Director da PJ diz que detenção de Mário Machado foi "inopinada"
Carlos Rodrigues Lima
Eduardo Dâmaso
A Polícia Judiciária está a investigar as actividades dos grupos de extrema-direita e foi surpreendida com a detenção do militante Mário Machado pela PSP. O director nacional da PJ, Alípio Ribeiro, confirmou ao DN que a detenção "foi efectuada sem conhecimento prévio" da polícia que dirige e considerou-a "uma acção inopinada" que reflecte "uma preocupante falta de coordenação".
A reacção de Alípio Ribeiro assenta sobretudo no facto de a PJ ter em curso investigações sobre a extrema-direita que implicavam a articulação, quer ao nível da informação quer das diligências processuais, entre polícias. "Fico muito preocupado pela forma como esta detenção ocorreu porque este fenómeno é muito complexo, deve ser investigado de uma forma mais ampla e não com acções desgarradas. Penso que houve alguma precipitação e como director da PJ deixou-me alguma preocupação", declarou Alípio Ribeiro.
Os factos que determinaram a detenção do dirigente de extrema-direita enquadram-se nas competências da PJ e na perspectiva do director-nacional desta polícia é fundamental que exista maior articulação entre todas as forças de segurança na investigação. "Isto não tem a ver com a defesa da camisola da PJ mas com a delicadeza da matéria em investigação que desaconselha situações inopinadas como a que ontem aconteceu, que não são boas para uma causa comum a todos", afirmou Alípio Ribeiro.
A PJ tem vindo a efectuar aquilo que o seu director considera ser "um grande levantamento" das actividades dos grupos de extrema-direita, na perspectiva do seu envolvimento em acções de violência e de outro tipo de actividades que possam ser enquadradas criminalmente. Para Alípio Ribeiro, que se escusa a referir casos concretos, estas investigações têm de ser "sistemáticas de modo a não confundir a árvore com a floresta".
De acordo com informações recolhidas pelo DN, a detenção de Mário Machado partiu da iniciativa da PSP - aliás, o ministro da Administração Interna, António Costa, vangloriou-se com a actuação da polícia que tutela: "É claro que [as polícias] não podem ser indiferentes, e não são, quando alguém, quem quer que seja, aparece na televisão empunhando armas e fazendo ameaças públicas. A PSP agiu e agiu bem". Esta solicitou ao Ministério Público a emissão do mandado. Porém, não foi dado qualquer conhecimento à PJ sobre a diligência, nomeadamente à Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB) que tem em curso várias investigações sobre os grupos de extrema-direita em Portugal. "São processos que, neste momento, requerem paciência e não acção", adiantou ao DN fonte da DCCB.
O facto da PSP ter avançado solitariamente, com o apoio de um procurador do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, levou a que ontem a frustração varresse a DCCB. Isto porque, segundo apurou o DN, uma das investigações em curso pretendia entrar no "coração" do movimento, isto é, no seu financiamento. Logo, segundo a mesma fonte contactada, a relativa estabilidade do movimento, que permitia uma vigilância discreta, foi abalada com a detenção de Mário Machado. Previsivelmente, os skins alterarão os seus hábitos e rotinas.
Triste uns erram, outros falam de mais,triste país este, que falta de PROFISSIONALISMO, de um lado e do outro, os gajos devem-se estar a rir que nem uns perdidos, de uma cajadada ficaram a saber mais que as autoridades...