O tema ex-colónias e soft-power é extremamente interessante. Mas isso implica uma estratégia com pés e cabeça. Para o fazer com eficácia, não basta ceder material e está feito.
Até porque se assim fosse, bastava à China, país com muito mais dinheiro que nós, fazer cedências de material muito mais relevante e caro, que tornava a nossa tentativa de soft-power irrelevante.
Tens que juntar vantagens económicas, garantias de segurança, algumas cedências aqui e ali.
Por exemplo, as nossas empresas têm sempre dificuldade competitivas devido aos preços, falta de mão de obra e capacidade de produção reduzida. Vamos pegar no exemplo da indústria têxtil, em que uma empresa portuguesa não consegue competir com as empresas estrangeiras. Podes expandir a capacidade de produção para, por exemplo, Cabo Verde, aumentar o volume de produção e ter mão de obra mais barata.
Imaginem este exemplo, mas aplicado ao fardamento das FA. Imaginem conseguir fornecer este fardamento também ao país em questão, ao invés de andarmos a ceder fardamento velho.
Desta forma ganha Portugal e as empresas portuguesas, ganha a economia do outro país parceiro, e ganha o tal soft-power.
Além disto, a melhor maneira que temos de fazer soft-power, é através da CPLP. Ou melhor, devia ser.
Dava para ceder os 4 C-130 para a CPLP, criando uma unidade conjunta, financiada por todos, para operar esta aeronave, com formação de pessoal ministrada em Portugal, com a OGMA a criar uma unidade de manutenção em África (selecionar um país) com mão de obra local. Esta iniciativa servia de teste para perceber a exequibilidade deste tipo de ideias, que, se tudo corresse bem, podia ser expandida e/ou replicada.
O Lus-222, podia entrar aqui, seja em negócios estado a estado, seja para a CPLP. Mas primeiro é preciso saber o preço do avião e que variantes terá.