Eu acho sempre que os cenários em que o nosso território nacional está em risco são sempre um pouco irrealistas na forma como são apresentados. Em condições normais (se mantivermos a nossa política externa como temos tido) o nosso território nacional só será ameaçado em caso de um conflito global, onde obviamente vai estar envolvidos NATO, e UE. O que implica uma serie de coisas, uma delas é que a situação não escala do zero para o Armagedom em 10 minutos, provavelmente levará meses (ou anos, tipo o que já está a acontecer com a corrida ao armamento por diversos países) até a situação se tornar critica, e conforme a situação se torne critica vai-se adaptando a defesa e posicionamento das forças a mediada do que é necessário.
Se chegarmos aí como é obvio deverá haver P3 constantemente no ar (ou o máximo possível), deverá haver várias parelhas de F-16 em alerta máximo (-15 min para estarem no ar), meios dispersados por essas serras e vales e o ti Costa da altura num bunker qualquer.
Em relação ao uso de pistas não preparadas para defesa aérea, eu não tenho conhecimentos, mas não sei se temos dimensão física para o uso dessa estratégia ser a mais indicada.
PS 1: Agora planear e ter identificadas as vias que em caso de necessidade (seja militar ou principalmente ao nível da proteção civil) possam servir como pistas, secalhar seria boa ideia, mas mesmo aí secalhar (novamente não tenho conhecimentos) poderia ser mais fácil/seguro construir uma pista de terra batida em 1 ou 2 dias do que usar uma via publica.
PS 2: Contudo pelo menos da região onde moro o que não falta é aeródromos a poucas dezenas/1 centena de kms, uns dos outros, secalhar é mais fácil converter estes para suportarem aeronaves de maiores dimensões.
É sempre difícil vislumbrar nos tempos de hoje um conflito. Mas daqui a 10 ou mais anos pode não ser assim. A realidade é que os nossos vizinhos andam todos numa corrida ao armamento, menos nós. Mesmo que haja algum tipo de "aviso" de meses ou anos, nós não vamos andar com parelhas de F16 nem P-3 constantemente no ar. É financeiramente incomportável para nós, e também desgastante para pilotos e aeronaves, como tal, só aconteceria mediante uma declaração de guerra e/ou em resposta a disparos (neste caso de mísseis) do inimigo. E como esse inimigo não vai ser burro, não vai avisar com 24h de antecedência que vai atacar.
E esta necessidade de resposta, não se resolve com a utilização de estradas, pois mesmo sabendo do aumento de tensões por um período relativamente longo, nós não vamos andar com caças destacados em autoestradas durante 1 semana ou 1 mês ou o tempo todo que durem as tensões. É algo que só aconteceria após uma declaração de guerra ou um ataque directo, e quando tal acontecesse, nem tínhamos tempo de retirar os caças das bases. E estamos só a falar de caças, já que outras aeronaves, como o P-3, estarão limitados à nossa (in)capacidade de defender as bases de onde operam.
A dimensão do país não tem nada a ver. Tem a ver com a ameaça e a estratégia de defesa de cada um. (Curioso que todos estes países, independentemente da dimensão e localização geográfica, investem bem na defesa anti-aérea.)
A Rússia (e ex-USSR), é o pólo oposto de Singapura em dimensão, e também treina com estradas. Mas as razões são bem diferentes, pois no caso deles é em resposta à ameaça nuclear, sabendo que todas as suas bases estariam sob mira. Sem ser isso, países de grande dimensão e sobretudo com muitas bases aéreas, não precisariam de usar esta estratégia. Singapura tem as suas bases aéreas todas ao alcance de artilharia convencional, e até de morteiros. É uma realidade completamente diferente. Israel por outro lado, é conhecido por investir forte na defesa activa das bases.
Nós somos pequenos em dimensão terrestre, mas contamos com 2 arquipélagos consideravelmente distantes do continente, o que acaba por contrabalançar, e que permitem uma estratégia de dispersão muito diferente. Também dificultam a tarefa de um potencial inimigo, que se vê obrigado a atacar 3 territórios distantes.