Em primeiro lugar devo dizer que, acho absurdo por todas as razões já aduzidas e apresentadas, utilizar este tipo de aeronave para operações de combate.
Os rápidos avanços na área dos drones estão a revolucionar as operações militares e o apoio de fogo direto e indireto. Os ucranianos deverão ainda antes de se completarem três anos de guerra, atingir uma capacidade de produção de drones, superior à de todos os países da NATO juntos (Estados Onidos incluidos).E isto não é por acaso.
Esta compra tem muitas razões e todo o negócio tem ramificações muito grandes, pelo que a operação da aeronave em funções de apoio aéreo próximo parece ser apenas uma forma de vender (ainda que hája outro objetivo escondido, como direi a seguir)
Algumas considerações
Gostemos ou não, a Embraer, é a única coisa com pés para andar, cabeça, tronco e membros, e que seja parecido com uma industria aeronáutica.
Não há nem Pilatus PC-9, nem Texan's T-6 que pudessem, nem de perto nem de longe, contribuir para a criação e consolidação de uma industria aéronáutica em Portugal.
A Embraer investiu em Portugal para produzir este avião e espera atingir volumes de vendas de 600 milhões de Euros.
Os ganhos de experiência em termos técnicos, a formação de pessoal especializado, não têm igual em praticamente mais nenhum setor de atividade (quase, porque há excepções).
Os aviões da série Tucano, começaram como aviões puramente de treino com o Emb-312, depois foram sendo feitas modificações com o Super Tucano Emb-314 e agora com este A-29. A Royal Air Force operou a aeronave ainda no final do século XX e depois substituiu-a pelo Texan modelo T-6. E isto porque para os britânicos, que não queriam um avião de ataque ao solo, o EMB-312 não era a melhor opção.
O Tucano, não tem as prestações como treinador avançado que tem o Pilatus, que nesta função é realmente superior. Ao mesmo tempo, o Pilatus nunca conseguiria efetuar as missões do Tucano.
O avião brasileiro, funciona como um avião com "ossos" mais fortes, muito mais resistente e preparado para situações de utilização real.
O Pilatus PC-9 vazio pesa 1700kg, enquanto o Super Tucano pesa 3200kg
O peso máximo na descolagem do Pilatus PC-9 é de 3.200kg enquanto que o avião da Embraer descola com 5.400kg. (são aviões diferentes).
O Super Tucano, é todo ele maior que o Pilatus, e as razões para isso são naturalmente óbvias.
Para nós o problema é que o Super Tucano na versão NATO é mais caro, é mais resistente que todos os treinadores equivalentes, exactamente porque não é um avião de treino puro.
E o nosso problema é que estamos a gastar mais dinheiro para comprar um avião com características, as quais não precisamos para nada, porque o que necessitamos é de um treinador avançado.
África.Aqui é que as negociatas e os contatos e as "barganhas" entram. E naturalmente a análise especulativa que se segue...
Há demasiados indicios de que a compra deste avião terá alguma coisa a ver com a operação de forças portuguesas na Republica Centro Africana.
A Embraer tem os países dessa região entre alguns dos seus clientes.
A Embraer vendeu aviões para vários países nesta região, incluindo a Rep.Centro-Africana.
https://www.wikiwand.com/en/articles/Embraer_EMB_314_Super_Tucano#/media/File:Super_Tucano_Operators.pngNós coçamos as costas da Embraer, a Embraer coça as nossas costas, nós damos um empurrão para as vendas, a Embraer vende aviões e se alguns deles foram enviados para África, nem que seja para testes, dão um golpe de relações públicas, que fica dificil de igualar.
Os brasileiros fazem publicidade de graça, nós gastamos o dinheiro, mas os aviões terão uma considerável taxa de incorporação portuguesa e as vendas poderão atingir um sexto do valor de vendas de carros da Autoeuropa.
Ou seja, a Embraer poderá atingir um volume de vendas equivalente a 37.000 Volkswagen T-Roc, o SUV que se produz na fábrica de Palmela.
Estas coisas são normalmente muito mais complexas que o que parecem ...
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