Tal como disse antes penso que a vinda de Helis de transporte é um dado certo, ou deveria ser. Isso não é relevante (excepto nas sinergias de manutenção) para a discussão. Se a FAP pretender fazer CAS, COIN, Overwatch, CSAR e Treino de PILAVs e adquirir um heli de ataque vai sempre precisar de adquirir mais DOIS sistemas de armas. Se adquirir ST e UH-60 preenche os requisitos todos só com dois SAs em vez de três. O que faltaria discutir é se os UH-60 deveriam vir armados ou não (acho que deveriam vir armados).
Quanto ao custo da HV não posso daer garantias até porque os preços do UH-60 que encontrei na net vão dos $1.600/h até $4.000/h. Teria que saber quanto a FA pensa que ficará cada HV em cada um dos sistemas.
O problema é que estás a partir do princípio que sem ST, se ia comprar helicópteros de ataque, ignorando por completo que a mais o provável e racional é a utilização do maior número de UH-60, para a missão de COIN em África.
A conversa dos hélis de ataque, é mais numa perspectiva idealista, com base na nossa realidade no meio da NATO/Atlântico/África em que se diz que "era ideal se tivéssemos". Mas dada a nossa realidade financeira, e sobretudo de investimento na Defesa, a opção mais realista passa, para já, pelo uso de UH-60 bem armados, que colmatam as lacunas de COIN e CAS sem a necessidade de uma aeronave nova.
Ao adquirir o ST, sim, tapamos o buraco da missão COIN (mas não CAS*), e a lacuna de treino mal e porcamente, já que está visto que, nem substitui o TB-30, pelos seus custos e complexidade, nem o Alpha Jet na hora de transitar para o F-35 ou mesmo F-16V (algo que nos é dito indirectamente pelo interesse da FAB em comprar uma aeronave de treino avançado).
*CAS é muito mais abrangente. E o ST só consegue fazer CAS em TOs de baixa intensidade, e onde há uma infraestrutura de onde descolar relativamente perto. CAS a partir de navio para uma força desembarcada por exemplo, já dependes dos helicópteros. Em TOs de média e alta intensidade, também não serve de nada o ST.
Resumindo, teremos uma aeronave mono-missão (COIN), e que não vai chegar para aquela que seria a sua missão principal (treino) por não ser a mais adequada, principalmente para formar pilotos para caças de geração 4.5 ou 5. Vai ser uma aeronave que vai obrigar a que para já mantenhamos nada mais nada menos que 3 modelos de aviões a hélice para treino, e vai obrigar a que no futuro não muito longínquo, se adquira ainda outra aeronave de treino avançado, ficando a FAP com 3 ou 4 aeronaves de treino distintas (é uma para cada fase).
Isto tudo para se tentar justificar a compra de uma aeronave dedicada a COIN, Armed Overwatch e ISR, que por sua vez só pode fazer COIN se não houver MANPADS lá para o meio, que é mais dispendioso na missão de "Armed Overwatch" que os UCAV e que apenas pode fazer ISR em ambientes permissivos (onde um C-295 VIMAR pode fazer o mesmo), sendo UAVs o meio de eleição no séc.XXI para TOs mais complexos. Meio este que, vamos ter que criar doutrina e formar pessoal para que possa executar a missão de COIN em África que pode nunca mais se repetir para lá da RCA, ficando nós entalados com uma doutrina que não nos serve de nada nos restantes TOs que poderão surgir, nomeadamente na Europa e no Atlântico, e com uma aeronave que fica aquém das necessidades de treino, ao ponto de a sua compra, não reduzir o "nº de sistemas de armas a adquirir", já que obriga a vários modelos de aeronave de treino.
Claramente não se teve em conta nenhuma outra variável para lá de ser Embraer e fazer 2 missões. E a ver vamos se o ST "faz tudo", não bloqueia futuras compras de UCAVs e UAV, de armamento para os F-16, e de armar os UH-60. E a ver vamos se no futuro, na hora de substituir os F-16, não acabamos a comprar F-35 em número inferior a 20 unidades, com a justificação que "já temos o ST para algumas das missões".
Tenente, eu nunca compraria aeronaves apenas para uma ou duas funções. Apenas aceito o super tucano porque não tens uma aeronave de treino avançado e estamos a falar de um aparelho que não apenas o faz mas acrescenta mais várias funções à FAP. Percebo e aceito a questão dos Helis, mas também tenho que dizer que não apenas a FAP foi comprar os Koalas, ainda por cima em número insuficiente, como inclusive os Merlin (que para muitos paises é um heli médio, cá é que pelos vistos é pesado), que por exemplo os Dinamarqueses ou os Bifes também têm, só cá é que estão praticamente no Sar e Medevac. Além de ser o tipo que até os teco tecos dos Epsilons tinha lhes metido as armas, pois para ir para a RCA bastava e sobrava. Mas por cá os Merlin nem armados andam e 4 são para a função CSAR. Portanto a FAP e os governantes que se organizem...

Mas a culpa de não haver aeronaves de treino, é de quem? Não é do mesmo governo que empastelou o assunto durante anos à espera da tal escola internacional? A partir do momento que isso não deu em nada, só tinham de fazer uma coisa, que era comprar o PC-21, para substituir os AJ e os TB-30, passando estes últimos para o lugar dos Chipmunk, e esta seria a solução mais barata e prática para o problema, e que ao contrário do ST, ainda tem o benefício de ser usado por outros aliados NATO.
Já os Merlin, podes equipar com o que quiseres, que continua a fazer falta um héli para o escoltar. O Merlin na FAP devia ser usado como um Chinook dos pobres, e, tal como o Chinook, precisaria sempre de um héli mais leve e versátil para o apoiar. É assim que se faz nos países a sério.
Eu entendo a razão de dizerem que é melhor que nada, mas isso é uma política que a médio/longo prazo vai arruinar (ainda mais) as FA, servindo de justificativo para que sejam feitas aquisições abaixo do necessário (em qualidade), para fins de poupar dinheiro. Já aconteceu com os Koala, vai acontecer com os ST e a ver vamos se não acontece com o substituto dos F-16, P-3, fragatas, etc.