Penso que a artilharia não tem participado, com uma unidade (GAC) ou subunidade (BBF/BAAA) por dois motivos;
1º - Nos teatros de operações onde estivemos e estamos não se justifica a existência de muitas unidades de artilharia, como exemplo temos a Bósnia, o kosovo, Timor, Libano.
2º - Infelizmente a nossa artilharia não está totalmente preparada para actuar em teatros de operações onde é necessária a sua utilização, exemplo - Afeganistão, fundamento esta opinião num artigo da revista de artilharia que podem ler neste link;
http://www.revista-artilharia.pt/entrada.htmPara facilitar transcrevo parte das conclusões de este artigo;
6. Conclusões
Depois de apresentados os conceitos de NRF e Battlegroup, descritas as suas possíveis missões e definidos os requisitos específicos exigíveis às unidades de Artilharia orgânicas daquelas forças, tentemos responder à questão inicialmente colocada – está a Artilharia Portuguesa em condições de poder integrar a NRF e os Battlegroups?
a. Relativamente à Artilharia de Campanha a situação é a que se descreve
(1) Quanto à participação na NRF
• Alcance máximo do material abaixo do exigível;
• Impossibilidade de participação ao escalão GAC (possível apenas se Portugal disponibilizasse um comando de Brigada);
• Sistema de Comando, Controlo e Coordenação de apoio de fogos dependente da entrada em serviço do rádio PRC 525, previsto para 2011/2015
(2) Relativamente à participação no Battlegroup
• Dependente do modelo de Battlegroup nacional a disponibilizar à União Europeia (apoio de fogos baseado em Artilharia de Campanha ou em morteiros) ou da participação em Battlegroups constituidos por outros países aliados.
• Limitação ao nível do Sistema de Comando, Controlo e Coordenação de apoio de fogos, motivada pelo calendário de entrada em serviço do rádio PRC 525.
b. No que diz respeito à Artilharia Antiaérea
(1) A Participação na NRF é condicionada por
• Condições de aeromobilidade limitada (apenas MANPAD)
• Ausência de radares 3D
• Ausência de sistemas de Comando e Controlo de Defesa Aérea que permitam a ligação a sistemas de defesa antiaérea de média altitude
• Impossibilidade de participação ao escalão PelArtAA
(2) No que respeita à Participação no Battlegroup
• Ausência de radares 3D
• Ausência de sistemas de Comando e Controlo de Defesa Aérea que permitam a ligação a sistemas de defesa antiaérea de média altitude
Caracterizada esta situação, podemos concluir que a Artilharia de Campanha está em condições de poder integrar a NRF e o Battlegroup, assim que entrem ao serviço os novos rádios PRC 525. Estando o seu fornecimento previsto para 2011/2015, esta data colocaria no médio-prazo a realização deste anseio. Contudo, teve-se conhecimento de que está a ser estudada a antecipação do fornecimento deste rádio à Artilharia.
A concretizar-se esta informação, é possível afirmar que a participação da Artilharia de Campanha na NRF, ao nível BBF ou PAO, pode ser uma realidade a curto-prazo. Por outro lado, se Portugal decidir disponibilizar um Battlegroup à União Europeia, a Artilharia de Campanha terá capacidade para responder a esse desafio.
Lamentavelmente, a situação da Artilharia Antiaérea é bastante diferente. A insuficiência de meios de defesa antiaérea aerotransportáveis, que permitam a constituição de uma BtrAAA com estas características (existe apenas um PelAAA MANPAD, para apoio da Brigada de Reacção Rápida), a inexistência de radares AA 3D e a ausência de sistemas de Comando e Controlo de Defesa Aérea que assegurem a necessária ligação a sistemas de defesa antiaérea de média altitude, permitem concluir que a participação da Artilharia Antiaérea na NRF e nos Battlegroup não será possível até ser completado o levantamento da BtrAAA (Stinger/Avenger/Sentinel) para a Brigada de Intervenção, que se prevê venha a acontecer apenas após 2015.
Este facto poderá condicionar a constituição do Battlegroup Português ou levar a que, na sua estrutura, a componente de Artilharia Antiaérea tenha que ser provida por outra nação, facto que não corresponde, de todo, aos anseios e às expectativas dos Artilheiros Portugueses.