O centauro é entre 40 a 50cmmais comprido e uns 20-30 cm mais largo.
O peso do veículo também é maior.
Mas a questão principal nem sequer é a de a torre «caber» ou não.
A questão que se coloca, é para que serve um veículo com uma blindagem fraca, equipado com um canhão de 105mm.
Qual é a função da peça ?
O que vai atacar ?
Quem vai atacar ?
Contra quem vai ser utilizado ?
A colocação de uma peça muito potente em veículos ligeiros, foi uma solução encontrada para veículos de reconhecimento. Eles deveriam utilizar a sua arma principal, para em caso de necessidade disparar contra veículos blindados.
Carros como o Panhard-EBR tinham essa função.
Os veículos com canhão de maior calibre também podem ter a
função de apoio à infantaria.
Ou seja:
Quando unidades de infantaria avançam sobre um terreno, é normal que encontrem resistências em pontos chave. Neste caso, o normal é pedir o apoio de armas de maior calibre.
O apoio pode ser dado:
1.
Por armas com capacidade para tiro directo, o que permitem por exemplo fazer fogo contra paredes ou fortificações onde se encontram forças inimigas. Isto pode ser feito com recurso a:
1.1 - Viaturas com canhão, como os Pandur-II/105mm
1.2 - Canhões rebocados os canhões de 105mm Light Gun (que também pode ser utilizado para tiro indirecto).
2.
Por armas que permitem fazer tiro indirecto o que pode ser feito com:
2.1 - Os M-109A5 com os seus obuses de 155mm.
2.2 - Os morteiros auto transportados de 120mm.
2.3 - Os canhões rebocados de 105mm Light Gun.
Até aqui tudo bem. O Pandur, pode ser utilizado como viatura para apoio da progressão de unidades de infantaria.
Só que quando analisamos as características conhecidas das torres belga CC-TV e italiana Hifact, o que vemos são sistemas que parecem ser feitos com o objectivo de atacar outros veículos blindados.
Eu atrevo-me mesmo a afirmar que o que explica o seu elevado custo, são os sistemas de tiro e sensores, que dão ao veículo capacidade para destruir um potencial inimigo ao primeiro tiro.
A questão que coloco, evidentemente é:
Não seria melhor adquirir sistemas mais adequados ao apoio de fogo, como morteiros autopropulsados com torre, em vez do arcaico sistema de um morteiro instalado numa viatura com um alçapão que se abre para disparar ?
Estes último sistema, nem sequer pode ser utilizado em ambiente NBQ, e o exército terá isto em consideração, porque segundo afirmações à imprensa, houve problemas com o Pandur-II exactamente por causa de duvidas com a capacidade de garantir dentro do veículo uma pressão superior à pressão atmosférica, garantindo assim que o interior da viatura fica a salvo de agentes quimicos,
Então, o Pandur vai também servir para apoio de fogo indirecto, substituindo os morteiros SOLTAM quando houver possibilidade de enfrentar um inimigo munido de armas quimicas ?
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Para quem tem que tomar decisões, há no entanto uma outra explicação possível para a opção por viaturas deste tipo com capacidade anti-carro.
Normalmente, a solução que todos temos para resolver o problema da nossa deficiência em combater contra viaturas blindadas, é a aquisição de mísseis anti-tanque.
O problema é que esses mísseis são caros, e um comandante de uma força, é pago para manter a força operacional.
Manter uma força operacional, que baseia a sua capacidade anti-carro em mísseis, implica um treino que ou é muito mais caro, porque os mísseis são muito caros, ou então é pouco eficiente, porque a maioria dos militares nunca vai disparar um míssil na vida.
Já o treino e a manutenção de capacidades de uma força equipada com armas como os canhões de 105mm a bordo dos Pandur, pode fazer menos sentido de um ponto de vista, mas faz mais sentido do ponto de vista da operacionalidade da força, porque como cada tiro de Pandur/105mm fica muito mais barato que um disparo de um TOW ou de um SPIKE, mais militares estão treinados e mais militares já viram como funciona.
É sempre uma decisão política. Não há uma solução absolutamente mágica para este tipo de questões.