E claro que também se pode tratar de uma opinião de pessoas que não puseram os pés em nenhuma ex-colónia, que acreditaram numa realidade, e que ao longo dos anos, chegaram à conclusão de que os responsáveis pela "Descolonização Exemplar", afinal estavam errados.
Afinal mentiram, afinal censuraram e, afinal, cometeram o mesmo tipo de desmandos que criticavam na ditadura. Mentiram, para justificar as suas acções.
Quando tem decisões dificeis que tomar, Soares é um homem que escolhe o caminho mais fácil. Não importa se é o melhor, o que importa é que é o mais fácil.
Foi o que Soares fez. Escolheu o caminho mais fácil. O caminho da rendição.
Para justificar esse caminho, ainda hoje, Soares e a pandilha, inventam uma guerra perdida (que do meu ponto de vista foi um erro histórico de Salazar, já aqui o afirmei) que na realidade foi ganha.
Nem sequer isso ficou para os milhares que passaram por África, e para as memórias dos que lutaram e morreram.
Nós ganhámos a guerra Moi. Ganhámos a guerra em Angola, e ganhámos a guerra em Moçambique.
Mário Soares, entregou o ouro ao bandido, quando o bandido já estava desarmado.
Por isso, inventa um bandido forte e poderoso, para justificar o facto de lhe ter entregue o cofre.
= = =
Soares não é o homem que defendeu o direito à indignação?
Soares não é o mesmo homem que defendeu o bloqueio da ponte 25 de Abril, baseado nesse mesmo direito à indignação?
A indignação só é legítima se for de esquerda?
Não há pachorra!
Todo o cidadão tem o direito a ficar indignado e tem o direito a ser informado. O homem que "agrediu" o Soares, é apenas uma ponta num iceberg de pessoas que foram humilhadas pela pandilha, e obrigadas a calar o bico, em nome do interesse nacional.
Cumprimentos
Papatango este é o meu post de ontem, o qual não consegui colocar, pois o fórum estava a dar erro.
Dizia isto:
Bom daqui a pouco voltamos às «questões de polícia»...
Caso não haja memória, fomos o último país colonizador a sair de África, com vários exemplos, bons e maus, que podíamos seguir. Bélgica, Inglaterra, França, etc.. Mas não. Fomos para a Guerra defender o que é nosso, como dizem alguns. Mas que afinal, e um pouco mais de seriedade revela que não era nosso. Há um pormenor que diz tudo. Os colonizadores brancos «lá» nascidos eram portugueses, tinham BI, os de «lá» tinham o Cartão do Indígena, eram cidadãos de segunda, estranhos no próprio país.
Tínhamos sim, interesses nossos.
Convém ressalvar também, que a maioria dos que para lá foram combater foram obrigados, e foram obrigados a defender os interesses dos colonos, que eles nem sonhavam que tinham um modo de vida superior ao que a larga maioria tinha nas respectivas aldeias.
Agora, obviamente, e a culpa é inteiramente do regime salazarista, 13 anos depois de uma guerra, há fracturas e passos que se tomaram e não se pode voltar atrás. Nas maiores colónias havia movimentos de independência armados que estavam dispostos a ser independentes. Ser um país com bandeira própria e fazer as suas próprias leis. Necessariamente não desejariam que os «brancos» que mandaram séculos por lá continuassem a mandar. Mas isto, 13 anos depois.
Eles não iriam voltar atrás, e perdemos muito mais depois, do que teríamos perdido se logo no início da década de 1960 tivéssemos sido inteligentes. Mas cá vigorava a cegueira solitária.
Quanto ao mito da guerra ganha. De facto, os acontecimentos que levaram ao 25 de Abril davam conta de uma Guerra num impasse em Angola e Moçambique, como as guerras de guerrilha sobrevivem. Um impasse que se prolonga tempo demais para não ser resolvido. A guerra do Vietname foi assim.
A Guiné, em 1973, declarou unilateralmente a independência e foi logo reconhecida por nove países (entre eles a França se não estou em erro). Estávamos num impasse diplomático e militar, também do ponto de vista de compra de materiais.
A Guerra não estava ganha, estava num impasse insustentável, até economicamente «cá». Lá, com o esforço de guerra, as colónias já davam prejuízo.
O caminho da rendição foi o possível, a descolonização foi a possível. Ninguém garante que os movimentos independentistas deposessem as armas caso as suas reivindicações não fossem atendidas.
Quanto a isto:
«A indignação só é legítima se for de esquerda?
Não há pachorra! »
Não, também é legítima se for de direita.
Não há pachorra para o quê? Para a Esquerda? Também penso o mesmo em relação à direita.