Pois aqui está a minha opinião.
Há no Brasil, e eu conheço o Brasil, essencialmente no que respeita a São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais, (embora não só) uma quantidade de “ideias feitas” muitas vezes veiculadas por jornalistas que ou nunca foram a Portugal, ou então, foram, mas como não encontraram as diferenças que pensavam encontrar, acabam inventando.
Hoje, o estereotipo do português padeiro, semi-analfabeto, continua a existir, embora na realidade, os emigrantes portugueses no Brasil, tenham na sua maioria dificuldade em identificar Portugal como o país que deixaram, e eu não estou a dizer que isso é uma coisa boa.
Há uns anos atrás, uma familiar minha, (Tia) veio pela primeira vez a Portugal, depois de 35 anos de ausência. Gostou muito, mas não deixei de notar que, embora conhecesse parte dos familiares e as pessoas que ficaram em Portugal, mas que nunca mais tinha visto, não foi capaz de reconhecer quase nenhum marco antigo. Esteve na região onde cresceu, e só conseguiu reconhecer a igreja, que era a mesma. De resto, algumas ruas nas áreas mais antigas e pouco mais. O país que tinha deixado, no fim dos anos 50, não existia. Foi impossível não notar essa nostalgia, tão portuguesa. Enquanto não se volta a Portugal, mantém-se na ideia a memória que se tem. Quando se volta, o inevitável acontece: A nostalgia desaparece com um choque. É como que a aceitação de que um familiar querido, morreu e nunca mais vai voltar.
Quando me dei conta de que:
-Algumas vezes há comentários em jornais brasileiros sobre as diferenças linguísticas, entre Portugal e o Brasil.
-Que quando vemos essas diferenças nós, os portugueses ficamos absolutamente desconcertados, com as palavras que nos põem na boca, fiquei sem entender.
Hoje, não tenho duvidas: A razão pela qual, alguns jornais brasileiros continuam a dar aos seus leitores este tipo de imagem “estereotipo” tem a ver com o facto de compararem o português do Brasil, com o português dos emigrantes portugueses no Brasil, que guardaram religiosamente o léxico das regiões onde viviam antes de emigrar, e que ainda hoje o utilizam. Eles não foram a Portugal. Entrevistaram o padeiro.
Os exemplo:
A água lisa, pode até ser utilizada, em algum lugar de Portugal. Mas basta comprar uma simples garrafinha ou latinha para ver o que lá está escrito.
O Colibri, não é uma ave típica de Portugal. Como é que vamos dar nome a pássaro, quando nem conhecemos o pássaro?
É que não há Beija-flores em Portugal. No Inverno, morreriam todos se vivessem em liberdade..
No Brasil, que inventou o avião e a aeromoça, a comissária veio depois. O ofício contava com hegemonia feminina, mas, quando chegaram os aeromoços, logo foram denominados comissários. Por concordância, irrompeu a comissária.
Então, mas não é “Hospedeira de Bordo ?”.
Em todas as cidades, especialmente em Lisboa, quem varre as ruas não são os garis, são os almeidas
O termo Almeida, está em desuso. Seria estranho que se chamasse “Gari” que não é uma palavra de origem portuguesa. (Curiosamente estive uma vez no nordeste e não ouvi falar de Gari. Eles usavam outro nome, mas não lembro). Hoje não temos Almeidas, temos funcionários dos serviços de limpeza. (é mais fino

O “Jantar”
Aqui não entendo o que é que o autor do texto pretende provar ou indicar.
O termo Jantar, foi utilizado atá há relativamente pouco tempo, (anos 50) como uma refeição ao inicio da noite, e a qual se distinguia da Ceia, que era tradicionalmente a última refeição da noite.
Ainda hoje, o termo “Jantar de Natal” não substituiu completamente a “Ceia de Natal”, que é uma refeição ao fim da noite.
E Adivinhem?
Ceia de Natal, também existe no Brasil.
Já jantei no Brasil, centenas de vezes, e nunca deixei de comer, em lugar nenhum, nem nunca confundi ninguém, por chamar jantar ao jantar.
O pequeno-almoço vem na mesma tradição. O "café da manhã", não faria sentido em Portugal, onde o café era uma coisa cara. Os pobres, ou seja, a maioria da população não podia sonhar em ter dinheiro para comprar café. Nunca poderia haver em Portugal “café da manhã”. Em Portugal, utilizava-se um termo, hoje completamente esquecido chamado de "mata bicho".
O Brasileiro médio, só não está habituado ao sotaque português, mas depois de algumas horas, de habituação, (e falo por experiência própria) não tem qualquer dificuldade em entender as palavras, quando se habitua à sonoridade. Isso ocorre porque a língua é a mesma.
A esmagadora maioria das palavras utilizadas no Brasil, (e que os brasileiros utilizam para mostrar as diferenças) também são ou foram utilizadas em Portugal e portanto tanto faz utilizar uma palavra ou outra. Todos nós estamos tão familiarizados com o facto de os nossos pais, e avós, utilizarem palavras diferentes daquelas que nós utilizamos hoje, que comparar palavras para os portugueses não é sinal de diferença, muito pelo contrário.
Há muitas diferenças entre o português falado em Portugal e no Brasil, mas para as conhecer é necessário conhecer Portugal e o Brasil. Não só Lisboa e o Porto, mas também Carrazeda de Ansiães, Estói, Castro Marim, ou o Fundão. Não só o Rio de Janeiro e São Paulo, mas, Moji das Cruzes, São João D’el Rei, Uruguaiana, ou Aparecida(rj).
Depois de conhecer, fica-se com a ideia de que por cada palavra diferente, há pelo menos mil, que embora faladas com sotaques diferentes, são exactamente iguais.
As diferenças estão, onde os termos das línguas indígenas são utilizados. Em nomes de carros de combate que nos acostumámos a ouvir. Como Cascavel, Urutú, Sucuri e outros de origem africana como Ógum (protótipo). Há ainda nomes de localidades que adoptaram designações indígenas.
Há também as diferenças decorrentes da pressão do inglês. Das mais conhecidas, destaco o mouse do computador, que em Portugal se chama rato, a camiseta, que em Portugal, quase toda a gente apelida de T-Shirt, ou o sinal de PARE, que em Portugal, está por todo o país, com a mesma cor mas com a palavra STOP.
Cumprimentos