A questão, quando se fala em reequipamento, deveria passar não por determinar que equipamentos vão substituir os que existem, mas sim por determinar quais são as missões mais importantes que das quais uma força vai provavelmente ser incumbida.
Só então, se poderiam fazer criticas construtivas, em vez do costume que é o tradicional bota-abaixo portuga, em que não importa o que se quer construir, o que importa é como é que se critica quem quer fazer qualquer coisa.
Gostaria que fizessemos um exercicio:
Voltemos a 14 de Agosto, mas de 1939. Andemos exactamente 85 anos para trás
O mundo está a menos de um mês da guerra.
A crise entre a Polónia e a Alemanha ainda não atingiu o auge e dentro de cerca de uma semana, é que saberemos que os comunistas russos e os nazistas alemães, se aliaram.
Os alemães, estão a construir dois grandes couraçados. O Bismark foi lançado há água há seis meses e só entrará ao serviço dentro de um ano.
Os britânicos estão a construir cinco couraçados. O primeiro também foi lançado à água há seis meses, mas só estará operacional dentro de catorze meses.
Os franceses, igualmente encomendaram quatro, Nenhum estará operacional quando a França se rende e apenas um ficou operacional durante a guerra.
Italianos, americanos e japoneses, todos têm projetos e navios em construção.
Couraçados, porta-aviões e cruzadores para os protegerem, juntamente com contra-torpedeiros rápidos e modernos, especialmente equipados com torpedos.
Os países mais pequenos, seguem esta linha. Não são capazes de produzir couraçados, porta-aviões ou cruzadores, mas pelo menos constroem ou compram contra-torpedeiros.
Com a sua rapidez e torpedos modernos, eles vão pelo menos ser capazes de contestar o dominio das águas pelos navios maiores.
O que é que acontece, se alguém, há 85 anos atrás se atrever a dizer que, isto está tudo obsoleto.
Nada disto vale nada, e estes navios são todos armas do passado … ( ? )
No entanto, a guerra começa, e no Atlântico, em Maio de 1941 há um recontro importante, que envia para o fundo do mar o cruzador de batalha Hood, e o couraçado Bismark uns dias depois.
Em Dezembro desse ano, a América entra na guerra e a Alemanha reconhece a derrota, retirando os seus navios para águas protegidas.
A partir daí, e durante todo o resto do conflito, que durará mais quatro anos, o Atlântico Norte continuará a ser palco da guerra, mas nenhum dos navios que toda a gente via como essenciais, mostrou ser essencial.
Neste conflito, rapidamente se percebe que é preferível ter navios mais lentos, mais pequenos, mas armados para lutar contra submarinos.
Os britânicos, sacrilégio dos sacrilégios, até retiram a maioria dos canhões de alguns dos seus contra-torpedeiros antigos, substituidos por lançadores de cargas anti-submarinas de forma a poderem perseguir submarinos alemães. Vão-lhes chamar "destroyer escorts".
O outro navio que vai sobressair, será igualmente estranho e inesperado.
Inicialmente será um cargueiro desenhado para transporte de cereais, sobre o qual vão colocar uma estrutura metálica e uma pista de ripas de madeira.
Os navio vão ficar conhecidos como Jeep carriers, ou porta-aviões de escolta.
Os alemães ainda vão tentar ataca-los com bombardeiros Condor baseados em França, mas não vai servir de nada.
A II guerra mundial, no Atlântico, foi uma guerra ganha contra os submarinos com navios que quando a guerra começou, todos os especialistas diriam que eram maluquices.
Olhar para o passado e achar que o futuro se desenha, substituindo o que se tem no passado, por novos sistemas, sem pensar na estratégia, resulta nisto ...
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