Vou só pegar nuns pontos importantes da notícia e ser má-língua:
Em junho do ano passado, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, anunciou que iria "começar a trabalhar nos contratos e na adjudicação" de seis NPO, uma vez que já tinha sido publicada a Lei de Programação Militar (LPM).
Desde Junho... faltou a tinta em todas as canetas para assinar o contrato? É que 8 meses não é propriamente pouco tempo. Felizmente há sempre tempo e dinheiro para passeios no Brasil à Embraer.
Face ao défice de manutenção acumulado, que varia entre dois e nove anos
9 anos é "só" praticamente 1/3 da "esperança de vida" dos navios, especialmente numa Armada ocidental. Se para umas meras lanchas é esta situação, que são meios relativamente simples e baratos de manter, nem quero imaginar qualquer coisa mais complexa, estilo LPD/LHD ou fragatas topo de gama.
*Gostava de saber, quantas vezes foi renovada a frota de carros do Estado nos últimos 9 anos. Só por curiosidade.

estão neste momento ao serviço um total de 34 embarcações: 5 fragatas;
Esqueceram-se de colocar a nota de que estão obsoletas mesmo após os MLUs (especialmente as VdG).
Outra decisão que também tarda é como será feita a aquisição daquele que será o porta-aviões da Armada - o Navio Polivalente Logístico (NPO)
NPL querem eles dizer, e espero que a comparação com um porta-aviões tenha sido sarcasmo.

Na Lei de Programação Militar está prevista a sua compra a partir de 2024, mas tendo em conta a redução drástica do investimento (passou de 310 milhões para 150) ainda não está decidida a estratégia de compra. Em maio de 2019, João Gomes Cravinho afirmou que este navio "será adquirido a partir de 2022" e que havia tempo para ponderar se será melhor comprá-lo "em segunda mão" ou "construí-lo, de preferência, aqui em Portugal". Segundo o porta-voz oficial da Marinha, este navio "é autossuficiente" e pode navegar para águas internacionais sem necessidade de um reabastecedor.
Aqui nada de novo, tirando que há uns tempos estava mais que decidido que ia ser um navio novo, e agora é "não está decidida a estratégia de compra". Mas se for a julgar pelo substituto do Bérrio, em que ignoram prontamente uma opção em segunda-mão, não há grande esperança que seja diferente com o LPD.
Interessante, é que o navio será adquirido a partir de 2022, e segundo o ministro, "há tempo" para ponderar qual das opções se vai tomar, esquecendo-se que, se demorarem até 2022 para decidir, a opção por algo novo implica a sua entrada ao serviço nunca antes de 2025, a julgar pelo tempo de construção e afins. Mas é como dizem, "empurrar com a barriga".
Melhor mesmo, só a afirmação no fim, que o LPD é auto-suficiente e não precisa de AOR. Aqui está a razão de não quererem saber do Wave, que dada a escolha entre ter um AOR que permita utilizar as fragatas e NPOs fora das águas nacionais, ou ter apenas um LPD com esta capacidade que iria para fora sem escolta absolutamente nenhuma, preferem o LPD.
Felizmente o LPD é auto-suficiente, caso falte comida, metem terra no convés de voo e plantam alfaces, tomates, couves... purificam água do mar e se faltar combustível, os Fuzileiros embarcados remam. Numa situação em que o navio possa ser atacada, certamente também será auto-suficiente.
Segundo a mesma fonte oficial, o reabastecedor Bérrio, "já entrou em processo de abate", não tendo ainda sido encontrada solução a curto prazo para a sua substituição.
Já agora... realmente aqui ninguém viu um navio que se adeqúe às nossas necessidades... se ao menos houvesse algum AOR, padrão NATO, usado mas com poucos anos e que estivesse neste momento atracado à espera de decidirem o que fazer com ele....

Nem Exército, nem Força Aérea nem a Marinha mostram factos que confirmem ou neguem a denúncia de "pré-falência" das Forças Armadas (FFAA) descrita numa carta que um grupo de generais, ex-chefes de Estado-Maior dos três ramos......... Questionados nesta semana pelo DN sobre essa situação e solicitados dados sobre a evolução do efetivo na última década, bem como o estado das capacidades operacionais, a resposta foi unânime: "não vamos facultar esses elementos", respondeu a porta-voz do Exército; "não conseguiremos disponibilizar a informação que solicita", disse o porta-voz da Força Aérea; "não conte com contributos da Marinha", assinalou o porta-voz deste Ramo.
Realmente é com este tipo de respostas que a situação vai evoluir. Nada melhor que os porta-vozes de cada ramo a cruzarem os braços e não piarem. Se ao menos este tipo de unanimidade estivesse presente na hora de escolher o modelo dos Hawk que deveriam ter sido adquiridos.
