Ainda nem havia RCA e já se falava do ST para Portugal para treino aqui no forum, ainda nem se falava em CAS em África e já havia um piloto Português numa esquadra de ST no Brasil, mas já é normal o pessoal se esquecer.
Falava-se do ST, tal como se falavam de N outros modelos. Tal como a prioridade, era ter uma escola internacional, com aeronaves a jacto, e o ST nunca foi um real candidato. A isto acresce que, o critério CAS nunca existiu, até à missão na RCA. Sem o critério CAS, o nº de aeronaves a adquirir diminuo automaticamente, e com isso diminui a despesa.
Não anda aqui ninguém a impingir nada, o que é referido (por mim pelo menos) é que a opção ST não é descabida e até há estudos a fundamentar a mesma, o CAS em África tanto como sei vem de um estudo de comparação de utilizar o ST ou o F-16 para um cenário onde temos alguma experiência e já foi referido que seria importante (ter um meios para CAS/apoio).
Como assim não andam? É dia sim dia não, em que por mais que se explique que a melhor solução para CAS é uma, e a melhor solução para aeronaves de treino avançado é outra, e ignoram factos para tentar forçar a narrativa do ST.

A opção pelo ST é uma como qualquer outra. Em caso de duvida, discutir isso em concurso internacional, sem corrupção, sem broches atrás do gabinete e sem critérios falsos para favorecer o candidato da Embraer.
Os estudos feitos, foram feitos à medida do ST, e não equacionaram qualquer outra opção. Continuamos à espera de um piloto da FAP a testar um Apache para CAS, um A-10, um C-295 ISR, um UH-60 armado, um MQ-9B STOL, etc. Se a única comparação feita, é entre ST e F-16, temos aqui um problema.
Num mundo onde dinheiro não é problema venha PC-21, M-346, Helis de ataque, A-10, F-16B, F-16V, F-35,... agora no nosso país é preciso tomar decisões racionais.
E a compra do ST não é racional, aí é que está o problema!
Não temos 450M para gastar em 8-10 TA-50, mas temos dinheiro para para gastar 300 e tal milhões em STs + 6ºKC. Não é racional, numa FAP que pretende transitar para F-35 em cerca de 10 anos, adquirir o ST, sabendo que quando viesse o F-35, era preciso substituir o ST por um modelo a jacto. O TA-50 elimina logo essa questão.
Racional, era adquirir TA-50, e ainda substituir os TB-30 e Chipmunk por um só modelo de aeronave a hélice, que com a existência do TA-50, nem precisa de ser tão avançado.
Portanto comprar os ST é desperdiçar dinheiro pois vem com capacidade de lançar armamento, mas comprar o M-346 que será sempre mais caro a sua compra e a sua operação (€/hora voo) para fazer treino avançado já não é desperdiçar dinheiro?
Eu não falei em M-346. Eu propus duas alternativas:
-aeronave a hélice, capaz de ministrar treino avançado, sem invenções de CAS nem nada que se pareça, como solução stop-gap realmente barata;
-aeronave a jacto (TA-50), que é mais cara, mas é "future proof" e nos permite resolver o problema para os próximos 30-40 anos.
A primeira tem a vantagem do preço, e sem a missão CAS, não tens que andar a formar pessoal da esquadra para ir combater em África. A segunda, mais cara, dá-te garantias para o futuro, e ainda oferece à FAP uma aeronave com capacidade de combate minimamente relevante em vários tipos de TOs.
A segunda opção, ao contrário das Tucanices da vida, ainda te permite, caso haja interesse, reforçar a frota para criar uma escola internacional (para a qual sempre houve interessados, mas só avançavam quando adquiríssemos as aeronaves).
Em relação a necessidade de fazer treino onde é possível lançar armamento, só é tão importante que o PC-21 durante a simulação de lançamento de armamento permite largar "pesos" para tentar simular melhor as condições reais, e deixo novamente o link da Força Aérea Australiana que apesar de ter adquirido PC-21 recentemente está a pensar em adquirir uma nova frota de aeronaves que permita fazer a função de JTAC de forma mais eficiente.
Novamente, é uma questão de volume, isto é, quanto pessoal precisas de treinar e com que frequência. No nosso caso, se calhar sai mais barato fazer isso com F-16, sabendo que por cá têm as h/voo contadas (e até fazem horas insuficientes), e que portanto usá-los para largar bombas e bombinhas em JTAC, acaba por ser "rentável", contribuindo para a formação/certificação dos pilotos operacionais.
Novamente se lesse a documentação existente veria que para quem dá a formação o facto do PC-21/STN ser uma avião a hélice não é problema para formação de avançada tanto para F-16 como para F-35.
Qual documentação? O que se sabe é que a própria FAB, do país que produz o ST, tem intenções de adquirir uma aeronave de treino a jacto. Espanha que opera a maior ou segunda maior frota de PC-21 da Europa, pretende na década de 30 arranjar um treinador a jacto. Outros países vão fazendo o mesmo, principalmente à medida que deixam de ter caças bilugar para ter novos de 5ª/6ª geração monolugares (caso do F-35).
Novamente não percebo as suas contas, está a dizer que é a opção (e estou a seguir as suas contas) de gastar 300 milhões e resolver o problemas do treino avançado e ter mais 1 cargueiro é pior do que gastar 400 milhões para resolver a opção de treino avançado? é que pelo que percebi (e novamente não estou a dizer que os valores estão certos ou errados estou só a usar o seu exemplo) a primeira opção fica mais barata de adquirir e até de manter e ficamos com mais capacidade.
Mas fica com mais capacidade em quê? Numa FAP que irá usar 5 KC-390 + 4 C-130, o 6º KC viria só para fazer número.
Já a comparação directa ST vs TA-50, o TA-50 oferece muito mais capacidades a todos os níveis, e a médio/longo-prazo fica mais barato, porque ficamos com o assunto do treino avançado resolvido durante 30-40 anos.
Qual é a dúvida? É que numa FAP com poucas aeronaves de combate, sai mais "barato" gastar 400 milhões em aeronaves a jacto, com real valor militar em caso de necessidade, do que gastar 200 milhões em avionetas, cuja utilidade militar se limita a cenários de baixa intensidade, e que mesmo para esses, existem opções bem melhores. Os 400/450M seriam para uma solução "definitiva", os 200M seriam para uma solução stop-gap/temporária.
A organização da FAP, devia ser feita com pés e cabeça, a pensar nas necessidades actuais e futuras. A compra dos ST será somente uma solução stop-gap mais cara do que o necessário, e que não é futuro proof em absolutamente nada.