Meu caro,
desde quando "aqueles (muitos, maioria) que não têm capacidade de perceber o engodo vêem moldadas as suas opiniões por aquilo que "comem" e não pelo que pensam" é rotular alguém?
Não será antes o constatar de uma triste realidade que hoje nos assola que, a par com o comodismo, nos limita a capacidade crítica? Limitamo-nos a seguir os outros, muitas vezes sem pensarmos por nós próprios.
Classificar alguém como extremista, estúpido, ignorante, ingénuo, pró isto ou aquilo, isso sim é rotular, principalmente quando utilizado de forma depreciativa.
E pedir para que não o façam não é vitimização, mas sim a tentativa de que o debate de ideias se faça de forma educada e civilizada.
De facto não é rotular, é apenas chamar de estúpido e sem capacidade crítica…
Como se a sua posição não fosse um copy-paste de “n” militantes do PCP ou BE em Portugal, da AfD na Alemanha, da Le Pen na França, etc. Deve ser devido à sua capacidade intelectual acima da média.
Eu pessoalmente não sou nem tenho de ser pró-russo ou americano.
Claro que não! Só não tem noção das implicações das suas ideias na ordem internacional.
Sou português e europeu, e vejo este assunto por essas perspectivas.
Sendo português o que é que acha que a utilização de força para alterar fonteiras ou limitar a soberania dum povo traz de vantagem a Portugal?
Sendo europeu, e sendo a UE uma instituição legalista com distribuição de poderes teoricamente iguais pelos seus membros, por que razão acha que o rasgar de tratados e a imposição da vontade duma potência sobre outro país é vantajoso para a UE e para Portugal em particular?
Sendo também europeu, em que medida é que abdicar duma aliança militar com direitos garantidos por tratado, para entrar numa possível cooperação com um regime autoritário com reinvindicações territoriais com alguns dos seus membros (uma vez que acha que pode interferir onde quer que existam falantes da língua russa) e que exige uma esfera de influência que absorve uma boa parte dos membros da EU traz mais-valias à Europa?
E no meu entender, volto a repetir, Portugal e a Europa têm muito mais a perder do que a ganhar se forem arrastados para um conflito desta natureza. Mesmo que se fique pelas sanções ou afastamento da Europa em relação à Rússia.
Toda a gente tem algo a perder com as acções da Rússia. Quem acha que a Rússia considera os países da UE como iguais então deve olhar para a forma como a Rússia lida com altos representantes da EU e presidentes de países europeus. A Rússia só lida de igual para igual com países que tenham poder militar.
https://www.dailymotion.com/video/x55et21Já quanto à presença russa junto às fronteiras, estão a fazer o seu jogo de pressão que era perfeitamente espectável a partir do momento em que assumem que não aceitam a entrada da Ucrânia na NATO. O contrário é que seria uma surpresa.
Expectável era. Mas é uma quebra de vários tratados dos quais a Rússia faz parte. O que não é expectável e que não é do nosso interesse como portugueses e europeus, seria fingir de mortos e permitir que a Rússia invada um país sem qualquer consequência e sem que lhe dificultemos a vida.
Se vão invadir? Não acredito, mas caso uma das partes não ceda a coisa já pode mudar de figura.
A Rússia já invadiu. A Europa e os EUA andaram a fingir que nada aconteceu.
Na realidade, para além de bloquear a Ucrânia e dar um sinal claro a outros potenciais interessados em integrar a NATO, perderão muito com a invasão, quer pelo custo da própria guerra quer pelo afastamento da Europa.
A probabilidade é que uma invasão da Ucrânia leve a um pedido de entrada na NATO da Finlândia e da Suécia, mas vossa mercê é no alto da sua intelectualidade não comida é que é a autoridade aqui.
Esta guerra não interessa a ninguém. Espero...
Quem tem de ceder? Por mim e logo de entrada a Ucrânia tem de desistir da entrada na NATO, por razões óbvias.
A Ucrânia não vai desistir de procurar a segurança de uma aliança quando tem uma guerra no seu território e a Rússia a negar o seu direito à independência.
A NATO até pode não ter intenções de deixar a Ucrânia entrar na aliança, mas ceder a chantagem sob ameaça de guerra é um erro colossal. Porque as exigências russas não se limitam à Ucrânia (mesmo que sejam só um pretexto), mas também afectam membros da NATO. Assim que tiver a Ucrânia sob controlo a Rússia vai empurrar até onde puder.
Isso também retiraria margem de manobra a Putin porque perderia o principal argumento. Caso realmente o objectivo fosse invadir.
Putin nega a existência da Ucrânia enquanto estado soberano e independente. Reclama que são o mesmo povo, que a Ucrânia é uma construção soviética e portanto não faz sentido existir. O objectivo não é invadir. Invadir é só o único meio que lhe resta para atingir o objectivo que é a anexação da Ucrânia e da Bielorrússia. A Bielorrússia já está sob controlo russo sem disparar um tiro. A Ucrânia é que é um osso duro de roer.
Mantenho a minha posição de que todo o apoio que seja fornecido a um país em guerra, seja armamento, pessoal treino, informação... é tomar parte por esse país contra o adversário.
Não vejo aí qualquer problema. A Rússia desde sempre que forneceu armamento a adversários da NATO e da UE. Está na hora de retribuir o favor.
A partir daí, não entendo os fornecimentos recentes e apressados seja do que seja, para atacar ou defender.
Se não entende, mais vale abster-se de comentar o assunto, diria eu…
Mas sendo a destruição da ordem de segurança europeia contrária aos interesses da UE e da NATO, aumentar os custos a quem o tenta é simples aritmética.
Neutralidade e diplomacia é o que se exige.
Olhe que os países neutrais em redor da Rússia são capazes de não concordar consigo. A Ucrânia era neutral por obrigação da sua constituição aquando da invasão da Rússia. A Finlândia e a Suécia estão em estado de prontidão e alerta, e prontos para aceder à NATO em caso de conflicto.