'Data Center' da Covilhã mapeado para armazenar dados de radiotelescópio giganteO ‘Data Center’ da Altice na Covilhã está mapeado para poder armazenar dados produzidos pelo maior radiotelescópio de sempre, que produzirá a nível mundial mais informação por segundo do que toda a internet, disse hoje o coordenador do consórcio português.
"O ‘Data Center’ [da Covilhã] está mapeado nas infraestruturas digitais que vão servir o projeto e portanto a forma como este ‘Data Center’ e a rede nacional de dados académicos se vão entroncar é um processo que vai agora decorrer, podendo demorar cerca dois anos até termos o mapa detalhado das atividades", referiu Domingos Barbosa, coordenador do consórcio que em Portugal participa no projeto Square Kilometer Array (SKA).
Este responsável falava à margem da iniciativa "Dias do SKA PT", que arrancou na Covilhã, distrito de Castelo Branco, com o objetivo de promover este projeto que visa criar uma infraestrutura científica que, através da recolha de ondas rádio, permitirá estudar as origens do Universo, sinalizar buracos negros e procurar civilizações fora da Terra.
O projeto, que também quer levar a energia elétrica e a internet a milhões de pessoas em África, produzirá dados digitais na África do Sul e Austrália que serão depois exportados e armazenados na Europa, sendo que a fatia que pode caber a Portugal é de 1%, valor que, ainda assim, é bastante significativo.
"A nível da Europa estamos a falar de cerca de 300 'peta bytes', o que é qualquer coisa como três vezes a Google. Portanto, 1% disso dá metade de um ‘Data Center’", afirmou Domingos Barbosa.
Presente na cerimónia, Luís Alveirinho, da Altice Portugal, sublinhou que a empresa está "necessariamente" interessada neste projeto, salientando que este se "enquadra muito bem" no trabalho científico e de desenvolvimento de tecnologia que a Altice realiza em Portugal.
Este responsável assumiu ainda que espera que possa ser formalizado "dentro em breve" o acordo para que o ‘Data Center’ da Covilhã seja definido como a infraestrutura portuguesa de armazenamento de dados.
Referindo que o ‘Data Center’ da Covilhã está "de boa saúde" e que emprega atualmente cerca de 300 pessoas, Luís Alveirinho recusou especificar se o eventual acordo como SKA também poderá implicar a ampliação daquela infraestrutura, já que a empresa terá de saber concretamente o volume de dados que possa estar em causa e o respetivo caderno de encargos.
Na sessão de abertura, o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, referiu a "oportunidade muito grande" que este projeto pode representar para Portugal e para o concelho, nomeadamente para a Universidade da Beira Interior", para as empresas que laboram no setor das infraestruturas elétricas e de comunicações, bem como do domínio da informática e do tratamento de dados.
O autarca também frisou que "gostaria muito" que o armazenamento de dados em Portugal ficasse no ‘Data Center’ da Covilhã.
"Seria também uma forma de o aproveitar, de o dinamizar e de dar corpo àquilo para o qual foi construído e criado".
Num processo que é dirigido pelo Governo, Portugal também já apresentou a candidatura para ser um dos países fundadores do projeto, esperando-se que aprovação decorra ainda este ano.
A participação portuguesa no desenvolvimento do SKA é composta por um consórcio que junta o Instituto de Telecomunicações (IT-Aveiro), o Instituto Politécnico de Beja e as universidades de Aveiro, Porto e Évora, através da Infraestrutura ENGAGE SKA, pelo IT-Aveiro e pela Universidade de Aveiro.
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