O nosso problema é que, tanto Páras como Fuzos e Comandos, apesar de uma instrução fisica durissima (ou pelo menos era dura
) sempre foi um bocado pobre na parte técnica (por natural falta de verbas/meios/vontade).
A pobreza técnica te referes? Podes ser mais especifico? Se possivel apresenta um exemplo da tua experiência pessoal.
Penso, que com a vivencia militar que o caro Lazaro tem, o que não falta no seu dia a dia, são exemplos desses. Basta pensar o tempo que demora a formar um atirador do Exercito Português em comparação com um britanico por exemplo. Desde o numero de disparos efectuados durante a instrução e depois durante o tempo de serviço activo, onde existem militares que passam os 6 anos de contracto sem disparar uma unica vez, ao facto de, por motivos pouco explicitos, não se permitir aos militares em contracto, o treino e contacto com sistemas que existem nas nossas FA's. Um dos exemplos que posso dar, foi durante um treino conjunto com militares americanos, os americas montaram nas M-16 um sistema (desculpe-me mas já não recordo o nome) de mira por ponto infra-vermelho que em conjunto com os "googles", permite tiro nocturno com alto grau de precisão.
Perante o espanto do nosso pessoal com aquilo tudo (estamos a falar de fuzos e páras) expliquei-lhes que nós também tinhamos aquilo cá e que, o nosso sistema até era melhor pois o nosso visor nocturno era de 3ª geração (AN-PVS 14) o que permitia mais alcance e nitidez e logo maior precisão no tiro.
Para meu espanto, apenas um praça e um sargento além de mim, sabiam da existencia desse material, e que não vinha "para o mato" para ser poupado. Os oficiais ficaram irritados ao saber situação (também desconheciam que tinhamos isso em paiol) e algo se passou lá em cima porque passado algum tempo começou a aparecer esse material nos exercicios. Pena que quando começou a aparecer ninguém se tivesse dado ao trabalho de explicar como se "zerava" o sistema e como se utilizava. Muitos foram aprendendo por tentativa e erro.
Apesar dos militares QP em Portugal terem um nivel de formação tecnica bastante razoavel, penso que a sua grande vantagem em relação aos militares de outros países é a elevada capacidade de adaptação, cultura geral geralmente elevada e empatia, que nos vai valendo em sitios como o Afeganistão, Bósnia ou o Kosovo. Para os militares "semi-profissionais" como já ouvi chamar, o que vale é só mesmo as capacidades inerentes do nosso povo e alguns mais "iluminados" que andam no meio deles, porque de resto.....
Daí a razão de muitas PMC's recusarem os nossos praças oriundos dos páras, fuzos e comandos enquanto aceitam os de outros países. Eles não querem alguém que seja capaz de correr 30 kms com um Unimog às costas, querem alguém a quem entreguem uma coisa e não fique a olhar para ela porque é a primeira vez que a vê na vida.
Alguns, com uma certa dose de sorte, entraram e têm feito carreira nessas empresas e com o serviço que mostram e respeto que granjeiam pode ser que, pouco a pouco mudem a ideia sobre o militar português, mas vai demorar.