O interesse russo, parece-me óbvio, vai muito além da Nigéria. Se fosse só isso, não era preciso meterem-se em todos os cantos de África, e por exemplo não procuravam também uma maior aproximação à Guiné-Bissau (e vamos ver se o próximo alvo não é Cabo Verde). Podemos até destacar os 3 principais "interesses" russos na região: económico, militar e diplomático (influência).
Os russos funcionam segundo a regra de oportunidade.
Se houver oportunidade para criar problemas, eles criam...
A Nigéria é o mais populoso país de África e o seu maior produtor de petroleo. O segundo é a Argelia, mas aí os russos aparentemente têm uma palavra a dizer. Em Angola os russos estão em queda.
O controlo ou influência sobre o golfo da Guiné é importante, porque por aí passa a produção petrolifera da Nigéria (1º produtor) e de Angola (3º produtor) e também o petróleo do Congo e do Gabão.
Nós temos muito pouco que ver com o que ali se passa, para além de, termos pelo menos capacidade para enviar um navio desarmado para proteger algum navio que possa ser atacado.
As águas do golfo da guiné não são assim tão próximas. A distância entre Lisboa e São Tomé, é praticamente a mesma que entre Lisboa e o Yemen.
Ainda ontem o Rogeiro lembrou no programa da SIC, que os países africanos de lingua portuguesa têm todos - desde a independência - acordos militares com os russos, excepto Cabo Verde.
Lembrou ainda que, se não os tiverem, na prática ficam sem forças armadas, porque mesmo exércitos pequenos dependem dos russos para peças, manutenção de viaturas ligeiras e munições.
Não podemos cair na armadilha dos comentários da comunicação social, com notícias bombásticas feitas por jornalistas juvenis, que na maior parte dos casos não sabem o que estão a dizer. Também não devemos dar crédito imediatoàs redações ávidas de notícias que sejam muito vistas e objeto de muitos clicks.
A somar a isto, temos um presidente que - porque não consegue ficar calado - acaba a meter mais lenha na fogueira.
Nem excluo que, o presidente não esteja a receber todos os relatórios da segurança interna e do ministério dos negócios estrangeiros, ou mesmo a sumula que os serviços do estado-maior produzem para ele.
Espero que alguém tenha tido o discernimento suficiente, para evitar que o Marcelo veja o que não deve ver.
Eventualmente quando disse que não sabia do acordo com os russos, e disse que gostava de ser informado, estaria a falar nisso.
(whishfull thinking) O primeiro-ministro de São Tomé, do clã Trovoada, é um maçom, por isso há outros vetores por onde a informação passa.