Diria até que mais valia acabar com os Leopard e M113 e aproveitar o dinheiro para manter outras capacidades, mas a verdade é que se esse dinheiro não seria novamente investido nas forças armadas. Por isso é melhor continuar a fazer de conta porque já sabemos que não vai haver dinheiro para mais Leopard ou substituir os M113. Já temos muita sorte em ter dinheiro para manutenção e combustível.
Acabar com as forças pesadas nas forças armadas, é sempre uma opção.
Devemos no entanto lembrar para que servem essas forças.
Os tanques em Portugal, não foram introduzidos por causa da NATO, foram introduzidos por causa da Espanha.
Os primeiros tanques (que realmente se poderiam chamar tanques) foram os Valentine, fornecidos pelos ingleses ainda durante a II guerra mundial. De seguida o Franco foi fazer queixinhas ao Hitler, a dizer que os portugueses tinham recebido tanques e que a Espanha tinha que ter qualquer coisa parecida (a Espanha estava limitada aos tanques T-26 russos capturados aos republicanos durante a guerra civil).
Depois da guerra, como já existia uma pequena força de carros de combate e a Espanha não fazia parte da NATO, aproveitou-se o balanço para criar mais, mas foi um fiasco, com parte do material que nos foi enviado, praticamente sem ter sido utilizado.
Há quem afirme que isso teve a ver com o fato de ser em grande medida material ultrapassado (excedentes de guerra) mas a verdade é que Portugal não tinha meios para possuir grandes meios mecanizados.
Não havia combustivel, nem sequer soldados com formação adequada ( por outras palavras, que não fossem analfabetos ) .
A arma blindada deveria servir para impedir um ataque espanhol através do flanco sul da chamada "Raia Seca" a parte da fronteira que não tem rios, e que não é excepcionalmente montanhosa.
A outra possibilidade seria a sua utilização em campo aberto a sul do Tejo, mas aí, a vantagem seria sempre dos numeros...
No entanto, com base nesta ideia, as unidades que tratariam de impedir avanços até Lisboa estavam colocadas onde eram necessárias ...
Elvas com infantaria, Estremoz com carros de combate e Vendas Novas com artilharia.
Esta simples disposição mostra que os militares consideravam que os carros de combate seriam secundários e serviriam para apoiar a infantaria, que seria sempre o pilar principal de qualquer defesa.
Depois veio a guerra, e depois acabou a guerra, e depois a Espanha entrou na NATO.
Em teoria isso será uma garantia, embora não haja garantias nanhuma, porque a NATO não toma decisões quando há um conflito entre estados membros, pelo que ficámos na mesma.
A questão que podemos colocar é...
Fará sentido manter forças militares pesadas, por causa de uma invasão espanhola ?
Porque para lá disso, os nossos tanques não servem para mais nada.
A sua utilização fora do território português depende da aquisição de um navio logístico com capacidade para projetar uma força blindada, e esse meio provavelmente será eternamente atrasado, provavelmente com todos os argumentos completamente desmontáveis que temos visto aqui, a explicar que não pode haver LPD ( ou o que seja ), porque não, e principalmente porque muitas capelinhas nas forças armadas podem ser postas em causa.
Desta forma, se não há espanhois para nos atacar, e se não temos capacidade para enviar os tanques para lugar nenhum, a sua utilidade é zero.
O que nos leva à compra dos Leopard-2A6.
A maior parte das pessoas nem sabe que os Leopard-2A6 foram os primeiros tanques comprados por Portugal.
A outra coisa que muita gente não sabe, é que nunca tivemos carros de combate tão tecnologicamente avançados
A outra coisa que pouca gente sabe, é que quando foram comprados, parte dos militares não tinha a mais pequena ideia de para que serviam os Leopard e quais eram as suas vantagens. Houve quem tivesse ficado à espera do resto...
Os politicos, menos entenderam ainda, e por isso, os Laeopard-2A6 nunca receberam algo cuja falta não se entende numa força blindada moderna, ou seja os veículos de combate de infantaria.
Sem veículos blindados de combate para a infantaria, que deveria proteger os tanques, sem qualquer capacidade anti-aérea, a única coisa que foi possível fazer foi fingir que os Leopard-2A6 existiam e que tinham qualquer função.
Em 2010, já era claro que os Leopard não tinham futuro, porque mesmo a manutenção da um número deles operacional, era demasiado cara.
A operacionalidade da frota, passou a ser medida pela capacidade do motor e pela transmissão.
Com a explicação do do peso, os tanques eram mostrados nas paradas militares em Lisboa em cima de semi-reboques.
Aparentemente, a acreditar no que vemos na comunicação social, a introdução dos Leopard2A6 permitiu reduzir o número de carros, mas do ponto de vista das capacidades, a força operou exactamente como se fosse equipada com os M60-A3.
Esta questão é mais uma daquelas que tem tudo para durar e durar e durar.
Vai haver sempre quem defenda a existencia de tanques, e quem ache que no nosso caso eles não servem para nada, ou servem para muito pouco.
Mas para os termos, então é necessário, como nos outros setores, bastante tinheiro.
- > A Electrónica e sistemas electro-ópticos têm que ser modernizados
- > A proteção contra mísseis anti-carro com capacidade de ataque vertical tem que ser instalada
- > A blindagem lateral tem que ser reforçada
- > A cada pelotão de carros tem que corresponder um número de carros de combate de infantaria (muita gente não entende que um carro com uma peça de 30mm sirva para defender um tanque armado com uma peça d 120mm, mas é assim ....
- > tem que ser adquirida capacidade anti-aérea, ou introduzindo sistema móveis com mais precisão e letalidade, ou então é necessário alterar a doutrina e entregar às forças, dezenas de mísseis anti-aéreos portáteis e ter em cada secção um homem com um míssil anti-aéreo.
Para manter uma força mínima de três esquadrões de carros de combate (normalmente dois operacionais e um de reserva ) e ao mesmo tempo ter viaturas disponíveis para repor em caso de avaria, será necessário adquirir mais Leopard.
Só o upgrade dos atuais, vai custar mais que o custo inicial doa Leopard-2A6 comprados em segunda mão. Entre três a quatro milhões para cada carro e isto, mesmo assim poupando...
O custo de um número equivalente de VCI's poderá custar mais ou menos o mesmo que o upgrade dos tanques.
Com toda a parafernália adicional, com o custo de salários que é necessário pagar, a força blindada portuguesa, de até quatro dezenas de tanques, quatro dezenas de VCI's uma a duas dezenas de viaturas adicionais desde anti-aéreas, lança pontes, viaturas de recuperação e por aí fora, deverá custar entre
300 e 400 milhões de Euros.
Com menos que isto, estaremos a fingir que temos tanques ...