Atenção que, para este governo, avançar com negociatas é a especialidade. Portanto não seria sequer surpreendente a LPM ficar estancada por anos, e só avançar o programa dos ST e o 6º KC-390.
Voltando ao tópico. Em momento algum, durante 20 anos de guerra contra o terrorismo, se falou neste tipo de aeronave, e de um dia para o outro, bora comprar aeronaves COIN para África. A intenção nunca foi comprar meios para a FAP que realmente fazem falta, mas sim tentar justificar a compra da dita aeronave "porque sim".
Existe de facto uma necessidade de ter um meio capaz de fazer CAS, para operações em vários níveis de intensidade. Mas em parte alguma esta necessidade exige uma aeronave de asa fixa a hélice. As opções no mercado seriam:
-gunships (AC-130, AC-235, AC-295/C-295 ISR)
-turboprops (ST, AT-802, AT-6, etc)
-helicópteros de ataque dedicados (AH-64, AH-1, Tiger, AW-129/T-129, etc)
-helicópteros médios armados (UH-60/AH-60, AW-139, H160M, etc)
-helicópteros ligeiros bimotores (AW-169, H145M, etc)
-UCAV (MQ-9, Bayraktar, ...)
Estas opções têm que responder a critérios como: custos de operação (h/voo), questões logísticas/sustentação da frota no TO, capacidade de combate, versatilidade dentro do TO, utilidade/versatilidade para ser utilizado noutros TOs de baixa, média e alta intensidade. As opções aqui não se excluem, podendo ser benéfico que as FA operem mais do que um dos meios acima, caso se justifique.
-Dos gunships, o AC-130J é fixe, mas não é realista, restando o AC-295/C-295 ISR (parente mais recente e maior do 235), que oferece praticamente tudo o que um dos turboprops oferece, mais a vantagem da versatilidade, mais a vantagem de já usarmos a aeronave.
-Dos turboprops, apenas têm duas vantagens reais: custo h/voo face à maioria dos candidatos em lista (excepto os UCAV) e, dependendo do modelo, poderem ser usados para treino. No TO têm utilidade muito restrita, e são virtualmente inúteis em TOs de média e alta intensidade.
-Helicópteros de ataque, talvez sejam overkill para as nossas capacidades financeiras. Estão em empate técnico com os turboprops, perdem em custos, ganham em robustez, perdem em endurance e velocidade, ganham em poder de fogo e capacidade de operar de qualquer lugar. São mais úteis noutros TOs.
-Helicópteros médios, são talvez a melhor opção em termos de custos/versatilidade/capacidade, e se for UH-60/AH-60, já usamos um derivado deste modelo.
-Helicópteros ligeiros idem, mas complicam a logística com mais um modelo de helicóptero.
-UCAV, oferecem custos de operação inferiores a qualquer outro, mais do dobro do tempo de "loitering" dos turboprops, uma taxa de disponibilidade difícil de igualar, zero riscos para a tripulação e uma utilidade fora do TO muito superior aos turboprops (podendo fazer patrulha marítima, vigilância florestal e por aí fora... e no caso do MQ-9B, poderá vir a transportar mísseis JSM, o que o coloca numa classe à parte de todos os outros acima para TOs de alta intensidade).
Dito isto, se a intenção fosse adquirir apenas um tipo de meio, a opção UH-60 armado seria de longe a melhor.
Se a intenção é um complemento de meios, diria UH-60 + UCAV ou UH-60 + AC/C-295 ISR.
Helicópteros de ataque era numas FA ideais, onde seriam igualmente adquiridos UH-60 e UCAV.
Os ST ou similares, não fazem sentido dada a nossa posição geográfica, missões e potenciais ameaças. Existe a necessidade de comprar uma aeronave de treino a hélice sim, e para isto, não é preciso adquirir um modelo com capacidade de combate (que fica mais caro), mas sim uma aeronave capaz de substituir tanto os Alpha Jet como os Epsilon.