Capacidade respiratória e funcional em idosos após COVID-19: um estudo transversalFilipe Alexandre Pereira, Maria Teresa Tomás
1. Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Hospital Pulido Valente, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE. Lisboa, Portugal. filipe.b.pereira@gmail.com
2. Departamento das Ciências da Terapia e Reabilitação, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa. Lisboa, Portugal.
3. H&TRC – Health & Technology Research Center, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa. Lisboa, Portugal.
RESUMO: Introdução – A disseminação pandémica do SARS-CoV-2 levou a um surto de pneumonia viral sem precedentes. Apesar de a caracterização de sequelas pós-COVID-19 constituir o interesse atual da investigação mundial, um elevado grau de desconhecimento regista-se ao nível do impacto funcional que esta doença causa nos idosos que tenham apresentado manifestações moderadas, graves ou críticas. Objetivo –Identificar as principais sequelas na capacidade funcional e respiratória em idosos após COVID-19.
Método –Estudo transversal realizado na comunidade. Avaliou-se a capacidade aeróbia funcional (teste de step de 2 min), perceção da dispneia (modified Medical Research Council), força muscular respiratória e periférica (pressão inspiratória e expiratória máximas, força de preensão manual) e o Índice de Fragilidade (Escala de Fragilidade Clínica) em 25 indivíduos com idade ≥65 anos, residentes na comunidade, com diagnóstico de COVID-19 até seis meses, e em igual número de idosos com as mesmas características sem diagnóstico conhecido de COVID-19.
Resultados –Os idosos com diagnóstico de COVID-19 até seis meses apresentaram uma diminuição nos valores de pressão inspiratória máxima (p<0 , 0 01), pressão expiratória máxima (p=0,015), na capacidade aeróbia (p<0,001), com presença significativa de dessaturação induzida pelo esforço (p<0,001), valores aumentados de perceção de dispneia (p<0,001) e níveis mais elevados de Índice de Fragilidade (p=0,026).
Conclusão –Foram encontradas alterações significativas na capacidade respiratória e funcional em idosos com diagnóstico de COVID-19 até seis meses quando comparados com idosos com características idênticas sem diagnóstico prévio de COVID-19. Estes resultados podem ser um importante indicador na caracterização de sequelas após infeção pelo SARS-CoV-2.
https://journals.ipl.pt/stecnologia/article/view/596/694Uma parte que eu acho que é por demais relevante:
No entanto, a COVID-19 não afeta apenas os pulmões, sendo atualmente descrita como uma doença multissistémica. Paralelamente, um estado hiperinflamatório causado pela resposta imunitária do doente (tempestade de citocinas) parece ser responsável pelo aumento da disfunção em vários órgãos e sistemas, estando esta condição associada a complicações cardíacas9, neurológicas10 e músculo-esqueléticas11.