Nenhum de nós quererá certamente que nos tornemos numa espécie de Irlanda da NATO a patrulhar o seu espaço aéreo com avionetas. Uma coisa será porventura usá-las contra slow movers a baixa altitude (mas até nesse caso a existência de uma plataforma AEW&C faria toda a diferença), outra é CAP. E é um argumento perigoso e pernicioso porque o crónico desinvestimento na nossa única frota de caças continua a existir. Porque se há sistemas de armas relevantes a nível de dissuasão nas nossas Forças Armadas são os submarinos, Leo e F-16, e infelizmente todos nós sabemos como até estes têm sido tratados/cuidados.
Contra slow-movers não faz sentido, porque obriga a FAP a criar (com custos associados) um segundo QRA apenas para este tipo de ameaça, ameaça que até então é rara de se suceder. Além de obrigar a ter sempre 2 pilotos permanentemente em alerta.
A questão dos pilotos é possivelmente a questão mais importante aqui. Se queres ter STs para treino + STs CAS em África + STs em QRA para slow-movers, é fazer as contas de quantos pilotos precisa a esquadra. Depois é comparar quantos pilotos precisaria a mesma esquadra se ficasse inteiramente dedicada a treino avançado. Depois levanta-se a questão: de onde vêm estes pilotos adicionais?
Assim de repente, se substituirem 500h/ano de voo dos F16 em determinados tipos de missão que provavelmente poderão efetuar com a mesma eficiência, estaremos a falar de 12M€ poupados.
Não sei de quantas horas reais estamos a falar, mas parece-me dinheiro útil para, por exemplo, comprar armamento para os F16...
Mais uma vez marramos com extremismos, quando na realidade até poderão ser meios complementares com ganhos substanciais...
Meios complementares? Obviamente que sim. Mas isso funcionaria com quase qualquer aquisição de aeronave de combate.
Ganhos substanciais? Não, apenas despesa, porque tens que contar com a compra das aeronaves, custos de sustentação, e custos de formação de pilotos para desempenharem as ditas missões com uma nova aeronave.
De resto, essa retórica das horas de voo não funciona na vida real, porque implica que os pilotos de F-16 da FAP, fazem horas excedentárias para cumprir missões que seja desempenháveis por outro tipo de aeronave.
No entanto não é esse o caso. Sempre se manteve as h/voo das esquadras de F-16 nos mínimos, para poupar dinheiro, fazendo apenas o suficiente para manter certificações dos pilotos. Todas ou quase todas as h/voo que estes pilotos fazem, são essencialmente obrigatórias.
Ao adicionar o ST à equação, não estás a poupar nada, porque os F-16 vão ter que fazer na mesma aquelas horas de voo, só por dizer que serão feitas noutras missões, ou simplesmente a "voar às voltinhas", ao mesmo tempo que se está a gastar dinheiro com os voos de ST (mais os custos de formar pilotos para esta aeronave).
A única forma de haver uma poupança, é reduzindo o nº de pilotos das esquadras de F-16 e/ou nº de F-16 em serviço, o que não pode acontecer (mas não me admirava que fosse esse o plano).
Entretanto, no tema de "complementar", o MQ-9 não só cumpria com muito mais eficácia e segurança as missões de CAS/COIN/ISR em África, como complementava não só os F-16, mas também os P-3 e C-295 VIMAR em missões de patrulha marítima/fiscalização.
Só não faz treino avançado, o que, na minha opinião, saía mais barato fazer no estrangeiro dado o nº de pilotos que formamos por ano.