Défice salta para 6,83%

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Dinivan

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Défice salta para 6,83%
« em: Maio 23, 2005, 08:10:29 pm »
Previsão para 2005 apurada pela comissão de avaliação dirigida pelo governador do Banco de Portugal

Défice salta para 6,83%


De acordo com um relatório elaborado por uma comissão independente liderada pelo governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, entregue esta segunda-feira ao primeiro-ministro, José Sócrates, o défice orçamental previsto para Portugal em 2005 era de 6,83 por cento do Produto Interno Bruto em Março passado, quando o actual governo tomou posse.

 
 
 
 
 
Segundo um comunicado feito, esta manhã, pelo ministro de Estado e das Finanças, Luís Campos e Cunha, o chefe do executivo vai reunir-se já esta tarde no Palácio de S. Bento com representantes de todos os partidos com assento na Assembleia da República e com os parceiros sociais, aos quais vai entregar o relatório elaborado pela comissão técnica.

Amanhã, terça-feira, haverá uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, para discutir e tentar encontrar soluções para tentar resolver a situação orçamental do País, sendo que José Sócrates vai comunicar quarta-feira, na Assembleia da República, durante o debate mensal com os partidos, as soluções defendidas pelo governo para resolver o problema.

Apesar de considerar que a situação orçamental portuguesa é mais difícil do que se esperava, assinalando que é a maior da Zona Euro, o ministro de Estado e das Finanças adiantou que o governo tem vindo a trabalhar na resposta ao problema do défice garantindo que o executivo “está preparado para enfrentar a situação”.

“Tomaremos as medidas adequadas para ultrapassar a actual crise orçamental, de forma a criar as condições necessárias para que a economia portuguesa possa retomar um caminho de crescimento económico”, adiantou Luís Campos e Cunha.

No final da sua intervenção, o ministro não quis deixar de transmitir aos portugueses “uma mensagem de confiança”, afirmando que o governo está determinado em enfrentar a situação. “Com as medidas necessárias e com um melhor aproveitamento das capacidades do País, vamos superar as actuais dificuldades”, afiançou.

BRUXELAS PREPARA PROCESSO

A Comissão Europeia deverá avançar com um procedimento formal por défice excessivo contra Portugal, assim que o Governo de Lisboa confirmar os números hoje anunciados.

Um porta-voz comentou: "Mantém-se a intenção de preparar um relatório sobre as contas públcias portuguesas, tendo em conta a sua deterioração, depois da análise do Porgrama de Estabilidae actualizado, que esperamos para breve".

"É INDISPENSÁVEL A FORMAÇÃO DE UM CONSENSO ALARGADO"

O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, apresentou à tarde o estudo das contas públicas elaborado por uma comissão por si dirigida e cujos resultados haviam sido entregues pela manhã ao Governo.

Vítor Constâncio disse que são necessárias medidas para corrigir o défice público já este ano, mas enquadradas num plano de combate a três anos e assentes num consenso político alargado. É esta a receita para uma correcção na qual o governador acredita: "A previsão será certamente invalidada pela evolução dos factos", comentou o economista.

O governador do Banco de Portugal declarou que a situação orçamental portuguesa tem vindo a agravar-se desde 2000, indicando em concreto que os governos desde então não souberam, ou não conseguiram seguir a terapia orçamental do contra-ciclo (poupar em tempos bons, para equilibrar o défice em tempos maus). Ao contrário da maioria dos países europeus, Portugal não aproveitou o ciclo favorável, para equilibrar as contas públicas, referiu. Constâncio criticou também o sucessivo recurso a despesas extraordinárias, sem as quais o défice médio dos últimos cinco anos rondaria os 5%. Pela natureza do seu carácter extraordinário, este tipo de receitas não podem repetir-se indifenidamente, salientou Vítor Constâncio.

O governador explicou de forma específica o que falhou nas contas públicas orçamentadas. Constâncio referiu que falharam mais de 700 milhões de euros nas receitas mas que foi, sobretudo, pela despesa que o déifice se agravou. No primeiro caso referiu receitas extraordinárias não consideradas pela sua comissão por que já não se afiguravam viáveis, nomeadamente duas rejeitadas pelo Eurostat (engócio Galp, 548 milhões de euros e venda de património, 500 milhões de euros), uma referente às transferências do Fundo de Pensões da Caixa Geral de Depósitos (422 milhões de euros esgotados na redução do défice de 2004) e outra que não estava sequer consolidada (500 milhões de euros em venda de concessões).

3,2 MIL MILHÕES EM INSUFICIÊNCIAS ORÇAMENTAIS

Do lado da despesa, a suborçamentação foi o problema crónico detectado. Vítor Constâncio fez desfilar os números: 1 512 milhões de euros no Serviço Nacional de Saúde; 360 milhões de euros em remunerações para a Função Pública (aumentos deste ano); 458 milhões de euros de saldo negativo na Estradas de Portugal; 599 milhões de euros de saldo negativo da Segurança Social (redução de receitas); 228 milhões de euros necessários para reforçar a Caixa Geral de Aposentações. Todos estes valores são despesas não orçamentadas pelo governo anterior. O total de insuficiências orçamentais foi, aliás, calculado em 3,2 mil milhões de euros

O governador do Banco de Portugal explicou ainda que o efeito da conjuntura económica no défice é pouco significativo, salientando o maior impacte das políticas orçamentais seguidas (particularmente a redução do IRC, que diminuiu a receita do Estado em 0,48%) e do crónico crescimento da despesa acima da receita.

Vítor Constâncio pede medidas imediatas, enquadradas num plano de combate a prazo, e acredita que a previsão será invalidada pela evolução dos acontecimentos. Um dos acontecimentos será a revisão do cálculo do Produto Interno Bruto, que reduzirá automaticamente o défice para 6,5%.

REACÇÕES

"Pode ser criado um imposto transitório sobre todos os cidadãos e empresas como forma de combater o défice" Rocha de Matos (presidente da Associação Industrial Portuguesa)

"Como situação provisória, e atendendo à gravidade da situação do País, podemos admitir o recurso ao aumento das taxas sobre o consumo" José António Silva (presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal)

"O importante é como a questão vai ser resolvida (...) é indispensável não esquecer um enquadramento de justiça social (...) Sem crescimento económico não há crescimento das receitas (do Estado) e sem subida de receitas não há redução do défice" Barbosa Almeida (UGT)

"A despesa saiu do controlo" João César das Neves (economista e ex-assessor de Cavaco Silva)

"Estou chocado e estupefacto não só com o valor global do défice mas também com o conteúdo do relatório às contas públicas nacionais" Jorge Coelho (PS)

"Os governos PSD e CDS-PP são exclusivamente responsáveis pela situação. Durão Barroso, Pedro Santana Lopes, Manuel Ferreira Leite, Bagão Félix e Marques Mendes têm a obrigação de explicar por que razão andaram a mentir aos portugueses" Jorge Coelho (PS)

"Como é que foi possível exigir tantos sacrifícios à esmagadora maioria dos portugueses e simultaneamente verificar-se este resultado?" Jerónimo de Sousa (PCP)

"Estes números confirmam toda a denúncia e preocupação do PCP em relação à política executada nos últimos anos pelo PSD e CDS-PP. Se este Governo não aprende esta lição e este ensinamento, receamos que com a mesma solução os resultados sejam os mesmos" Jerónimo de Sousa (PCP)

"O povo português não aceitará medidas contra os seus direitos" Jerónimo de Sousa (PCP)

"Infelizmente, a previsão do valor divulgado não surpreende, até porque - como é sabido - vem na linha de uma crise orçamental que eclodiu, com toda a gravidade, em 2001, no tempo do anterior Governo socialista, que deixou aumentar entre 1996 e 2001 a dimensão do Estado, em contra-ciclo com as economias nossas concorrentes" Dulce Franco (PSD)

"O PSD face à herança recebida, deu um significativo e corajoso combate ao défice orçamental. Na altura, o PS só soube criticar, nunca tendo tido uma palavra positiva ou de apoio. Mas a verdade é que, sem esse combate, o défice estaria hoje bem pior" Dulce Franco (PSD)

"Estamos perante um problema sério, que já era conhecido no tempo em que estivemos no Governo de coligação com o PSD entre 2002 e Fevereiro de 2005 (...) Também sabíamos que o problema não estava resolvido, caso contrário não teriam sido utilizadas receitas extraordinárias" Ribeiro e Castro (CDS-PP)

"O CDS-PP nunca se insurgiu contra a alegada obsessão do défice e também nunca se ouviu da parte do nosso partido dizer que há mais vida para além do défice. O défice agora apurado tem causas estruturais" Ribeiro e Castro (CDS-PP)

"É importante saber que medidas o Governo socialista vai tomar para que este número do défice não se repita no final do ano (...) As medidas passam pelo redimensionamento do Estado e pela redução da despesa pública e não por qualquer agravamento do peso da fiscalidade sobre as empresas e as famílias, que já se encontram muito sobrecarregadas" Ribeiro e Castro (CDS-PP)

"Seria ridículo, impensável e anti-patriótico que o Governo da República escolhesse as Regiões Autónomas, que correspondem a um peso relativo na ordem dos 0,5 por cento da despesa pública do Orçamento de Estado e do PIDDAC, para fazer poupanças" Carlos César (presidente do Governo Regional dos Açores)

"Não devemos perder mais tempo (...) É preciso ter a certeza absoluta do que é gasto, do que é necessário e das despesas excessivas em todos os sectores e departamentos do Estado (...) tem de haver justiça e a certeza de que toda a gente paga impostos" Francisco Louçã (BE), propondo uma auditoria geral às contas públicas

"Também o ex-primeiro-ministro Durão Barroso disse em 2002 que o défice era mais alto do que o previsto e depois deu o dito por não dito em relação às suas promessas eleitorais (...) Não aceitaremos medidas que congelem os salários, cortem no investimento público e aumentem os impostos. A pedir-se sacrifício a alguém, que se peça às grandes fortunas e a quem tem salários chorudos" Heloísa Apolónia (PEV)

http://www.correiomanha.pt/noticia.asp? ... al=11&p=94
 

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TestDummie

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Contas do Estado
« Responder #1 em: Maio 24, 2005, 02:10:12 am »
Bem, isto vai de mal a pior!

Vou lançar as minhas ideias sobre o que deveria ser feito, embora estas medidas nunca irão ser aplicadas.

1º - Aplicava um imposto de 10% para as receitas obtidas nas bolsas de valores e não me digam que o investimento iria diminuir porque isso é tanga. Com certeza o Sr. Morteira Nabo entre outros não receberia um salário em que parte é pago através de acções.

2º - Aplicava uma taxa única ao IVA. Todos os produtos considerados essenciais, alimentos (não considerando restaurantes, cafés e afins), vestuário (não considerando alta costura - seja lá o que isso for), jornais e livros (fomento à cultura geral do país), comunicações (excepção à compra de telemóveis), Internet e computadores (como investimento de interesse nacional), medicamentos entre outros teriam uma taxa de IVA de 0%. Tudo o resto 25%.

3º - Acabava com todas as comparticipações sobre medicamentos com excepção para os idosos reformados e desempregados de longa duração.

4º - Impunha regras mais restritas à obtenção do rendimento mínimo.

5º - Aplicava um imposto de IRS e de IRC único de 20% para todos exceptuando quem tivesse um salário inferior a 1,5x o salário mínimo nacional, e acabava com os descontos nos impostos.

6º - Formava uma comissão (dentro da Polícia Judiciária) para investigar TODOS os processos de falência.

7º - Introduzia reformas nos sistemas de educação, saúde, justica e DGCI. Não vou discriminar quais as decisões que tomaria mas que perderia as eleições seguintes ai isso perdia, GARANTIDO :lol: .

8º - Criava mecanismos de controle (fiscalização) das derrapagens orçamentais e co-responsabilizava as empresas de construcção, autarquias, etc.


Por último, alguma coisa tem de ser feita relativamente a deslocalização das empresas para outros países. Os próprios americanos que "inventaram" o conceito já se estão a ver um pouco à rasca. Claro que os resultados desta situação não são imediatos como em Portugal devido à força da economia americana. Mas muitos economistas americanos reconhecem que a deslocalização de empresas não pode continuar.

Bem, são só algumas ideias.

Boas a Todos
TestDummie
 

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TOMKAT

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« Responder #2 em: Maio 24, 2005, 03:11:43 am »
Algumas ideias interessantes TestDummie.
Acrescento outras que não teriam reflexos no curto prazo, mas a médio prazo surtiriam algum efeito:

Redução do número de deputados na Assembleia da República
 Como efeito imediato baixariam os encargos financeiros com os dito cujos. Como bónus talvez a qualidade dos mesmos aumentasse devido a serem menos os escollhidos dentro do mesmo universo de selecção.

Acabar com as mordomias dos politícos
Acabar com os subsídios de reintegração e com as reformas ao fim de poucos anos como deputado (10 anos suponho)
(Imaginem os deputados que já passaram pela AR e façam as contas)

Criar um imposto mínimo obrigatório para os profissionais liberais
Obrigar os profissionais liberais a pagarem um valor mínimo de IRS po ano (1000 euros p.ex.). Qualquer advogado, arquiteto, médico ou outros que não consigam pagar isso, apenas demonstram incompetência profissional (pouco produtivos) e apenas estão a ocupar o lugar a alguém mais válido.

São apenas algumas ideias e não creio que sejam impopulares.
Talvez o sejam para a maioria dos políticos.  :?
« Última modificação: Maio 29, 2005, 10:07:39 am por TOMKAT »
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
ALEA JACTA EST.....
«O meu ideal político é a democracia, para que cada homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado»... Albert Einstein
 

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Luso

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« Responder #3 em: Maio 24, 2005, 09:04:01 am »
Citação de: "TOMKAT"
Qualquer advogado, arquiteto mádico ou outros que não consigam pagar isso, apenas demonstram incompetência profissional (pouco produtivos) e apenas estão a ocupar o lugar a alguém mais válido.


Ou então com clientes caloteiros.
Já agora qual é a sua profissão, Tomkat?

Gostava de saber porque Vítor Constâncio - essa sumidade - não alertou para a probabilidade desse número meses atrás.
E porque é que o Presidente da República aprovou o orçamento para este ano.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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emarques

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« Responder #4 em: Maio 24, 2005, 12:24:28 pm »
Em que situações é que o presidente pode não aprovar o orçamento? Não sei quais são as regras, ele pode dizer "Acho que não fizeram bem as contas" ou tem que existir algum problema diferente? (Já agora, a aprovação deste orçamento também seria de certa forma mais pacífica, porque com as eleições a caminho o mais provável seria que se fossem fazer rectificações sérias).

Mas achei bastante interessante a atitude do PSD sobre isto. Anuncia-se que durante os anos de "combate ao défice" este aumentou 2,7%, e eles respondem "E ai se não fôssemos nós, como isto estava!" É precisa uma certa lata. :P e há sempre a confusão sobre o que é essencial e o que é cultura (porque é que um livro paga 5% e um CD paga 19%? Não são ambos cultura?)

Quanto aos medicamentos, considerando o relatório de ontem da associação nacional de farmácias, já não sei. E o que o rendimento mínimo precisa é de melhor fiscalização. Parem de tentar resolver os problemas com a mudança das regras quando ninguém cumpre as que existem.

Os impostos directos... Novamente, se mais gente cumprisse as regras que existem falava-se menos em mudá-las.

Reduzir o número de deputados também parece-me que não resolve nada. O mais provável é que em vez de melhorar a qualidade média melhorasse o lambe-botismo médio, mas se calhar sou eu a ser torcido. E em muitos casos, o tempo passado na AR (são precisos 12 anos para ter reforma) é, para o deputado, um desperdício. Se estivesse a trabalhar na sua profissão ganhava muito mais. E quando voltarem a exercer podem ter problemas (por exemplo, um advogado terá o problema de voltar à actividade com falta de prática, sem carteira de clientes e possivelmente com conhecimentos desactualizados). Penso que em certos casos é de justiça recompensar pessoas que sacrificaram os seus interesses para servir o país (outros são umas sanguessugas infectas, mas não vamos agora por aí...). Mas não conheço as regras da aposentação dos deputados, por isso não sei exactamente que mudanças é que se poderiam fazer à lei.

E o problema do valor mínimo de IRS é que muitos continuavam a pagar muito menos do que deviam (ainda que mais do que agora) e outros (os tais dos clientes caloteiros) é que se fodiam. Mas isso, sabendo que existe o mar e a rocha ninguém os manda armar aos mexilhões. :)
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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TestDummie

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« Responder #5 em: Maio 24, 2005, 02:28:34 pm »
A responsabilidade da situação económica é de TODOS, mas é evidente que os Governos tem a maior quota parte porque são eles que tomam as decisões.

As regras tem de ser mudadas e em particular simplificadas porque o GRANDE PROBLEMA DO PAÍS É A FALTA DE RIGOR, COMPETÊNCIA, ORGANIZAÇÃO E FISCALIZAÇÃO. Simplificando as regras e organizando melhor os sistemas provavelmente traria benefícios mas é claro que teriam de ser tomadas outras iniciativas em conjunto.

Eu falei em livros e jornais (claro que não incluiria as revistas tipo Maria e LUX, etc, mas revistas como a National Geographic e  SuperInteressante) porque a populações do nosso País possui um nível de cultura geral bastante baixo (e não faço comparações com outros países porque estou-me nas tintas para a França, Holanda, etc), também no caso dos computadores a iliteracia electrónica é elevada, logo uma forma de combater tal situação seria baixar o IVA sobre esses produtos. Não penso que um CD tenha a mesma importância para o desenvolvimento nacional que um livro. Eu considero a música como uma forma de lazer.

Os livros e computadores não são bens essenciais à vida das pessoas mas são-no para o desenvolvimento nacional, e esta é a razão pela qual considero que deveriam ter um IVA nulo.

Muitas mais alterações deveriam ser feitas. Já parece as forças armadas (afinal estamos num forum de defesa  :P ) chegou quase tudo a um ponto de ruptura que para recuperar quase tudo necessita de ser alterado. Um "upgradezito" talvez.

Boas a TODOS
TestDummie
 

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Yosy

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« Responder #6 em: Maio 24, 2005, 02:40:56 pm »
Tudo isto é muito bonito mas o que é certo é que estaríamos bem melhor se TODOS pagassem os impostos. Por isso eu proponho:

-fim de todos os paraísos fiscais
-fim do sigilo bancário
-como o TestDummie bem disse, investigações a processos de falência e declarações de rendimentos.

A corrupção é o prinicipal problema deste país.
 

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emarques

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« Responder #7 em: Maio 24, 2005, 03:49:02 pm »
Citação de: "TestDummie"
Eu falei em livros e jornais (claro que não incluiria as revistas tipo Maria e LUX, etc, mas revistas como a National Geographic e  SuperInteressante)

Porquê? Que é que a "SuperInteressante" tem que a "Maxmen" não tenha (falar sobre descobertas científicas é "mais cultural" se não partilhar a revista com "gajas boas"?)? Quem é que decide? Que critéro é que se usa? E os jornais? O Record, A Bola e O Jogo também tinham isenção? E se os jornais de desporto não têm isenção, será que se deve cobrar IVA pelos suplementos de desportos dos jornais "sérios"? E os CDs de música clássica e de câmara? Esses tipos de música normalmente são considerados "cultura", tal como Jazz, Blues, Fado... Em geral, todas as músicas de que as pessoas normais não gostam.  :twisted:

É muito difícil estabelecer critérios sobre estas coisas, e serão sempre contestáveis. Para quê entrar em confusões?
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
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Luso

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« Responder #8 em: Maio 24, 2005, 08:42:12 pm »
Citação de: "emarques"
Mas isso, sabendo que existe o mar e a rocha ninguém os manda armar aos mexilhões. :)


Pois...
Isso quer dizer que o caloteiro é que tem razão e os tribunais para nada servem.
E sabendo dessa que o mar e a rocha existem então mais vale arranjar um tachinho. E tanto pior para o tão apregoado "empreendedorismo"!
O Estado é regulador do correcto funcionamento da sociedade e do mercado que a faz funcionar. Que assuma essa função e que actue como tal.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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TestDummie

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« Responder #9 em: Maio 24, 2005, 09:32:47 pm »
Ao emarques

Citar
Porquê? Que é que a "SuperInteressante" tem que a "Maxmen" não tenha (falar sobre descobertas científicas é "mais cultural" se não partilhar a revista com "gajas boas"?)? Quem é que decide? Que critéro é que se usa? E os jornais? O Record, A Bola e O Jogo também tinham isenção? E se os jornais de desporto não têm isenção, será que se deve cobrar IVA pelos suplementos de desportos dos jornais "sérios"? E os CDs de música clássica e de câmara? Esses tipos de música normalmente são considerados "cultura", tal como Jazz, Blues, Fado... Em geral, todas as músicas de que as pessoas normais não gostam.

Se você tem algum problema com a isenção de IVA dos produtos que mencionei, podia-se sempre taxar o valor máximo a esse produtos e acabava como você diz a confusão.

Citar
É muito difícil estabelecer critérios sobre estas coisas

Não, não é, até porque não percebo como é que a A Bola, etc possa ser considerada de interesse nacional! Pois o critério era esse mesmo, tal como disse num exemplo :

Citar
Os livros e computadores não são bens essenciais à vida das pessoas mas são-no para o desenvolvimento nacional

Citar
Quem é que decide?


Quem decide são as mesmas pessoas que decidiram que você só pode andar a uma velocidade inferior a 120Km/h na autoestrada caso contrario, multa!

Já agora, emarques que soluções propunha para a resolução do problema.

Boas a Todos
TestDummie
 

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emarques

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« Responder #10 em: Maio 25, 2005, 12:19:23 am »
Citação de: "Luso"
Citação de: "emarques"
Mas isso, sabendo que existe o mar e a rocha ninguém os manda armar aos mexilhões. :P Mas já agora, como é que se há de resolver o problema dos empresários em nome individual que fogem ao fisco sem entalar os outros, os que são "empresários em nome individual" porque a empresa que os emprega resolveu que é melhor ter trabalhadores "a recibo verde"? (Sim, claro que a solução verdadeira seria que metade dos trabalhadores dependentes deste país não estivessem cadastrados nas finanças como trabalhadores independentes, mas isso...)

Citar
Não, não é, até porque não percebo como é que a A Bola, etc possa ser considerada de interesse nacional!
Pois, não será, mas em que é que o suplemento desportivo do JN é de mais interesse nacional que "O Jogo" (exemplos escolhidos por seguirem linhas editoriais semelhantes)? O suplemento do JN não estaria depois em concorrência desleal com o jornal desportivo?

Citar
Já agora, emarques que soluções propunha para a resolução do problema.

Podíamos começar a cobrar as tais multas por excesso de velocidade. :P

Mas isto é um problema extremamente complicado, porque o estado está cheiro de frinchas por onde se escapa dinheiro. Há os fornecedores de material que quando têm o estado como cliente aplicam uma "sobretaxa" aos preços, há os directores de serviços públicos que compram produtos de limpeza AmWay porque a mulher é representante, há aqueles minstérios que descobrem que estavam a pagar contas de telefone que eram o dobro do que deviam e ainda se vêm gabar (bom, sim, ao menos descobriram)... E entretanto, a única solução em que se consegue pensar é onde conseguir mais "líquido" para deitar para dentro do balde furado.

Portanto, não sei como é que se resolve o problema.
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Que eco é?
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TOMKAT

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« Responder #11 em: Maio 25, 2005, 12:47:47 am »
Citação de: "Luso"
Citação de: "TOMKAT"
Qualquer advogado, arquiteto mádico ou outros que não consigam pagar isso, apenas demonstram incompetência profissional (pouco produtivos) e apenas estão a ocupar o lugar a alguém mais válido.

Ou então com clientes caloteiros.
Já agora qual é a sua profissão, Tomkat?

Gostava de saber porque Vítor Constâncio - essa sumidade - não alertou para a probabilidade desse número meses atrás.
E porque é que o Presidente da República aprovou o orçamento para este ano.


Sou trabalhador por conta doutrem Luso, e contribuo com um valor muito superior a esse que referi, mesmo muito superior (com grande pena de não descontar ainda mais, muito mais... :(
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
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TOMKAT

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« Responder #12 em: Maio 28, 2005, 01:56:25 pm »
O défice, esse monstro.

Cavaco Silva criou o monstro ao mudar o sistema retributivo da função pública.

Guterres e Jorge Coelho alimentaram o monstro ao dar aumentos de cerca de 10% à função pública durante vários anos.
Deram também o 14º mês aos funcionários públicos, além de terem admitido todos os funcionários que estavam a recibo verde.

Uns criaram o monstro, outros alimentaram-no.

Ninguém contestou estas medidas na altura.
Todos concordámos.
Todos temos culpa.

A juntar a isto a evidente falta de produtividade das empresas portuguesas, consequência de erros ainda não assumidos de todos os governos que:
  - defeniram políticas estratégicas para o país
  - mexeram na legislação laboral
  - beneficiaram de fundos da UE em especial para formação profissional

Ollhamos muito para o exemplo espanhol e irlandês quando queremos fazer comparações do PIB.
Infelizmente só olhamos para os resultados, não olhamos para os meios para os atingir.

Os espanhóis, para aumentarem a produtividade e a competividade das suas empresas, modernizaram as suas empresas, mesmo à custa de desemprego, investindo em novas tecnologias.
Em Portugal optou-se, para aumentar a produtividade, em aumentar os efectivos das empresas, à custa de baixos salários e de pouca especialização.
Talvez por isso os espanhóis têm a produtividade (PIB) que têm.
O reverso da medalha (que ninguém quer ver), é uma taxa de desemprego das mais elevadas da UE (na Galiza chegou a ser de 50%).
Em Portugal se a taxa de desemprego (das mais baixas da UE) sobe 1 ponto, cai o Carmo e Trindade.

Os irlandeses, onde à 20 anos se morria à fome, para revitalizarem a sua economia, alteraram radicalmente a sua lei laboral. Duma lei, bastante restritiva como a nossa era, passaram para uma lei bastante liberal (tipo lei laboral americana) ao contrário de nós, que ficamos pelo meio termo (ou menos). Resultado disso foi um "boom" no investimento estrangeiro
e uma subida exponencial do rendimento dos irlandeses.

Por último os empresários portugueses, salvo honrosas excepções, à procura do lucro imediato e fácil, investiram pouco ou nada em marcas próprias, juntando  pouco valor acrescentado aos seus produtos.

Aqui cobiça-se muito a galinha da vizinha, mas não se quer ter o trabalho nem os incómodos que a vizinha tem com a galinha.

Acerca da cobrança de impostos, ontem Miguel Beleza, em entrevista na RTP2, deu uma ideia curiosa para incentivar a cobrança do IVA.
Sugeriu a utilização nas facturas comerciais, de um jogo tipo raspadinha.
O aliciante de haver prémios imediatos nas facturas motivará as pessoas a pedir facturas, quando normalmente não o fariam devido aos baixos valores das mesmas.
Parece que na China se utilizou isso com grande sucesso.

Ideia interessante. :roll:
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JoseMFernandes

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« Responder #13 em: Maio 28, 2005, 07:44:49 pm »
A nossa Funçao Publica é mesmo muito fraca.Conheço muitos serviços e funcionarios publicos, pelo mundo fora, mas a nossa é realmente das piores( enfim... talvez a pior mesmo, se esquecermos o continente africano), e digo isto, sendo certo que sou também hoje um funcionario publico.Trabalhei durante mais de vinte anos no sector privado, onde era logicamente obrigado a contactar os diversos niveis de administraçao(local, regional, central) que nao esqueçamos incluia desde secretarias de camara e juntas de freguesia a comissoes administrativas de economia, notarios e conservatorias prediais e comerciais...etc, etc sempre recebido de maus modos apos enormes periodos de espera, informaçoes escassas, e a conhecida 'pequena' e 'grande' corrupçao.O ultimo caso, em data, passou-se comigo o ano passado,em principios de Julho, quando de férias em Portugal e tentava obter uma vulgar certidao numa Conservatoria do Registo Predial no Douro, dentro do prazo ( por sinal bem largo)  das  minhas férias em Portugal, apos morte de meu pai.Diz com modos bruscos o 'ilustre e veterano' funcionario - " vamos entrar em periodo de férias, e nao sei quando lhe poderei passar, talvez Setembro, talvez Outubro,senao Novembro mesmo, o melhor é falar com um solicitador e ele depois trata-lhe disso " - assim mesmo, quando o que havia a fazer era uma fotocopia do respectivo livro de assentos.Pedi um livro de reclamaçao, mas nada feito...Uma resposta e igual seguimento, no meu serviço, talvez nao levasse a 'despedimento', mas mais que provavelmente a uma nota 'negativa' no relatorio pessoal,o que poderia significar entre um 'atraso', se nao mesmo despromoçao,  até um 'convite irrecusavel' a  um  lugar  numa representaçao exterior com vagas cronicas de funcionarios (algures entre o Quénia, Paquistao e Africa do Sul).Compreendo desta forma porque por vezes ha coisas que passam pela cabeça de algumas pessoas mais impulsivas...
 Durante todos os anos pos-25Abril nao so nao houve real vontade politica de mudar radicalmente o 'sistema' como o mesmo foi 'premiado', com 'incentivos' diversos (reformas vantajosas, sistemas especificos e diversos de saude, remuneraçoes nao dependentes de produtividade ou rendimento pessoal,progressoes em carreira totalmente ficticios,  reduzido senao ausente controle sobre assiduidade, sistema disciplinar sem efeitos praticos...etc) além de na maior parte dos casos nem sequer terem obtido o seu posto(ao contrario das outras administraçoes europeias, entre as quais a minha) através de concursos publicos independentes.
Uma vez escrevi algures neste forum, que o facto de a esmagadora maioria de responsaveis publicos, serem eles mesmos provenientes da administraçao publica (mesmo alguns profissionais menos evidentes, como os advogados, sao  na verdade professores ou assessores publicos ou ...)  terem a tendencia inata, de ao longo dos tempos, e atingindo algum grau de poder, serem propensos a meterem a  familia, partidarios ou amigos na bem-aventurada e 'segura' FP ( poderiamos começar em Belém e acabar em Vila Real  de St.Ant°).
Sei que muitos dos novos funcionarios publicos normalmente provenientes de concurso, tem uma visao diferente, e tentam lutar contra o 'sistema' instalado, mas nao é facil.Nao apenas porque as proprias estruturas profissionais existentes os condicionam, como as 'regalias' existentes ou supostas os levam a 'cristalizar'.Os poderosos Sindicatos Publicos em Portugal sao um triste exemplo ao tentarem manter e defender condiçoes que sabem gravosas, como se o patrao-Estado nao dependesse essencialmente da saude financeira do contribuinte comum, e como se o funcionario publico, em consequencia nao devesse alinhar pela média do contribuinte, como acontece um pouco por todo o lado.
Aceitar, como tem acontecido até hoje, o nivel de desigualdades existente, tanto nas condiçoes inter-funcionarios como o que é ainda pior destes ao que respeita a generalidade dos contribuintes (afinal sao estes que financiam o sistema publico), é levar o nosso sistema economico e politico ao seu limite mais baixo, com ruptura a prazo e a responsabilidade de todos os intervenientes activos e passivos(os eleitores afinal...) nessa catastrofe.
Seria interessante saber em concreto o balanço 'real' do sistema publico portugues.As responsabilidades assumidas (aceitou-se que os privados financiem o sistema de pensoes e saude publicos, o qual por sua vez tem valores inadmissivelmente baixos nas deduçoes dos beneficiarios) sem que até agora houvesse  uma iniciativa real e profunda de reformas (aceitando-se para cumulo, como nota o Expresso de hoje, a existencia de condiçoes diferentes e desproporcionadas nas condiçoes e regalias  acordadas aos varios sectores publicos, como as policias, guardas prisionais, professores, militares etc...) levam a um inevitavel ocaso financeiro.
Algo tinha inelutavelmente de ser feito, e a vontade politica do sr. Socrates (que nao aprecio de todo, mas que 'pegou o touro pelas hastes'), parece-me bem-vinda.Oxala ainda vamos a tempo para  que estas medidas possam surtir o efeito desejado.E assim ele tenha coragem para avançar, e as forças de bloqueio o deixem concretizar, porque tirando o caso dos aumentos imediatos de taxas, ainda estamos no campo das (firmes ?) intençoes.
« Última modificação: Maio 28, 2005, 10:06:13 pm por JoseMFernandes »
 

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« Responder #14 em: Maio 28, 2005, 10:00:37 pm »
Os problemas não estão só nos funcionários públicos. A aquisição de bens e serviços por parte do Estado é uma mistura de desperdício e de desastre, muitas vezes com normas mais adequadas para o século XIX.
Por exemplo a gestão de viaturas é perfeitamente ruinosa (não estou a falar nos carros topo de gama para "boys"). Muitos serviços tem parques de viaturas que são verdadeiras relíquias, com despesas de manutenção astronómicas. Uma empresa privada na mesma situação recorreria ao aluguer de longa duração. Conheço casos em que as verbas de manutenção chegam e sobram para ter viaturas decentes, mas o estado não pode recorrer a estes intrumentos financeiros...

Existem muitas direcções gerais e institutos públicos completamente inúteis, que só servem para gastar dinheiro aos contribuintes e para criar má imagem da administração pública, mas que não são extintos porque eram uns lugares a menos para colocar "boys"...