Nos primeiros dois anos do ensino primário, na minha sala de aula, estavam as fotografias de Américo Tomas, e Marcelo Caetano. Mas não havia, já naquela altura crucifixos.
Pessoalmente não identifico necessáriamente os crucifixos com aquilo que muitas vezes se identificou a igreja católica: Quantidades de padres que não fazem nada a não ser viver às custas do erário público e responsáveis em grande medida pelas vistas curtas e provincianismo dos portugueses (e que corresponda à visão da igreja do século XIX).
A igreja de hoje, é aquela que nos anos 80, teve coragem com o Bispo de Setúbal, de levantar a vós contra o governo e afirmar a Mário Soares: “Há fome sim senhor...”. Há uma distância enorme entre estas igrejas, mesmo que considerando que o então Bispo de Setúbal, era visto como um liberal dentro da igreja.
Mais uma vez, entramos neste seguidismo maçónico-espanholado, de fazer as mesmas coisas que em Espanha, porque parece bem. Estas questões colocam-se em Espanha neste momento, e alguns dos tontos que nos governam lembraram-se de fazer a mesma coisa.
A Espanha está décadas atrás de nós, no que respeita ao controlo da igreja católica, do seu poder e da sua influência. Eles não tiveram um Marquês de Pombal, não tiveram uma guerra civil com as mesmas características da nossa (no século XIX), em que quem acabou por perder foram as forças que se apoiavam na igreja conservadora.
Eles não tiveram uma República anti-clerical, em que até parte das ruas com nomes de santos viram os seus nomes alterados. Eles não tiveram um 25 de Abril. Ao contrário, tiveram uma guerra civil, em que foi a igreja católica que ganhou. Em Espanha a igreja ganha guerras. Em Portugal perdeu-as. Por isso lá, a influência da igreja, até no sistema de ensino, continua a ser muito importante, e a igreja católica continua a manter relações “promíscuas” com o Estado.
Símbolos como as cruzes são do meu ponto de vista, símbolos cristãos, que se fundem com a própria nacionalidade. Não são necessariamente católicos.
Aliás, acho que toda a gente sabe, que símbolos como a cruz de Cristo, que está nos aviões da Força Aérea e que continua a ser um símbolo nacional, não são exactamente símbolos católicos.

Portanto, eu não vejo grande problema em retirar os crucifixos, mas vejo um problema com a retirada das cruzes. Concordo com o fgomes quando fala em “fundamentalismo laico”. Esse fundamentalismo é não só laico, como é irresponsável. Não sabe entender a história, não sabe lê-la, para extrair conclusões. Considera que somos apenas uma extensão da Espanha, e que por isso devemos agir da mesma forma que os espanhóis, na mesma altura em que eles agem.
Não sei se esta não terá sido uma das várias ordens que o governo da Región Autonomica Portuguesa, capitaneado por Don Rosé Socrates, terá recibido en la ultima cumbre de la Hispana ciudad de Ebora.
Saludos