Quando se substitui um equipamento por outro, fica-se parado no tempo.
Em Portugal, sim, noutros países, não. Quem começou a adquirir viaturas blindadas 8x8, começou logo a tirar partido das suas capacidades acrescidas face a viaturas anteriores 4x4. Daí ter-se começado a ver cada vez mais a utilização de um blindado 6x6 ou 8x8 moderno para tarefas (e com equipamento) que anteriormente só seria possível em meios de lagartas, ou em muitos casos, não era possível de todo porque a tecnologia não existia. Basta comparar a diferença entre as soluções modernas, como RWS leves e compactas, vs as alternativas antigas, em que ou era atirador exposto, ou era uma grande e pesada torre para o mesmo fim.
Hoje, alguns modelos de RWS podem receber armamento extra, nomeadamente mísseis anti-tanque, algo que num veículo antigo obriga forçosamente a veículos especializados.
Um Pandur também permite opções que seriam impossíveis ou extremamente limitadas num APC de rodas mais antigo, como uma versão de 105mm, versão IFV de 25 a 40mm, SHORAD com torres mistas (canhão e mísseis, e algumas até radar vem incluído), etc.
A blindagem bnum ambiente de guerra moderna, é fraca, mas mesmo que seja modernizada, não se pode fazer a quadratura do circulo.
Bastaria olhar para a razia das BTR e BRDM na guerra da Ucrânia.
A questão da blindagem também é importante, por causa da capacidade anfíbia. a qual se for aumentada a blindagem, se vai provavelmente perder.
Os Pandur podem receber blindagem add-on, e portanto não precisam de incorrer numa "modernização". É claro que se perde eficiência nos consumos, mobilidade e capacidade todo o terreno. Não se perde capacidade anfíbia porque os nossos Pandur não a têm (os únicos que seriam anfíbios eram os dos Fuzileiros, dos quais não veio nenhum).
Para operações noutros cenários, nomeadamente na Europa de leste. Realça-se as ameaças NBQ e a necessidade de proteção de topo, drones e afins.
Para ter uma viatura como a Pandur, armada com uma metralhadora 12.7mm, seria preferivel utilizar M113 com blindagem adicional (perdendo capacidade anfíbia) que em áreas com planicies onde não é necessária uma viatura anfibia, mas onde as lagartas são uma vantagem tática.
O M-113 é demasiado limitado, sendo que blindagem adicional não é comum de se ver em M-113 que não tenham recebido modernizações mais sérias. A potência do veículo é bastante limitada, e terão dificuldade em lidar com a blindagem extra. Tecnologicamente são obsoletos, e deve ser mais fácil aplicar blindagem add-on a um Pandur, que a um M-113. Para não falar que os Pandur nacionais possuem versões que os M-113 da BrigMec nem sonham. Só o Pandur II IFV retira o M-113 do debate.
Os M-113 neste momento são veículos de 2ª ou mesmo 3ª linha. São úteis para funções logísticas, ambulância, etc, e sobretudo para fazer número. De resto, não têm a mobilidade em estrada do Pandur, nem em todo o terreno de um blindado de lagartas moderno. A sua blindagem é provavelmente (quase certamente) mais limitada que a de um ST5, além de que um ST5 tem mais chances de pisar uma mina e a tripulação sobreviver.
Neste momento, as nossas forças blindadas são incapazes de sobreviver a um conflito de alta intensidade, pelo simples facto de que não possuem praticamente nada de responder a meios aéreos adversários (falta de SHORAD e C-UAS), nem têm capacidade contra bateria credível (falta the MLRS), nem têm capacidade de ultrapassar campos minados, e por aí fora, estando completamente dependentes de terceiros.
Como estão dependentes de terceiros, é bem mais provável que a participação portuguesa com meios de lagartas fosse com Leopard e M-109 inseridos em unidades espanholas, sendo que no máximo os M-113 seriam utilizados para fazer número na retaguarda. Os Pandur provavelmente serão inseridos em unidades similares e eles, provavelmente em regiões onde a questão da lama seja menos relevante, e onde seja possível tirar partido da mobilidade em estrada.