isto é, que possa agir unicamente em nome do interesse nacional.
O interesse nacional joga-se sobretudo no triângulo Açores/Continente/Madeira e na costa ocidental de Africa, onde se situam a maioria dos países de expressão portuguesa. Aqui relembro o post do Lighthning "num cenário de ameaça aérea no triangulo Açores-Madeira-Continente, a Marinha contaria sempre com o apoio aéreo da FAP".
No cenário de uma eventual intervenção na costa africana, caso algum PALOP o pedisse, não creio que as eventuais ameaças imponham a presença de fragatas de defesa aérea.
Por tudo isto penso que a opção certa foi a do reforço da capacidade antisubmarina, e que previsivelmente assim deverá continuar.
Se tomarmos bem conta do "nosso quintal", o Atlântico aqui à nossa frente, já estaremos a fazer um bom trabalho.