Polestar com prejuízo de mil milhões de dólares em plena guerra comercial e queda dos elétricosEmpresa mantém meta de crescimento anual até 35% até 2027, apesar da incerteza no setor elétrico.

A Polestar Automotive reportou um prejuízo líquido de 1,03 mil milhões de dólares no segundo trimestre de 2025, muito acima dos 268 milhões registados no mesmo período do ano passado, de acordo com a Bloomberg. O resultado foi fortemente penalizado por uma correção de ativos (“writedown”) de 739 milhões de dólares no modelo Polestar 3, atribuída ao impacto das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos e à procura mais fraca por veículos elétricos.
Apesar das perdas, a Polestar aumentou a receita em 37% face a 2024, atingindo 791 milhões de dólares, impulsionada sobretudo por campanhas de desconto que reforçaram as vendas na Europa, de acordo com a Reuters. A empresa tem perdido valor de mercado desde a sua separação da Volvo e entrada no Nasdaq em 2022, tendo o atual CEO, Michael Lohscheller, assumido funções no ano passado com um plano de reestruturação que incluiu a aposta em concessionários e a redução da presença na China.
O gestor sublinhou que a empresa está “a fazer as coisas certas, num mercado difícil”, referindo-se ao esforço para aumentar vendas e controlar custos. Ainda assim, a Polestar já tinha revisto as previsões para 2025 no início do ano devido à volatilidade do setor, embora reafirme, segundo a Bloomberg, que continua a apontar para “um crescimento anual composto do volume de vendas a retalho de até 35% até 2027”.
A empresa, controlada pelo grupo chinês Geely através do multimilionário Li Shufu, recebeu em junho uma injeção de capital de 200 milhões de dólares, mas continua à procura de novos financiamentos em dívida e capital, noticiou a Reuters. No final do trimestre, a fabricante dispunha de 719 milhões de dólares em caixa, valor ligeiramente inferior aos 732 milhões registados no trimestre anterior.
Nos Estados Unidos, as vendas caíram 56% no segundo trimestre, refletindo a preferência dos consumidores por híbridos e modelos a combustão, mais baratos e menos afetados pelas tarifas norte-americanas. Já na Europa, a Polestar registou uma subida de 38% nas vendas, com cerca de 18 mil veículos entregues, sustentada por campanhas promocionais.
A marca aposta agora nos lançamentos futuros para recuperar tração, com destaque para o Polestar 5, um modelo “grand tourer” que será apresentado na próxima semana no Salão Automóvel de Munique, na Alemanha, com a ambição de reforçar o posicionamento no segmento "premium" e relançar o crescimento.
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