Quase plagiando.

Mas como disse, um fórum precisa desta discussão, é como o SeeLöwe.
Ao analisar a guerra no deserto durante a 2ª GM, vê-se um padrão bastante forte: Um dos lados avança, esticando as linhas de abastecimento, e acaba por ser derrotado e forçado a recuar até junto das suas fontes de abastecimento. Nessa altura, o adversário em perseguição fica com as linhas de abastecimento demasiado compridas, e acaba por ser derrotado por sua vez.
Rommel, e muitos outros, insistem em que a maior parte da culpa da derrota final das forças do Eixo é dos italianos. Porque eram maus soldados, porque não transportavam suficientes materiais...
Uma análise rápida: As forças que Rommel tinha à sua disposição precisavam de umas 60.000 toneladas de abastecimentos por mês. Para as receber, tinham o porto de Tripoli, com capacidade para 45.000 t/mês. Como a frente de batalha estava a uns 500km do porto no começo, os abastecimentos recebidos tinham que ser levados de camião às tropas. Uma situação difícil.
Então Rommel ataca. Com uma série de exitos tácticos, força os ingleses a voltar ao Egipto. E toma Bengazi, acrescentando 27.000 t/mês de capacidade portuária à disponível, a 500 Km das suas forças. Mas também acrescenta 1.100 Km de deserto à distância que o separa de Tripoli. Para se abastecer a partir dos portos, precisa de 4.500 camiões para Bengazi e mais 25.000 para Tripoli. Nessa altura tem 7.000 camiões italianos, mais 6.000 alemães. Comparativamente, a Alemanha usou 30.000 camiões para transporte de abastecimentos em toda a frente soviética.
Com menos de metade dos camiões necessários, todo esse material, descarregado nos portos até à sua capacidade máxima, acumulava-se sem uso. Entretanto, as tropas lideradas por Rommel até bem longe das suas bases de abastecimento têm falta de equipamento.
Acaba por ser forçado a recuar até perto de Tripoli, onde a logística se recompõe. Pede mais camiões, que lhe são negados com o aviso que se voltar a atacar vai-lhe acontecer o mesmo. Rommel ignora a advertência, e ataca, colocando-se numa posição semelhante à anterior. No entanto, tendo capturado Bengazi rapidamente, conseguiu capturar os abastecimentos inimigos, e pode atacar outra vez. Desta vez consegue tomar Tobruk, e com mais material capturado, continua a avançar. Está a 1.300 Km de Bengazi, e a 2.100 de Tripoli... E desembarcar material em Tobruk é demasiado perigoso, é "o cemitério da Reggia Marina". Seria aconselhável que Rommel se retirasse, por isso... ataca Alam Haifa. Não consegue nada, desperdiça combustível e munições, e ainda por cima Hitler decide dizer-lhe que não se retire. Porquê? Porque, apesar da opinião que se possa ter sobre Hitler, nesse momento retirar significa abandonar mais de metade das forças, porque não há combustível para retirar tudo. Assim... El Alamein.
E depois de El Alamein, Rommel retira o que pode. Enquanto foge a toda a velocidade, Montgomery persegue-o com 3 divisões. Porque não levou as 15 do VIII exército? Porque às outras roubou-lhes o transporte orgânico para conseguir abastecer o avanço. É assim que consegue avançar os mais de 2.000 Km até Tripoli em apenas 90 dias desalojando o inimigo perseguido de todas as posições defensivas que tentou tomar, um dos avanços sustentados mais rápidos da história.